Não sou política e não tenho a política na melhor classificação de trabalho, escolha de carreira ou modo de vida. No entanto, tenho na política, uma boa maneira de exercitar os preceitos da ética, princípios de valor, caráter e comportamento de quem faz dessa área sua trajetória. Tenho também na política uma oportunidade de conhecer melhor as pessoas e seus mais profundos anseios de humildade, honestidade e ambição, isso sem falar na fogueira das vaidades.
Sempre me impressiona nesse segmento, a luta, a batalha, até mesmo a guerra para participarem de uma campanha eleitoral e de se tornarem candidatos, sejam majoritários ou minoritáros, por assim dizer, aqueles que não são cargos de governantes. Os esforços, as alianças, as estratégias, as parcerias, os acordos que são firmados, são verdadeiras aulas práticas de gestão e de negociação. Um grande leilão de toma lá, dá cá, para que os apoios, os votos, os recursos e as estruturas garantam um bom resultado, que nesse caso significa vitória alcançada.
Também me impressiona muito mais, a forma como isso parece se tornar um grande sacríficio, segundo os próprios candidatos, e parece também se tornar uma grande renúncia em nome da representatividade e da doação. Os candidatos transmitem a imagem de que serão os salvadores da Pátria e que, por isso e prá isso, vale todo o sacrifício familiar, pessoal, profissional e outros que são debitados nessa conta-corrente e que serão cobrados mais tarde, caso o pleito seja vencedor. Nunca entendi esse tipo de sacríficio. É muito pragmático.
Outra situação impressionante é que, no período eleitoral, nada anterior presta, nenhum programa, nenhuma ação, nenhum projeto em andamento é bom, apesar dos números grandiosos investidos, da equipe envolvida, do objetivo atingido e dos resultados alcançados e, nesse discurso, não se exclue nenhuma área de atuação, seja em que esfera a sucessão vai ocorrer. Nada presta, tudo precisa ser refeito, ser reprogramado, ser reiniciado e, às vezes, pelos próprios candidatos que já exerceram aquele cargo em outra oportunidade. É tudo muito sintomático e dramático.
Quando digo que é um exercício de avaliação de modelos, de perfil de profissionais políticos ou de políticos profissionais, é que temos a oportunidade de analisarmos discurso e prática. O discurso são as palavras de intenção, que ocorre na fase pré-eleição, que se traduz numa plataforma, que, em tese, é do trabalho a ser realizado. A prática é realização de todas as intenções transformadas em ações e demonstradas na efetivação do conteúdo exposto no discurso. É tudo muito trágico.
Isso é o que devia ser. Isso é o que deveria ser. No entanto a realidade é outra. A realidade é tão cruel, quanto cruel é saber que o único poder que o cidadão tem para mudar o panorama, que é o voto, às vezes é exercido sem o devido critério, ao eleger um Tiririca da vida…que nem é um ente e sim um personagem. Esse cenário traduz exatamente nós, como sociedade organizada, ao querermos exigir direito, justiça e soberania. Primeiro há de haver um minimo de dignidade e responsabilidade para saber quem vai representar nossos pleitos, interesses e necessidades. É comum chorar o leite depois de derramado. É incomum imputar no outro a culpa de nossas escolhas. É tudo muito nostálgico.
A política é a liberdade de se expressar e de ter uma opinião. Sua finalidade é manter a ordem pública, defesa do território nacional e o bem social da população. E talvez seja isso que a torna tão complexa e consequentemente, interessante. É tudo muito carismático.
Política é uma ciência e como tal é coisa séria, que não pode e não deve apenas ser lembrada em períodos de eleições ou por políticos de plantão. Nesse contexto, todos os indivíduos são passíveis de análise política e como ser político precisa exercer seu direito do jeito mais nobre e real para que possa, no final, sentir orgulho e honra de si mesmo. É tudo muito dogmático.
Avalie bem, pense bem, analise bem, compare bem, entenda bem… Não vale reclamar depois.
Por Marcos Santos
Ozeneide Casanova
Ozeneide Casanova Nogueira é advogada e assistente social, com MBA em Gestão de Pessoas (FGV-ISA...
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