Alunos de Direito em Ciências Criminais da UEA ampliam documentário sobre massacre no Compaj. Veja o vídeo

A maior chacina em série, que terminou com 56 detentos presos e colocou o Amazonas na lista de maiores massacres em presídios do Brasil, é tema de documentário local, que terá versão ampliada. Foto: Reprodução

A maior chacina em série, que terminou com a morte e tortura de 56 detentos no dia 1º de janeiro deste ano, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, virou um documentário de 15 minutos, que já está em exibição no YouTube. Nos próximos 15 dias o curta terá uma nova versão, ampliada.

Chamado de “Massacre no Compaj: o caos no sistema penitenciário amazonense”, o curta-metragem foi produzido por alunos de Direito da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), do Núcleo de Ciências Criminais (NCC), em parceria com Baze Projetos e AudioVisual.

Segundo o produtor Abrahim Baze Jr., a primeira versão levou 15 dias de produção e 7 de edição, sem contar o tempo de pesquisa do grupo universitário. “Agora estamos incluindo duas entrevistas que não puderam ser realizadas a tempo da primeira exibição. Serão mais quatro minutos, e em 15 dias devemos ter essa nova versão, mas vamos manter a primeira no ar”, fala Baze.

Além de estar disponível no YouTube (Massacre no Compaj), o grupo procura parcerias para exibições públicas do curta. A direção geral é da professora Alice Sobral, com direção de fotografia e edição de Caio Di Biasi.

O documentário, que você pode assistir aqui, apresenta um rápido panorama do sistema carcerário do Amazonas, que hoje está com mais de 80% da capacidade excedida. Segundo pesquisa dos produtores, o sistema comportaria 2.865 presos, mas tem um excesso de mais 2.533, totalizando 5.398 detentos. No interior, a lotação de cadeias supera os 380%.

Na apresentação do curta, os estudantes acreditam que o grande número de presos, associado à guerra entre facções criminosas comandadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e Família do Norte (FDN), além da ausência do poder firme do Estado, contribuíram para transformar o Compaj num cenário de terror, recebendo o título de ter sido a maior chacina ocorrida no Estado em todos os tempos, durante uma rebelião que durou mais de 17 horas.

A barbaridade das mortes registradas em imagens que chegaram a circular nas redes sociais tem rápida abordagem no documentário, que foca no relato de envolvidos no episódio e no depoimento de familiares de mortos.

Um dos entrevistados para o filme, o major da Polícia Militar Paulo Emílio, da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), diz que quando entraram no presídio, chegando ao ponto crítico do evento, a polícia passou 12 horas ininterruptas negociando para o término da crise. “Quando chegamos numa área de 4 metros quadrados, os quatro presos com os quais se negociava, estavam irredutíveis, agitados. No local havia um cadáver destroçado, uma perna, um braço e uma cabeça separados do corpo, além de muito sangue”. Nesse cenário, a negociação seguiu, mas uma facção já havia exterminado a outra, no caso a FDN contra o PCC.

Outro depoimento do curta é do diretor do Departamento de Perícia Técnica Criminal (DPTC), Jefferson Mendes, que fala sobre a preocupação e o cuidado, científico, de se realizar o que chama de montagem de corpos, entre os que foram decapitados e tiveram partes tiradas do tronco, como pernas e braços.

“Tínhamos corpos carbonizados, degolados, carbonizados e degolados e outros perfurados. Para não ocorrer troca de membros, fizemos primeiro o trabalho de montagem. Com 100% podemos afirmar que o departamento entregou todos os corpos inteiros para seus familiares, sem dúvida ou incerteza”, explica Mendes.

História

A rebelião no Compaj grifou o nome do Amazonas negativamente na história do sistema prisional brasileiro. Com o total de mortos em 56, a chacina é a segundo maior massacre da história dos presídios brasileiros, em números totais, comparando com o massacre do Carandiru.

Mas no Carandiru não foram somente presos responsáveis pelas mortes, como no Compaj. A polícia também teve grande atuação ao invadir a cadeia, onde foram mortos 111 detentos. Pelas mortes, 73 policiais foram condenados a penas que variam de 48 a 624 anos. No entanto, em setembro do ano passado, os julgamentos foram anulados porque, no entendimento da 4ª Câmara Criminal do Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça de São Paulo, não havia elementos para mostrar quais foram os crimes cometidos por cada um dos agentes. Um novo julgamento será realizado.

Documentário já está disponível no YouTube

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