‘Pacientes têm morrido por falta de condições básicas em hospitais de urgência’, denuncia Conselho de Medicina do Amazonas

Essas pessoas em cadeiras estão internadas, e ficam sentadas por falta de leitos. O outro é o quadro de espera de cirurgias por falta de material e salas para operar.

“Pacientes têm morrido por falta de condições básicas. Não se pode admitir falta de materiais em hospitais de urgência. Na semana passada, um paciente morreu após chegar em um hospital e não tinha material necessário para atendê-lo. Estamos no limite de tolerância da saúde”, disse José Bernardes Sobrinho, presidente Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam) na quinta-feira (29).

Essa realidade e mais uma série de irregularidades no serviço público de saúde deve ser denunciada pelo Cremam ao Ministério Público (MPE-AM). Problemas como falta de materiais e precariedade de leitos foram levantados pelo Conselho e apresentados mostrando o levantamento feito de acordo com a portaria 1.820 de 13 de agosto de 2009, do Ministério da Saúde.

Segundo o presidente, as fiscalizações foram feitas pelo Conselho nas unidades de saúde e várias irregularidades foram constatadas. Entre elas, falta de equipamentos, como vestimenta para procedimentos cirúrgicos, falta de materiais para procedimentos médicos, além de leitos para pacientes e medicamentos.

Há ainda a falta de leitos para pacientes, de acordo com a fiscalização. Em casos comentados pelo presidente, as pessoas que deveriam estar acomodadas, ficam em cadeiras e poltronas das unidades.

“As condições atuais são muito precárias. Não há camas para todos. Alguns nem colchão tem. Há situações que os médicos atendem os pacientes nas macas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Com isto, as ambulâncias ficam presas nos hospitais e atrapalha até o atendimento de outras pessoas”, ressaltou.

Entre outras irregularidades está a falta de materiais básicos como algodão, luvas e falta de salas para os médicos atuarem. “As vezes pedimos oito salas cirúrgicas para atuar e recebemos apenas uma ou duas. Tudo isso aumenta o número de pacientes e pode até agravar o estado de saúde devido a uma demora no atendimento”, relatou o presidente.

De acordo com Sobrinho, um relatório com esses levantamentos deve ser encaminhado ao Ministério Público (MPE-AM) na próxima semana. O relatório também deve ser enviado para a Secretaria Estadual de Saúde (Susam), para que melhorias sejam feitas.

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Nota Susam

A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informou por meio de nota que a atual gestão da pasta assumiu em outubro de 2017, e que recebeu as unidades da capital e do interior com sérios problemas e em meio a investigações pela Operação Maus Caminhos, deflagrada pela Polícia Federal.

Em um único ano (2017), três governadores e quatro secretários de saúde passaram pelos respectivos cargos no Estado. A Susam disse que, no entando, “vem trabalhando para resolver todas as situações encontradas e muitos avanços já foram conquistados”.

A Susam informou ainda que o Governo do Estado está investindo R$ 65 milhões em obras na saúde, que estão em andamento ou em planejamento para 2018. O pacote inclui conclusão das obras que estavam paradas na capital e interior e que foram retomadas por esta administração, além de reparos e manutenção predial corretiva e de equipamentos em geral , bem como reformas e adequações em unidades da capital.

 

Presidente de Univasc?

A Susam afirmou ainda que o presidente do Cremam, José Bernardes Sobrinho, é presidente da empresa médica Univasc, terceirizada que presta serviços ao Governo do Amazonas. Segundo a secretaria, José Bernardes “acompanhou a degradação que ocorreu no setor nos últimos anos e sabe como o órgão foi recebido por esta administração”, consta na nota.

O Conselho de Medicina informou que o presidente da entidade, José Bernardes Sobrinho não é presidente da empresa Univasc e nem membro da diretoria. Ele é sócio, assim como todos que fazem parte são sócios. O médico deve se pronunciar sobre a afirmativa da Susam na próxima semana.
Ademais, o contrato é público, com conhecimento e controle do TCE, sendo o pagamento a contrapartida pelo serviço prestado. Trabalhar e ser pago por isso, não é nenhum crime.

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