
O curta-metragem “A Volta para Casa” (2019), mais recente atuação de Lima Duarte no cinema, foi incluído na mostra online do Itaú Cultural. Foto: Divulgação
A partir da próxima segunda-feira (21), o Itaú Cultural apresenta em seu site www.itaucultural.org.br a “Mostra Lima Duarte: profissão ator”, programação cinematográfica online, que ficará disponível em streaming até 10 de janeiro de 2021, e faz parte da “Ocupação Lima Duarte”.
O ciclo de filmes “Mostra Lima Duarte: profissão ator” tem curadoria de Amilton Pinheiro, jornalista, escritor, autor da biografia do homenageado. Ele reuniu cinco filmes dos personagens consagrados do ator nos últimos 45 anos de cinema e os comenta na exibição. Entre as obras selecionadas estão “Guerra Conjugal”, comédia gravada há 45 anos pelo cineasta Joaquim Pedro de Andrade; o premiado drama “Sargento Getúlio”, de Hermano Penna, e o mais recente filme estrelado pelo ator, “A Volta para Casa”, do diretor Diego Freitas.
“Lima Duarte forjou no cinema personagens contraditórios, atormentados, poderosos, pobres e trabalhadores, todos genuinamente brasileiros que vieram, assim como ele, dos rincões deste Brasil com suas inúmeras injustiças sociais”, diz Pinheiro. “O ator tentou traduzir através desses personagens a riqueza do seu povo e as facetas contraditórias de um país que vive até hoje o dilema de excluir grande parte da população das benesses de suas riquezas, legando-as a uma pequena minoria”, completa.
Os filmes
Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade (classificação indicativa: 14 anos) – Ilustra crônicas de psicopatologia amorosa na civilização do terno-e-gravata, ainda vigente na cidade de Curitiba. Nessa produção, Lima Duarte protagoniza o advogado Doutor Osíris, que assedia as mulheres que entram em seu escritório e acaba se tornando amante de uma delas.
Sargento Getúlio (1983), de Hermano Penna (classificação indicativa: 14 anos) – O longa-metragem é baseado na obra homônima do cineasta João Ubaldo Ribeiro, e foi o vencedor da categoria Melhor Filme no XII Festival de Cinema de Gramado, que ainda concedeu a Lima Duarte o prêmio de melhor ator pelo seu personagem que dá nome ao filme. A produção narra a viagem do sargento, um policial jagunço, pelos sertões de Sergipe, cumprindo uma ordem de seu superior de levar um preso político de Paulo Afonso até Aracaju. Durante a viagem, o sargento recebe o recado de que a situação política mudou e, portanto, deve soltar o preso. Sem ter certeza de que se trata de uma contraordem de seu superior, decide manter a missão que havia lhe tinha sido atribuída. Essa viagem acaba mexendo com a alma de um homem rude e violento que, pela primeira vez, afirma sua vontade contra as ordens recebidas.
Corpo em Delito (1990), de Nuno Cesar Abreu (classificação indicativa: 14 anos) – O filme passeia pelos anos de 1970 com o médico legista aposentado Athos Brazil. O personagem interpretado por Lima Duarte se retira para uma casa de praia em companhia de Tana, uma dubladora de cabaré. Indiferente ao temperamento amoroso dela, o médico dedica-se a escrever um livro sobre o pai, um herói integralista, mas é atormentado pelos fantasmas do seu passado. De sua memória emergem sentimentos contraditórios sobre a filha, militante política na clandestinidade, e sobre sua vida profissional no Instituto Médico Legal, onde produziu laudos falsos sobre vítimas da tortura, envolvido com as forças repressivas do regime militar.

Lima Duarte em cena do filme “Guerra Conjugal”, de 1975. Foto: Divulgação
Palavra e Utopia (2000), de Manoel de Oliveira (classificação indicativa: livre) – Conta a história do padre português Antônio Vieira, aqui encarnado por Lima. O sacerdote do século XVII é uma figura religiosa controversa, que luta pela liberdade e por melhor tratamento dos índios brasileiros e pela abolição da escravidão no Brasil. No entanto, a Inquisição portuguesa não pretende deixar o padre levar seus desejos a cabo.
A Volta para Casa (2019), de Diego Freitas (classificação indicativa: livre) – Nesse curta-metragem de 16 minutos, Lima Duarte interpreta Plínio, um marceneiro aposentado que está na expectativa de receber a visita de sua família para celebrar o domingo de Páscoa, mas ninguém aparece para buscá-lo na casa de repouso onde vive. Ao vê-lo sozinho e cabisbaixo, Anselmo, jardineiro do lugar, se oferece para levá-lo até sua antiga moradia. Durante o trajeto, cresce a cumplicidade entre os dois e Plínio revisita as memórias de sua vida no bairro onde nasceu e cresceu. Ao chegarem, ele tem uma surpresa que colocará em xeque todas as suas lembranças.
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