Lisboa pode retomar projeto do arquiteto Oscar Niemeyer feito em 1991

Lisboa pode retomar projeto do arquiteto Oscar Niemeyer feito em 1991

Um projeto elaborado por Oscar Niemeyer em 1991 para a capital portuguesa poderá, finalmente, sair do papel. Depois de muitos desencontros e promessas não cumpridas, a Prefeitura de Lisboa deve aprovar, ainda neste ano, a construção de um prédio que, inicialmente, foi projetado para ser a sede da Fundação Luso-Brasileira para o Desenvolvimento.

O empreendimento, com aproximadamente 16 mil metros quadrados, ficaria na Quinta dos Alfinetes, no bairro de Chelas. Agora, a ideia é levar a construção para o bairro de Olaias, uma das áreas mais degradadas da cidade. Acredita-se que a obra com a assinatura de Niemeyer, funcionando, por exemplo, como centro cultural, terá força suficiente para incrementar a revitalização da região.

A fundação para a qual Niemeyer fez o projeto chegou a dar início às obras, mas pouco se avançou. Em 1999, o empreendimento foi abandonado e hoje se resume a escombros. Os terrenos escolhidos para abrigar o prédio foram retomados pela Prefeitura de Lisboa, que assumiu prejuízos em torno de 750 mil euros (R$ 4 milhões). Uma das promessas de retomada do projeto foi feita em 2010 por António Costa, então prefeito da capital portuguesa, hoje, primeiro-ministro da Portugal. Se concretizado agora, o feito caberá a Carlos Moedas, seu adversário político, que rompeu um ciclo de 14 anos de governos socialistas em Lisboa.

Pelo projeto original, o empreendimento prevê um prédio com salas para trabalho, um centro de exposição e eventos, um teatro para 400 pessoas, lojas, restaurantes, um terraço e uma praça, além de estacionamento ao fundo. É possível que possa haver alguns ajustes, a depender das negociações entre o Instituto Niemeyer e a Prefeitura de Lisboa. Um encontro entre o bisneto do arquiteto, Paulo Niemeyer, o prefeito de Lisboa e representantes da Câmara Municipal está agendado para esta terça-feira, 19 de outubro.

Ganho econômico

A expectativa é grande, dado o potencial do projeto de Niemeyer. Especialista nas obras do arquiteto brasileiro, o professor Carlos Oliveira Santos, doutor em ciências políticas pela Universidade Nova de Lisboa e autor do livro “Um Niemeyer é sempre um Niemeyer”, que está sendo lançado, diz que são grandes as chances de o empreendimento, enfim, se tornar realidade. Para ele, está provado que, além da riqueza da arquitetura do brasileiro, autor de obras de arte como Brasília, há o ganho econômico, por movimentar o turismo.

“Oxalá, agora essa obra se concretize, porque todos sabem que um Niemeyer é um capital garantido de renovação de áreas urbanas e de atração de uma nova vida criativa e salutar para as cidades”, ressalta Oliveira. Ele lembra que esse será o primeiro empreendimento de Niemeyer no que se define como Portugal continental, pois há um conjunto de três edifícios, com hotel, casino e auditório em Funchal, na Ilha da Madeira, cujo projeto foi desenvolvido por Niemeyer em 1966, quando ele estava exilado em Paris. “Ter um Niemeyer, dar-lhe vida cultural e social é, sem dúvida, uma importante riqueza humana”, frisa.

O especialista acrescenta que um projeto de Oscar Niemeyer, como se provou inúmeras vezes, especialmente em Niterói (Rio de Janeiro) e em Avilés (Astúrias, Espanha), representa um urbanismo renovado. E chama a atenção para obras que continuaram sendo executadas mesmo depois da morte do arquiteto, há 10 anos. Um dos exemplos mais marcantes é um restaurante em Leipzig, Alemanha, construído num galpão industrial. Outro é um pavilhão dentro de uma vinícola encravada na cidade francesa de Aix-en-Provence. Esse foi o último projeto desenhado pelo brasileiro antes de morrer.

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