
Travessia da Ceasa colapsa, como se vê nas fotos. Veja, na foto da direita, que a fila de carretas passa da ponte do KM-03, sobre o rio Capitari. Hoje (08/10) passou de sete quilômetros.
O anunciado caos, provocado pela vazante, está acontecendo. A travessia da Ceasa colapsa, isto é, para totalmente, devido à vazante recorde nos rios amazônicos. As carretas, que normalmente viajam em balsa pelo rio Madeira até Manaus, vindas de Porto Velho, ligado à Rede Rodoviária Nacional, agora vêm pela BR-319 (Manaus-Porto Velho).
Na Vila Gutierrez, no Careiro da Várzea, um caminhão, atravessado na rampa, impede o ir e vir das balsas. Um caminhoneiro, em protesto, afirma que há “só uma rampa para atravessar 3 mil veículos” por dia. Hoje (08/10), os moradores e taxistas estimam que a fila passou dos sete quilômetros. Veja vídeos e fotos, ao fim desta matéria.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) anunciou uma série de normas para a travessia. Privilegia perecíveis e outros materiais de primeira necessidade, e o transporte das carretas.
Há, no entanto, milhares de moradores de pelo menos 11 Municípios e centenas de vilas, que usam diariamente a BR-319 e a travessia Careiro-Ceasa-Careiro. Os Municípios mais afetados são Careiro da Várzea, Careiro Castanho, Autazes, Nova Olinda do Norte, Manaquiri, Borba, Lábrea, Manicoré, Humaitá, Manaquiri e Apuí. Sem contar a população ribeirinha, que sofre com a escassez de alimentos.
Os preços, nos supermercados de Manaus, sobem diariamente. Todo o Estado de Roraima, que faz divisa com o Amazonas, também fica isolado.
Confisco de portos
O advogado Jayme Pereira Jr., usuário da travessia, defende que o governo confisque os portos privados do Passarão e Amazonav para a travessia. “O que a União está esperando para requisitar os bens e serviços de tais empresas, que prestam serviço particular de balsa, inclusive com porto próprio?”, indaga.
Jayme aponta o Art. 5º, XXV, que permite ao Governo Federal fazer tal requisição. “Está evidente que as autoridades federais não enxergam o sofrimento do povo do Amazonas”, enfatiza.
Amazonav disponível, mas balsas são incompatíveis
O empresário Alcy Hagge, proprietário da Amazonav, que fica à esquerda do embarque da Ceasa, em Manaus, disse que não precisa de requisição. “Meu porto está à disposição. Pode usar à vontade. Estamos prontos a ajudar”, disse.
O problema é que as balsas da travessia têm rampa própria e as da Amazonav, como as do Passarão, utilizam rampas fixas, terrestres. “Não há como construir essas rampas, para usar algumas semanas, e depois desconstruir tudo na volta ao serviço rotineiro”, explica Alcy.
O empresário afirma que a Amazonav tem cinco balsas retidas pela vazante em Porto Velho e outras três paradas no meio do caminho. “Estamos esperando que o rio Madeira dê pelo menos um metro de água, o que deve acontecer a qualquer momento, para que as balsas voltem a navegar”, enfatiza.
A cota do rio Negro, registrada pela Administração do Porto de Manaus, chegou a 12m17, nesta terça-feira (08/10). A maior vazante registrada, desde que a medição começou, em 1902, teve início no dia 04/10, quando o rio superou os 12m70 do ano passado e atingiu 12m66. Não há data para terminar.

Vídeo e fotos mostram o caos em que se transformou a travessia da Vila Gutierrez, no Careiro da Várzea, para a Ceasa, em Manaus
Deixe um comentário