Campanha usa IA para recriar fotos de pessoas desaparecidas no Brasil

Campanha usa IA para recriar fotos de pessoas desaparecidas no Brasil

O projeto é uma parceria com o Movimento Mães da Sé, e combina sensibilização com o uso de tecnologia avançada. (Foto: Divulgação)

Em 2023, o Brasil registrou mais de 80 mil pessoas desaparecidas, um número alarmante que expõe o sofrimento de milhares de famílias que vivem sem respostas sobre o paradeiro de seus entes queridos. Para tentar amenizar essa angústia, uma iniciativa inovadora começou a se espalhar em outubro deste ano: a divulgação de pessoas desaparecidas em caixas de leite da marca Piracanjuba. O projeto é uma parceria com o Movimento Mães da Sé, e combina sensibilização com o uso de tecnologia avançada.

A campanha, chamada “Desaparecidos”, busca trazer à tona rostos que há anos estão em busca de um reencontro. No primeiro lote de produtos, 19 imagens de desaparecidos foram impressas, e há planos para inserir novos rostos em futuras remessas, priorizando casos de crianças que sumiram há mais de cinco anos. A ideia se inspira em uma prática americana dos anos 1980, mas desta vez conta com o suporte de inteligência artificial para atualizar os retratos.

O projeto conta com o perito Hidreley Diao, especialista em projeção de idade, que utiliza IA para modificar fotos antigas, recriando as possíveis aparências atuais dessas pessoas e inserindo-as em cenários comuns do dia a dia. A expectativa é que essas atualizações possam ajudar a reconhecer os desaparecidos, gerando novas pistas para as investigações.

“Esta é uma iniciativa que nos enche de esperança”, comenta Lisiane Campos, diretora de Marketing do Grupo Piracanjuba. Ela reforça que os produtos da marca estão presentes em momentos de união familiar, e a proposta é aproveitar essa presença para gerar empatia e visibilidade. “O desaparecimento de um membro da família é uma dor que afeta a todos. Com essa ação, queremos contribuir para a busca dessas pessoas”, afirma Campos. A campanha, segundo ela, é contínua e já está sendo planejada para 2024.

A fundadora e presidente do Movimento Mães da Sé, Ivanise Espiridião, conhece de perto a dor de não saber o destino de um ente querido. Em 1995, sua filha Fabiana, de apenas 13 anos, desapareceu a poucos metros de casa. Desde então, Ivanise transformou sua dor em motivação para ajudar outras famílias, fundando o Movimento Mães da Sé em 1996. Apesar de nunca ter encontrado a própria filha, ela mantém viva a esperança e segue dedicada a auxiliar milhares de outras mães, pais e amigos que compartilham do mesmo sofrimento.

O Brasil dispõe de legislação específica para o desaparecimento de crianças e adolescentes, sancionada em 2005. A lei n.º 11.259 garante que as investigações comecem de forma imediata, desmentindo a crença de que é necessário aguardar 24 horas para acionar as autoridades. O dispositivo também exige que alertas sejam emitidos para portos, aeroportos e empresas de transporte assim que a notificação é feita.

O projeto “Desaparecidos” reforça o poder da empatia e da tecnologia na busca por respostas. Com a parceria entre a Piracanjuba e o Movimento Mães da Sé, as famílias de desaparecidos renovam a esperança de um dia terem de volta aqueles que amam. Para Ivanise Espiridião e tantas outras mães, a divulgação é um sopro de vida na constante batalha contra o esquecimento.

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