EXCLUSIVO: Robério afirma que é amigo, cabo eleitoral e advogado de Amazonino. Ele mostrará a SEC para sucessor em seminário

Denilson Novo, o sucessor, vai conhecer a SEC num seminário

Robério Braga sai dizendo que está à disposição de Amazonino

O secretário estadual de Cultura desde 1997, Robério Braga, que comemorou 20 anos à frente da pasta em janeiro, começou a deixar o cargo a partir do momento em que o governador eleito, Amazonino Mendes, anunciou hoje (02/10) que Denilson Novo vai substituí-lo. Sim porque ele pretende fazer uma transição em grande estilo de prédios, corpos fixos, corpos móveis e toda a parafernália que juntou em torno da pasta. É tanta coisa que ele, experiente e sabedor de que estava prestes a sair, preparou previamente um seminário de apresentação da SEC ao sucessor.

Autor de iniciativas como a importação de músicos do Leste Europeu, de países onde a formação clássica atinge o mais alto nível, como Bulgária, Rússia e Ucrânia, ele não teme que o investimento na formação clássica de músicos, liceus e técnicos seja prejudicada pela orientação popular que Amazonino anuncia para a pasta. Nesta entrevista exclusiva, Robério fala com detalhes sobre a saída da secretaria que ocupou por 20 anos.

 

Portal do Marcos Santos – Houve alguma negociação anterior para sua saída da Secretaria Estadual de Cultura (SEC)?

Robério Braga – Não. Pessoalmente não. Mas no curso da campanha, eu e ele (Amazonino), conversamos sobre esse cenário, essa necessidade de mudança.

 

pms.am – Falaram sobre uma possível mudança?

Robério – sim.

 

pms.am – Já estava mais ou menos pacificada a saída?

Robério – É um processo natural, né Marcos, concordas? Vinte anos, um trabalho gigantesco, chega um momento que precisa ter reorientação. É um ciclo. Começou com ele (foi Amazonino que nomeou Robério pela primeira vez) e terminou com ele.

 

pms.am – Qual seria a ação pela qual você gostaria de ser lembrado?

Robério – Não sei nem se mereço ser lembrado. Não sei. Nunca realizei nada pensando em ser lembrado. O que posso dizer é que tem coisas marcantes. Vou fazer uma entrevista coletiva e prestar contas à sociedade de tudo que fiz. Farei isso. Não podia fazer antes de o governador anunciar meu sucessor. Tenho um seminário pronto de apresentação da SEC à nova equipe e vou organizar uma transição especial. Porque a SEC é uma estrutura grande, com muitos projetos, equipamentos, prédios, bens e isso precisa ser transferido de maneira metódica, técnica. De manhã tive reunião longa com minha equipe e tenho outra marcada para amanhã (03/10). Está tudo pronto, elaborado. Faltava só o governador informar quem seria o sucessor. E esse seminário quero fazer com imprensa, artistas, quem quiser assistir. A imprensa recebeu um relatório de 20 anos – você deve ter recebido (recebi) -, mas a equipe precisa saber o que existe. Não será uma transferência pura e simples, mas estou à disposição, a partir do anúncio do governador. Eu estava na diplomação, como amigo, eleitor, cabo eleitoral e muitas vezes advogado eleitoral do Amazonino.

 

pms.am – É verdade que quando ele anunciou o nome do secretário de Cultura você levantou e saiu?

Robério – Não. Fiquei até o fim da solenidade. Só saí quando foram bater as fotos. É que estou gripado e saí para fazer inalação. Dei até entrevista.

 

pms.am – O que você acha do Denilson Novo, seu sucessor?

Robério – Não conheço, a não ser de vista. Estou sendo informado que é artista, músico e é importante ser uma pessoa da área, com sensibilidade, mas não posso tecer comentário porque não conheço. A pessoa que conheço e em quem confio chama-se Amazonino Mendes e sei que ele saberia escolher. São quatro vezes governador, senador, prefeito três vezes, 77 anos… Tem que saber escolher. Ele declarou a orientação que quer dar ao setor, a popularização, mais coisas nos bairros e eu até tentei fazer isso, mas não devo ter conseguido atingir a dimensão necessária. Às vezes a gente pensa que está fazendo e não está fazendo o que deve.

 

pms.am – O que você fará agora?

Robério – Vou continuar morando, usufruindo, acompanhando e contribuindo no que puder com meu Estado, sem problema. Não é o primeiro cargo público de que saio. Entrei e saí de tantos cargos e ainda poderei entrar e sair de tantos outros. Tenho idade para isso. Desde 1975, aos 24 anos, quando fui chefe de gabinete do prefeito de Manaus, Ruy Adriano, e depois Jorge Teixeira, como secretário extraordinário do PDLI, venho exercendo cargos públicos.

 

pms.am – Qual será o futuro de realizações suas como a Orquestra Filarmônica do Amazonas, que trouxe músicos da Europa, principalmente do Leste Europeu, criando a base para formação de músicos locais?

Robério – A política do Amazonino, Eduardo, Omar, Melo, cada um com seu viés e sua visão, é uma política de Estado e não de secretário. Amazonino fez orquestra, Liceu, o Cláudio Santoro, balé, ópera. Eduardo Jovem Cidadão, festivais de cinema e jazz. Omar fez curso de Arqueologia na universidade, cinema, teatro, o liceu de Parintins… É uma sequência, um processo. Agora haverá nova orientação, mas o processo não tem razões para sofrer descontinuidade. Novo governador e novo secretário, tudo bem, mas as coisas vão continuar.

 

pms.am – Agora é fazer a transição?

Robério – Me dedico à transição. Aguardo o contato do novo colega secretário e da equipe dele, para fazer o seminário, aberto à imprensa, artistas e população em geral. E volto ao escritório de advocacia, ao trabalho como professor universitário e procurador da UEA. Continuo à disposição do meu amigo Amazonino. O que mais me chama atenção é uma revisão das vitórias, dos êxitos, a formação de uma equipe técnica, profissional, que eu tenho muito orgulho de ter constituído. É um profissionalismo que cada um foi construindo. É uma equipe altamente qualificada. O retrovisor é de alegria e o presente é de consciência do dever cumprido.

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