
Juiz libera 40 que foram presos em rinha de cães, incluindo veterinário amazonense. Até churrasco de cachorro era servido. Fotos: Divulgação
A Justiça de Garulhos liberou os 40 homens detidos durante uma rinhã de cães, na cidade de Mariporã, na Grande São Paulo, no último sábado (14). Entre os presos estava o veterinário amazonense André Luís Sotero Vital (CRMV-505), funcionário da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf).
Juiz libera
Apenas um foi mantido na prisão, o acusado de organizar o evento, que teve a preventiva decretada. De acordo com a decisão, assinada pelo juiz André Luiz da Silva da Cunha, “nada há a indicar que em liberdade eles (suspeitos) possam colocar em risco a ordem pública, prejudicar o normal desenvolvimento de futura ação penal ou frustrar a aplicação de eventual sanção”.
Djoy Paxiuba Oliveira Lucena Rodrigues, tido como organizador do evento, enfrenta situação diferente. “Possui grande envolvimento com a atividade ilícita em comento, havendo risco real de reiteração delitiva”, argumenta a decisão, que acrescenta que o suspeito “tentou fugir da ação policial”, sendo esta uma postura que indica que “não irá colaborar com a elucidação dos fatos e com futura ação penal”.
Maus tratos
As prisões aconteceram durante uma operação que desarticulou um evento de lutas clandestinas de cães. Os detidos são acusados pelos crimes de maus tratos a animais, resistência e contravenção penal de aposta em jogo de azar.
De acordo com a polícia, André Sotero tinha função na rinha de medicar os animais feridos, para reabilitá-los a uma próxima luta. No local, também foram apreendidos troféus e camisetas com a listagem das competições.
Ao chegar ao local, os agentes encontraram um animal morto e 19 cães bastante feridos, inclusive filhotes. Todos serão encaminhados à uma ONG, onde receberão todos os cuidados necessários.
Também foram achados na rinha resto de carne de cachorro assado, que criminosos comiam e também davam partes dos corpos para os cães.
Fiança
Os presos durante a operação passaram por audiência de custódia e o valor da fiança determinado ficou entre R$ 998 e R$ 59.880, valor que deve ser pago em até 10 dias. No meio do grupo estavam quatro estrangeiros.
Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Amazonas, repudiou a atitude do veterinário detido. Se comprovado a participação de André Sotero no caso, o conselho tomará todas as medidas necessárias.
Veja a nota na íntegra do Conselho Regional:
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Amazonas (CRMV-AM) lamenta profundamente a suspeita de participação de um médico-veterinário que, segundo a Polícia Civil de São Paulo, participava de uma quadrilha que promovia rinhas de cães no município de Mairiporã (SP), no último sábado, dia 14 de dezembro.
O profissional citado possui registro para atuação no estado do Amazonas, portanto, o CRMV-AM, por meio de seus departamentos competentes, tomará as medidas necessárias para a apuração dos fatos e tomará as providências cabíveis no que tange à ética profissional, sobretudo, em bom nome do Sistema CFMV/CRMVs, responsável por normatizar e fiscalizar o exercício da Medicina Veterinária no Brasil.
Lamentamos o ocorrido e manifestamos repúdio a todo e qualquer tipo de maus-tratos contra animais, crime previsto pela Lei Federal nº 9.605/98. Perplexos com os fatos, desconhecemos justificativas racionais para o envolvimento de um profissional da Medicina Veterinária em rinhas de cães.
Ademais, o CRMV-AM ressalta que, de acordo com a Resolução nº 1.236/2018, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o profissional que comete ou é conivente com atos de crueldade, abuso e maus-tratos aos animais deve responder por falta ético-profissional. Este Regional enfatiza, ainda, que a resolução é clara em seu texto quanto ao dever do médico-veterinário de prevenir e evitar quaisquer atos que configurem maus-tratos.
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