
Fabio Maia, gerente comercial da Top, indica vinhos, cortes e espumantes para harmonizar com a ocasião de festa da virada do ano. Foto: Divulgação
Fim de ano é a época de grande consumo de vinhos. Todos os encontros têm bebidas em escala ou espumantes, sejam confraternizações, jantares ou as próprias ceias tradicionais. As dúvidas são muitas em meio a uma variedade cada vez mais dinâmica, com rótulos disponíveis de diversos países, uvas, cortes.
Um dos coringas de confraternizações da virada do ano é o espumante. Fácil de beber, agrada tanto quem aprecia vinhos e os conhece, quanto a quem não está acostumado a escolher entre tantas opções. Menos alcoólico, dá para tomar a noite inteira, sempre hidratando com água.
Dicas de ouro
Para os leitores do Portal Marcos Santos entrevistamos um especialista na escolha de rótulos, compras, escolhas e gerente comercial de bebidas da Top Internacional, Fabio Maia. Para depois do Natal, onde a tradicional ceia pede uma seleção de vinhos, a virada do ano é um convite para o estouro de espumantes e champanhes.
“No mundo dos vinhos, o espumante não deixa de ser um vinho. Sempre combina da entrada, como welcome drink, a acompanhante da ceia. Espumantes Brut com certa acidez sempre vão celebrar com pratos muito frescos, saladas, peixes assados de maneira geral e que contenham certa gordura na carne. Peixes mais secos, grelhados e tudo mais, prefiram sempre os vinhos e espumantes com chardonnay, são mais untuosos e conferem uma característica de preenchimento na boca, onde o alimento seca a boca e o vinho preenche o paladar. Espumantes mais doces sempre harmonizam por paridade, ou seja, pratos doces e que geralmente fecharão com chave de ouro a comemoração. Uma dica, vinhos com mais açúcar residual, como um colheita tardia, sauterne, combinam muito com um bom queijo gorgonzola”.
Confira a seguir trechos da entrevista exclusiva e anotem as dicas para um reveillon na medida, do tinto ao branco:
O Brasil é considerado, no mercado mundial de espumantes, o segundo melhor produtor do mundo. Qual sua indicação para iniciar as festas de fim de ano? E para os aperitivos, algo em especial?
Para início, sempre vale lembrar que festas de final de ano sempre são carregadas de sabores, alimentos variados, nesta situação para iniciar um bom espumante delicado, floral, que não carregue o paladar, numa adega especializada o leitor pode ter uma boa indicação e é claro, espumantes mais clássicos e com mais corpo, sempre seguindo a regra dos mais suaves para os mais encorpados. Aperitivos, indicaria os espumantes da linha ICE, pois possuem mais açúcar residual e alguns com um pouco mais de chardonnay que seguram bem gelo e frutas na mistura, experiência incrível e refrescante.
O que combina melhor com carnes como porco e com o bacalhau, pratos geralmente servidos no reveillon?
A carne de porco é muito interessante, pois harmoniza tanto com o vinho branco como o vinho tinto, um bom branco do douro e pernil? O que acha? Imaginem uma carne secando a boca e logo depois da mastigação você presenteia com aquele vinho untuoso, terminando de preencher todo o espaço gustativo que só um branco do douro pode fazer? Bacalhau leva a também a mesma sistemática: uma carne seca com vinhos carnudos, que tomam a boca. São alimentos versáteis, pois vão bem com brancos untuosos, tintos leves. E uma costela suína, porque não um bom Syrah, um Bordeaux? As possibilidades são inúmeras…
No caso de quem prefere vinhos tintos, quais as melhores opções, as melhores uvas? O que tem de novidade no mercado?
O mercado do vinho tinto cresce em torno de 3% ao ano, então as variedades são enormes. Vale ressaltar que a opção do vinho está dentro do seu gosto e bolso, existem bons rótulos portugueses a R$ 26, na Top Internacional, mas para iniciantes indicaria os tintos leves, pois aliviam o ataque a boca, tendem ter mais fruta e refrescância. Para os mais experientes, indicaria os que já possuem envelhecimento no carvalho francês, ou no americano, tudo vai depender do que o enólogo quer traduzir em história da família ou região ao qual foi desenvolvido, neste caso, vale a pena conhecer a história da vinícola, região de produção, como o vinho foi elaborado, isso amplia a sua capacidade de escolher o que é melhor para o seu consumo. O mais importante do consumo é que não há regra, pois cada um tem uma memória gustativa então o melhor a fazer é arriscar!!! Fujam dos livros, informativos e faça o seu momento com o vinho o seu grande prazer, sem pompas. Sempre haverá um vinho que vai se ajustar ao que o consumidor tem em mente, doces, menos doces, corpulentos, leves, tânicos.
Existe algum segredo ou truque básico na hora de escolher o melhor vinho tranquilo ou espumante?
Não existem truques, devemos voltar a nós mesmos, o que eu quero para o meu paladar? Explosão de sabores? Refrescância? No caso de explosão de sabores, os chilenos vão muito bem em toda a sua gama, refrescância e adstringência com certeza os argentinos, complexidade em aromas e na boca franceses, italianos e portugueses da Região do Douro, partindo para a refrescância indicaria os espumantes, seja ele qual for. Mais uma vez, há um mundo de possibilidades ao qual o respeito deve ser dado ao paladar de quem consome e não o que a moda dita para o momento.
Falando de amantes de cerveja, por exemplo, o que recomenda, comparando texturas?
Puxa, uma pergunta difícil, não sou um bom entendedor de cervejas, mas alguns tipos de cervejas possuem muita fruta e textura aveludada, é claro com aquele amargor tradicional do tipo de lúpulo que foi adicionado a bebida. Assim sendo, seguindo neste mesmo diapasão, indicaria espumantes um tanto diferentes, para os amantes da cerveja, como o Nature que é bem seco e açúcar residual de 3 gramas por litro de bebida, geralmente produzidos com chardonnay e pinot noir, são incríveis e percebe-se com muita clareza o gosto do fermento junto com a fruta e diria, são únicos e maravilhosos! Em segundo, indicaria os extra bruts, com concentração de 3 a 8 gramas por litro, espumantes secos, mas já com uma acidez bem pronunciada, sabores complexos e que puxariam uma boa ostra, lagostas, queijos moles de sabores delicados, até mesmo uma massa com molho branco. Acredito que estas duas opções, poderiam chamar a atenção dos consumidores que degustam uma boa cerveja.
O melhor vinho é aquele que você gosta ou o que toma acompanhado?
As duas coisas. Quando você percebe que gostou daquela uva ou daquele rótulo, tudo se torna um momento mágico, desde o momento em que o consumidor efetua a compra. Em casa, parece que a garrafa cria personalidade, pois este momento será aquele que vocês certamente esquecerão seus problemas por algum instante, e degustar, desvendar, estudar a história será a sua única preocupação naquele momento. Napoleão, pelo menos neste momento, foi sábio em suas palavras sobre o vinho, “Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário…” Bom, sobre o vinho acompanhado, diria que o vinho cria uma egrégora de mistério que só Baco poderia traduzir a cinestesia do momento, mas aí, deixo a cargo dos desbravadores do mundo vínico fazerem as suas próprias experiências e criarem suas próprias expectativas! Cheers!!!
Deixe um comentário