
Julieta Inés foi morta por Thiago e Deliomara (fotos), que são dependentes químicos e têm cinco filhos
Julieta Inés Hernández Martínez, 38, artista circense de Puerto Ordaz, na Venezuela, foi morta dia 23/12, em Presidente Figueiredo (AM). No dia 05/01, ela foi encontrada enterrada em cova rasa. Ontem (07/01), o Departamento de Polícia Técnico-Científica identificou o corpo. Sábado (06/01), o juiz Laossy Amorim Marquezini, titular da comarca, decretou a prisão preventiva dos acusados do assassinato.
Thiago Agles da Silva, 32, roubou o celular, estuprou a vítima e tentou fugir da cadeia. Deliomara dos Anjos Santos, 29, enciumada, jogou álcool, incendiou os dois e enforcou a artista com uma corda.
Julieta Inés, a história
Julieta era aventureira. Sumia meses, pedalando mundo afora, a bordo de sua bicicleta com carretilha. Embarcada nessa paixão, ela foi ao Rio de Janeiro e estava voltando de lá. Desta vez, a família acompanhou todo o trajeto.
A artista estava voltando para casa, em Puerto Ordaz, mais ou menos a 1,8 mil quilômetros de Manaus. Chegou a Belém e foi de barco até Itacoatiara. Pedalou, em seguida, pelos 260 quilômetros da AM-010 (Manaus-Itacoatiara) até a BR-174 (Manaus-Boa Vista).
Foi tão eficiente que estacionou um dia antes da reserva na pousada, em Presidente Figueiredo, mais 106 quilômetros à frente. Não havia quartos vagos, na correria do fim de ano.
Foi aí que partiu em busca de um lugar para passar a noite. Encontrou o abrigo comumente usado por andarilhos, perto da cachoeira do Urubuí. Nesse dia, 23/01, se comunicou pela última vez com a família.
Alarme internacional
O desaparecimento da cicloviajante percorreu as mídias sociais. Chegou aos sites e demais veículos de comunicação de alcance nacional. Os artistas do Cirque Du Soleil entraram na campanha para encontrá-la. Trata-se da maior companhia circense do mundo (3,5 mil empregados, 15 espetáculos simultâneos, em 40 países, com renda anual estimada em U$ 800 milhões).
A polícia amazonense se mobilizou. O delegado Valdinei Silva, de Figueiredo, enviou investigadores à reserva Waimiri-Atroari, que inicia no KM-200 da BR-174. Lá eles encontraram um líder indígena que garantiu tê-la visto atravessando a área. “Até ajudamos”, teria dito.
Isso ocorreu dia 04/01 e desmobilizou as equipes que estavam em campo. Caberia agora à polícia de Roraima, cuja divisa com o Amazonas está no fim da reserva, fazer as investigações.
Foi aí que um guarda municipal, que presta serviço à delegacia de Presidente Figueiredo, encontrou o quadro de uma bicicleta e uma carretinha. Os bombeiros foram mobilizados, com três cães treinados, e localizaram o corpo, enterrado em cova rasa. Era a sexta-feira (05/01).

Bibicleta e carretinha, que acompanharam a cicloviajante pelo mundo, levaram ao encontro de seu corpo
O assassinato
O casal Thiago e Deliomara, ambos dependentes químicos e pais de cinco filhos, eram uma espécie de caseiros do abrigo em que Julieta ficou.
Chega a noite. Depois de consumir pasta de cocaína, Thiago rouba o celular de Julieta e a estupra. Deliomara, enciumada vendo o estupro, pega uma garrafa de álcool, joga sobre os dois e incendeia. Thiago se desvencilha, levemente chamuscado, enquanto o fogo pega o corpo todo da vítima. A venezuelana ainda se debate quando a algoz usa uma corda e consuma o assassinato.
O casal se acusou, na audiência de custódia. Ela denunciou o roubo e o estupro. Ele tentou negar, dizendo que foi buscar socorro em hospital, por causa das queimaduras, e apontou a esposa como culpada do assassinato.
Artistas circenses e de rua – o Cirque Du Soleil foi criado por artistas de rua – do mundo inteiro lamentaram a morte. O dinheiro mobilizado em vaquinha eletrônica para as buscas e uma coleta extra estão sendo usados para as despedidas de Julieta Inés Hernández Martínez.
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