Saída para o Pacífico barateia ZFM e cria alternativa ao Canal do Panamá

Saída para o Pacífico

Saída para o Pacífico, em Manta (foto), pode trazer um novo capítulo ao Polo Industrial de Manaus e ao Amazonas

Manta, um porto do Equador no oceano Pacífico, está pronto para solucionar diversos problemas relacionados à Zona Franca de Manaus (ZFM) e à integração latino-americana. O Canal do Panamá, que liga Pacífico e Atlântico, subindo e descendo montanhas, via eclusas, ficou caro. O Amazonas discute essa questão, embora de forma quixotesca, desde 2007. É hora de quebrar burocracias e implantar essa excelente alternativa econômica.

O caminho dos produtos da Ásia (China, Japão, Coreia, Singapura etc.) de Manta a Manaus é menor. Via Panamá eles levam de 41 a 60 dias para chegar, enquanto, na nova rota, levariam de 31 a 35 dias. É mais barato. O leva-e-traz incluiria produtos brasileiros, equatorianos, colombianos. Promoveria a tão sonhada integração no Cone Norte brasileiro.

Ontem (03/04), na Suframa, a rota Manta-Manaus foi discutida. A iniciativa é do deputado estadual Sinézio Campos (PT-AM). O superintendente Marcelo Pereira e João Carlos Parkinson de Castro, Coordenador Nacional dos Corredores Rodoviários e Ferroviários Bioceânicos do Ministério das Relações Exteriores (MRE) estavam presentes. O diplomata disse que as tratativas Brasil-Equador “esfriaram”. O Amazonas precisa reaquecê-las.

Como seria?

Um navio ou balsa traz a mercadoria da Ásia até Manta. Ela segue, via rodoviária, até Providência, também no Equador. Depois é carregada em balsas, que a levam até Letícia, na Colômbia, cidade-irmã de Tabatinga (AM). E de lá chegam ao porto de Manaus.

“Esse projeto não deve ser visto como um corredor de transporte, mas como plataforma de desenvolvimento amazônico”, afirma João Carlos Parkinson.

 

Problemas

O principal problema, do lado brasileiro, é o porto de Tabatinga, que precisa ser alfandegado. O que isso significa? Que a cidade do Alto Solimões precisa criar um ambiente em que a Receita Federal possa realizar o seu trabalho, inclusive com armazenamento de mercadorias.

Dino Antunes Dias Batista, Diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias brasileiro, é enfático quanto ao porto alfandegado. “O trâmite da aduana de Tabatinga tem que ser muito bem discutido. A forma como se faz essa fiscalização pode inviabilizar o corredor”, explica. Por quê? Se a mercadoria ficar parada 20 dias, por exemplo, esperando pela fiscalização, a agilidade em relação ao Panamá vai para o espaço.

Outra coisa, não dita, mas evidente, é a preocupação com o tráfico de drogas. As autoridades temem flexibilizações que facilitem a vida dos traficantes de Colômbia e Peru, os maiores centros distribuidores do planeta. Por outro lado, um movimento desse porte em Tabatinga aumentaria a fiscalização e seria benéfico ao combate dessa praga. E afastaria as suspeitas de que o lobby da indústria dos narcóticos é tão poderoso que consegue impedir o progresso das tratativas.

O maior problema da ZFM é a logística. Todos os subsídios oferecidos às empresas aqui localizadas se destinam a suprir a distância dos grandes centros consumidores e portuários nacionais. A rota Manta-Manaus atua nas duas pontas, barateando custos e diminuindo tempo de transporte.

Uma audiência pública para discutir Manta-Manaus ocorrerá dia 10 de abril, às 9h, no plenário da Assembleia Legislativa.

É importante brigar pela ZFM na Reforma Tributária. Mas, apesar de tanto tempo, o modelo ainda é uma joia sendo lapidada, que brilharia muito mais com a nova rota. O abandono ou pouco caso da ideia por tanto tempo – desde 2007!!! – mostra flacidez de propósitos. Oferecer ao País uma alternativa vantajosa, sob tantos aspectos, é fundamental na hora de discutir a reforma dos impostos.

É hora de ver quem está realmente comprometido com a economia amazonense. Uni-vos, homens de boa vontade. A luta é desigual e oferece poucas chances como essa.

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