
Futuro já pisa na arena: emoção e tradição marcam disputa dos bois mirins no Festival Folclórico de Parintins. Fotos: Arleison Cruz
Neste domingo, 15/6, o anfiteatro Silas Marçal, em Parintins, foi palco de um espetáculo inesquecível que emocionou o público presente e reacendeu a certeza de que o futuro da cultura parintinense está bem encaminhado. A tradicional disputa dos bois-bumbás mirins, dentro da programação do 58º Festival Folclórico de Parintins, reuniu famílias, brincantes e admiradores da festa para celebrar a arte que nasce desde cedo nos corações das crianças.
Com o tempo de 60 minutos para cada apresentação, os bois Estrelinha, Tupi e Mineirinho encantaram com temas que fizeram as pessoas se emocionarem. O Boi-Bumbá Mirim Estrelinha abriu a noite de com tema “O Verde do Amor e da Paixão”, trazendo à arena a poesia das florestas e encantamento das cores.
Em seguida, o Boi Tupi apresentou o “Espetáculo Folclore e Tradição”, mergulhando nas raízes culturais do bairro do Itaúna como a performance vibrante e cheia de memória afetiva. Encerrando a noite, o Boi Mineirinho emocionou com “Fé, Crenças e Saberes”, exaltando as espiritualidades que moldam a vida das comunidades amazônicas.
Competição
Para além da competição, o que se viu foi uma grande celebração da infância, da identidade e da coletividade. Foi o que sentiu Diego Bernardes, diretor artístico da escola de samba Gaviões da Fiel, de São Paulo, que pela primeira vez assistiu ao Festival Mirim.
“É muito lindo, me emocionei. Ver as crianças tão empenhadas, fazendo com tanto carinho… Eu fiquei filmando e mandando pra São Paulo. Já venho ao festival há oito anos, faço parte da equipe de arena do Caprichoso, mas é a primeira vez que assisto ao mirim. É lindo ver que eles já estão no caminho. É emocionante, muito bonito mesmo.”
A presidente do boi Tupi, Suzyanny Evangelista, descreveu a apresentação como a realização de um sonho coletivo.
“Trabalhamos duro durante um ano pra chegarmos aqui. Ver as crianças do bairro do Itaúna brilhando, felizes mostrando sua cultura, é um sentimento de dever cumprido. A gente faz com muito amor, para tirá-los da ociosidade e mostrar que existe um espaço de pertencimento e alegria.”
Noites
Durante as duas primeiras noites do festival, 18 quadrilhas juninas já haviam aquecido o público com muito brilho, coreografia e tradição, pavimentando o clima festivo que culminou na noite dos bois mirins. A cada evolução na arena, sorrisos, lágrimas e aplausos mostravam que os pequenos artistas entendem, e sentem, o peso simbólico de representar seus bois, suas cores e seus bairros.
Wigder Frota, fotógrafo carioca, residente em Nova York, que há dez anos cobre o festival, destacou a importância dessa iniciativa para a formação cultural das novas gerações:
“É emocionante. Eu choro o tempo todo. Eles são o nosso futuro, é daqui que sairão os grandes nomes da arena do Caprichoso e do Garantido. Os bois mirins cresceram muito, a iluminação, a organização, tudo melhorando. Isso aqui salva vidas. Coloca as crianças dentro da cultura e tira da rua. Elas aprendem, estudam temas densos, se sentem acolhidas. É preciso manter e ampliar esse trabalho.”
Disputa
O que se viu no Sila Marçal foi mais que uma disputa. Foi um encontro de gerações, um respiro de esperança, uma prova viva de que a arte transforma. No compasso dos tambores, na voz dos apresentadores mirins e no brilho nos olhos de cada brincante, pulsa uma certeza: Parintins continuará sendo berço de arte e resistência cultural por muitas gerações.
Texto: Oliver Freire para Portal Marcos Santos
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