Morcegos atacam, comunitário morre e dois estão no hospital. Foram mais de 300 mordidas em 80 pessoas

Reserva do Rio Unini tem incidência de ataques de morcegos a populares e há suspeita de surto na região. Susam mobilizou equipe para realizar vacinação e profilaxia dos casos suspeitos. Há uma morte confirmada e dois internados. Foto: Divulgação

Morcegos estão atacando moradores da Reserva Extrativista (Resex) Rio Unini, entre os Municípios de Barcelos e Novo Airão.

A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), órgãos vinculados à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), estão investigando três casos de pacientes, inicialmente diagnosticados com encefalite – inflamação e infecção agudas no cérebro causadas por vírus ou bactéria.

Uma morte e dois internados

Os pacientes são oriundos da comunidade de Tapira, no rio Unini, em Barcelos (distante 401 quilômetros de Manaus). Um deles, Lucas Castro, 17, faleceu na quinta-feira (16/11), no Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto. Ele chegou ao hospital em estado grave na quarta-feira (15/11).

Uma criança de 10 anos, do sexo feminino, irmã do paciente que faleceu, e um homem de 44 anos, da mesma comunidade, também estão internados na Fundação de Medicina Tropical desde ontem. A FMT-HVD realizou a necropsia do corpo do paciente que foi a óbito e aguarda os resultados.

Incidência

Como na região onde surgiram os casos é muito comum a incidência de mordidas de morcegos, uma equipe de vigilância ambiental da FVS-AM está indo neste domingo (19/11) à comunidade para apoiar a equipe da Secretaria Municipal de Saúde de Barcelos. A ideia é reforçar medidas de prevenção e controle contra à raiva humana de origem animal.

Moradores da reserva estão com medo de um surto, em razão do número de pessoas mordidas e infectadas. Há suspeita de que a morte tenha ocorrido por raiva humana.

A Resex Rio Unini tem 280 famílias, com cerca de 700 pessoas. Dessas, os 80 habitantes da comunidade Tapira foram mordidos por morcegos mais de 300 vezes. Há outros doentes na comunidade, diz uma fonte do portal.

Pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ibama já enviaram alertas para as autoridades de saúde de Barcelos, desde o início do ano. Eles estão preocupados com os casos de pessoas mordidas, algumas, inclusive, mais de 15 vezes.

Vacinação

O trabalho da Susam/ FVS será focado na investigação, busca ativa de novos casos, profilaxia com vacinação e soro para quem foi agredido por morcego.

Além disso, vacinação de cães e gatos, captura e controle dos morcegos hematófagos e de animais domésticos suspeitos, coleta de amostras e ações de educação em saúde. A FVS-AM também notificou o Ministério da Saúde sobre os casos.

Foram disponibilizadas para o município cerca de 750 doses de soroterápicos, incluindo 250 vacinas antirrábicas humanas, 250 vacinas antirrábicas caninas e 250 soros antirrábicos, além de 100 mosquiteiros impregnados e 200 frascos de repelentes.

Investigação

Em Manaus, a equipe do Centro de Informações Estratégicas de Saúde (CIEVS/FVS-AM), Vigilância Epidemiológica (FVS-AM), Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE/FMT-HVD) e Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN/FVS-AM) estão prosseguindo com a investigação dos casos.

A FVS-AM informou que em setembro de 2016 uma equipe de controle de zoonoses da fundação realizou atividades na calha do rio Unini, incluindo a comunidade de Tapira.

Foram coletados morcegos, na ocasião, sem positividade para o vírus da raiva. Foi realizado tratamento, por meio de pasta vampiricida, para o controle da população de quirópteros hematófagos (Desmodus rotundus), além de ações de orientação aos moradores e medidas educativas.

A Resex

A Resex Unini integra o Parque Nacional do Jaú e seu entorno. Em 2006, o governo federal reconheceu o direito das famílias e criou a reserva com mais de 800 mil hectares. Atualmente, as comunidades, as Ongs e o ICMBio buscam formas de conciliar a gestão e a conservação da área.

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3 comentários

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  1. Marco disse:

    Preocupante

  2. João Carlos Moller Machado disse:

    Muito estranho, o Desmodus Rotundus precisa de tempo para fixar os caninos atravessando a pele, injetando anti-coagulante para só então se alimentar do sangue da vitima. Normalmente o homem reage e não dá esse tempo ao morcego que por isto mesmo prefere animais como bovinos. Depois de um ataque fica escorrendo um filete de sangue por um bom tempo até que o anticoagulante seja neutralizado pelas plaquetas. Como Médico Veterinário estou surpreso com esta informação.

  3. Atualmente o maior transmissor da raiva ao homem é o morcego de qualquer espécie. Diante disso precisamos ficar atentos. Cuidado com os morcegos!