Livro investiga as origens do design brasileiro nos anos 1950 e 1960

O livro “Boa Forma Gute Form: Design no Brasil 1947-1968” liga as origens do design brasileiro ao movimento de arte concreta e às ideias defendidas pela Escola de Ulm, na Alemanha. Foto: Divulgação

Reunindo doze ensaios inéditos produzidos por especialistas em design e arte, infográficos detalhados e uma extensa pesquisa iconográfica, o livro “Boa Forma Gute Form: Design no Brasil 1947-1968” (Editora Act., 224p), organizado por Livia Debbane e com coordenação geral de Fernando Ticoulat e João Paulo Siqueira Lopes, lança nova luz sobre as origens do design brasileiro, nos anos 1950 e 1960, ligando-as ao movimento de arte concreta e às ideias defendidas pela Escola de Ulm, na Alemanha, herdeira da Bauhaus.

Patrocinada pelo Constellation Asset Management e apoiada pelo Goethe-Institut, via Lei de Incentivo à Cultura, a publicação oferece ao leitor textos inéditos de importantes estudiosos, um depoimento afetivo do designer alemão Karl Heinz Bergmiller, notável personagem dessa trama, além de uma esclarecedora linha do tempo, contextualizando artistas, designers, obras, exposições e escolas de design.

Entre os autores, estão Aleca Le Blanc, Alexandre Benoit, Ana Luiza Nobre, Chico Homem de Melo, David Oswald, Ethel Leon, Felipe Scovino, Julieta González, Malou von Muralt, Mina Warchavchik Hugerth, Pedro Luiz Pereira de Souza e Rodrigo Paiva.

“Boa Forma Gute Form” reúne doze ensaios inéditos. Foto: Divulgação

“Além de um valioso registro histórico, o livro ‘Boa Forma Gute Form’ aborda um momento seminal para a cultura brasileira, no qual as áreas criativas estavam cheias de entusiasmo por um país em construção e de esperança em um futuro promissor”, analisa Livia Debbane, idealizadora do livro e coordenadora da pesquisa, feita em conjunto com Bárbara Garcia.

“O design, entendido como mediador fundamental das relações entre o homem e seu meio ambiente, nos acompanha desde sempre. Mas o mesmo não se pode dizer do campo do design, que em meados do século XX apenas começava a se consolidar. É esse processo de institucionalização no Brasil que a publicação se propõe a contar; uma narrativa pouco explorada de forma transversal nas relações e numerosos contatos entre museus, escolas e os profissionais a eles ligados, e que relembra uma série de personagens e de produções menosprezados ”, afirma.

Escritora e pesquisadora de design, Livia Debbane é a idealizadora do livro. Foto: Divulgação

Partindo da vinda de Max Bill ao Brasil, após a retrospectiva que revelou a prática multifacetada do suíço no Masp, em 1951, “Boa Forma Gute Form” investiga como os contatos que o artista concreto fez no país foram importantes para a expansão e a formação da consciência do design no Brasil, junto a personalidades como Geraldo de Barros, Mary Vieira, Alexandre Wollner e Almir Mavignier.

Ao mesmo tempo, o livro explora a influência da Hfg-Ulm, a Escola de Ulm, no programa didático da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI/UERJ), que foi inaugurada em 1963, a primeira do tipo no país.

Com projeto gráfico criado por Julio Mariutti, do Estúdio Lógos, ao lado de Ilana Tschiptschin, e lançamento internacional, em parceria com a tradicional Turner Libros, o livro “Boa Forma Gute Form” mostra como uma geração de designers brasileiros soube reinterpretar conceitos de escolas europeias no contexto nacional, criando um caminho próprio para o design moderno brasileiro.

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