
Agam: o alpinista voluntário considerado ‘herói’ no resgate de Juliana na Indonésia
“Herói”, “guerreiro”, “homem de luz”. Foi com esses termos que milhares de brasileiros homenagearam o alpinista indonésio Agam, responsável pelo resgate do corpo da brasileira Juliana Marins, que morreu após cair em um vulcão durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. Mesmo sem receber nada em troca, ele arriscou a própria vida, desceu por uma encosta perigosa e passou a madrugada com o corpo da jovem, garantindo que ela não fosse levada ainda mais para o fundo do desfiladeiro.
Dedicação
A dedicação do guia local ganhou as redes sociais. Até a manhã desta quinta-feira (26/6), Agam somava mais de 1,2 milhões de seguidores no Instagram. Confira o perfil do alpinista.
Durante uma transmissão ao vivo, ele recebeu uma enxurrada de mensagens carinhosas — muitas pedindo uma forma de ajudá-lo financeiramente. Inicialmente resistente, o alpinista cedeu e informou que, caso receba doações, vai dividir o valor com os colegas do resgate e investir no reflorestamento das montanhas que frequenta.
“Na hora que eu desço, eu sei que pode não ter mais volta. Se chovesse mais um pouco, eu e os outros sete voluntários poderíamos ter morrido todos juntos”, relatou Agam por meio de uma tradutora.
Agradecimento
“Ele agradeceu de coração todos vocês e pediu desculpas por não ter conseguido trazer a Juliana de volta e que fez o melhor que ele podia. Infelizmente, os resgates do Rinjani são os mais difíceis. Ele pediu desculpa e disse que foi o máximo que conseguiu fazer”, ela completou.
A família da niteroiense publicou uma nota de agradecimento especial aos voluntários. “Foi graças à dedicação e à experiência de vocês que a equipe pôde chegar até ela e nos permitir, ao menos, esse momento de despedida. Embora o desfecho já estivesse além do nosso alcance, levamos no coração a sensação de que, se vocês tivessem conseguido chegar antes, talvez o destino pudesse ter sido outro”, afirmou.
Resgate
Segundo Agam, ele chegou ao local onde estava o corpo de Juliana ao anoitecer e, com o risco de novos deslizamentos, decidiu permanecer com ela durante toda a madrugada. A região era íngreme e escura, e os socorristas usaram âncoras para evitar cair mais 300 metros. “Estava muito frio. Dormimos à beira do penhasco de 590 metros para que ela não escorregasse mais”, afirmou através do Instagram.
A operação total de içamento e transporte do corpo até o hospital durou cerca de 15 horas. Durante todo o processo, o alpinista postou vídeos mostrando a precariedade do acampamento improvisado: barracas, lanternas, capacetes, cordas e mantimentos básicos. Além disso, dava para perceber como a visibilidade estava ruim no local.
Entenda a tragédia
A publicitária brasileira Juliana Marins, 26 anos, estava em um mochilão pela Ásia desde fevereiro e já havia passado por países como Vietnã, Tailândia e Filipinas. Durante o segundo dia de uma trilha ao vulcão no Monte Rinjani, na Indonésia, ela caiu de aproximadamente 300m em uma área de difícil acesso.
Após aguardar quase cinco dias por socorro, a jovem foi encontrada sem vida em precipício do vulcão na terça-feira (24/6).
A família de Juliana afirma que irá buscar justiça, devido a grande negligência por parte da equipe de resgate e por considerarem que houve omissão do guia que a deixou para trás.
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