
Líderes do massacre do Compaj e esquartejadores são ouvidos em julgamento; sessões recomeçam terça. Foto: TJAM
Depois de interrogar 28 réus acusados de participação na chacina ocorrida no dia 1.º de janeiro de 2017, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que resultou na morte de 56 interno, a 2.ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus retoma os interrogatórios de detentos nesta terça-feira (8).
Entre terça-feira (1º) e sexta-feira (4) foram realizadas quatro sessões e na sexta mais um réu seria ouvido, em processo que tem sete acusados. No entanto, beneficiado por prisão domiciliar, o réu não compareceu à audiência. Outros seis réus que figuram no mesmo processo estão em presídios federais e serão ouvidos por carta precatória.
Líderes do massacre
Entre os últimos ouvidos na quinta estavam presos acusados de integrar o grupo de “executores” da chacina: Anderson dos Santos Lima, Anderson Maciel Barbosa, Anderson Silva do Nascimento, André Said de Araújo, André Souza dos Santos, Andreyson Cardenis do Nascimento, Antonio Oliveira Ribeiro Filho, Arlan Almeida Viana, Arley de Oliveira Siva e Artur de Souza Chaves.
Anderson dos Santos, vulgo “Andinho”, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado (MPAM), é apontado como um dos líderes da rebelião, sendo representante do pavilhão 1 do Compaj. Testemunhos indicam que ele usava, no dia, uma espingarda .20, com a qual assassinou o “João Professor”, na biblioteca da unidade prisional.
Carbonizado
O corpo da vítima teria sido levado ainda ao pavilhão 5, onde foi amarrado, decapitado e carbonizado. A mesma arma foi usada para atirar em outras detentos por “Andinho”, que teve ação filmada ainda na quadra do pavilhão 3, onde ocorreram mais homicídios.
Anderson Maciel é apontado como rebelado responsável por esquartejar vários corpos durante o motim. Já Anderson Silva é citado como autor de uma gravação difundida nas redes sociais, onde aparece agredindo e executando presos, a facadas, falando palavras de terror e de ordem em favor da facção criminosa Família do Norte (FDN).
Esquartejadores
Do mesmo grupo foram ouvidos André Said, o “Gringo”; e André Souza, o “Boca Telha”, também acusado de esquartejar presos e de participar efetivamente da morte e do vilipêndio do cadáver de Sebastião Ribeiro Marinho Filho.
Andreyson Cardenis estava com faca e pernamanca durante a rebelião, enquanto Antônio Oliveira aparece em vídeos de monitoramento da portaria 3 participando do início da rebelião.
Arlam Almeida e Arley de Oliveira são apontados como rebelados que esquartejaram vários corpos durante o massacre, ambos reconhecidos por testemunhas confidenciais.
Outubro
Pela programação da 2.ª Vara do Tribunal do Júri, os interrogatórios relativos à chacina vão acontecer durante o mês de outubro e, também, na primeira semana do mês de novembro.
Os interrogatórios dos réus presos em Manaus estão sendo realizados no Fórum Ministro Henoch Reis que, nos dias das audiências, tem mantido um esquema especial de segurança. Os réus presos em presídios federais (total de 17) serão todos ouvidos por carta precatória.
Na primeira fase da instrução já foram ouvidas testemunhas de acusação e de defesa. Após ouvir todos os réus, os três juízes que respondem pela 2.ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus poderão proferir a sentença de pronúncia.
Processo principal
Para facilitar a instrução, em comum acordo com o Ministério Público do Estado do Amazonas, o processo principal foi desmembrado em 22 processos, sendo um processo com quatro acusados; um processo com sete acusados; dois processos com onze acusados e 18 processos com dez acusados.
A Ação Penal começou com 213 réus, porém, 07 morreram durante a instrução e agora 206 respondem pela autoria de 56 homicídios qualificados; seis tentativas de homicídio; 46 vilipêndios de cadáveres; tortura em 26 vítimas e organização criminosa.
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