
Traficante condenado, Alan Castimário, o “Nanico”, assina “salve” no qual deixa a FDN para seguir no Comando Vermelho. Foto: Arquivo
O traficante condenado Alan de Souza Castimário, o “Nanico”, assina um novo “salve” de facção criminosa no qual diz estar deixando a Família do Norte (FDN) para se juntar ao Comando Vermelho (CV), em razão de discordâncias com a cúpula da Família, os narcotraficantes João Pinto Carioca, o João Branco, e José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto da Compensa.
A mensagem está datada desta terça-feira (24) e segundo fontes da polícia seria verdadeira. “Nanico” está detido no presídio federal de Campo Grande (MS) e era considerado da cúpula da facção.
No extenso “salve”, Castimário acusa João Branco de querer dominar o tráfico de drogas em toda a cidade, em todos os bairros, mesmo às custas de mortes desnecessárias e contrariando o estatuto que a própria facção teria.
“Nanico”
Alan Castimário está preso desde 2012, quando foi encontrado em uma casa na rua 15, no conjunto Jardim de Versailles, zona Centro-Oeste, com um vasto arsenal de armas e munições.
No local, que funcionava como “QG de Nanico”, a polícia encontrou coletes à prova de bala, rifles, fuzis, escopetas, pistolas, metralhadoras e submetralhadoras. Todas as armas estavam prontas para ação. No QG ainda havia mais de 700 balas para fuzil de 762 milímetros, além de 78kg de cocaína.
Em julho de 2013, ele conseguiu fugir do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), com mais 175 internos, na maior fuga do sistema penitenciário do Amazonas.
Homicídios
Ele foi indiciado por 19 homicídios no período de 2009 a 2012 e ainda é investigado por participação em mais quatro. Entre os de maior repercussão estão as execuções do empresário Flávio Augusto Coelho, o “Flavinho da 14”, em novembro de 2010, e dos “irmãos Metralha” Jacob Jessé Dias França, o “Jacozinho”, e Joelson Dias França, o “Jojoba”, em maio do ano passado.
No Tribunal de Justiça do Amazonas, Alan responde a mais de 10 processos criminais, a maioria por tráfico de drogas.
Condenação
A Justiça Federal condenou três líderes da FDN a mais de 39 anos de prisão, pelos crimes de organização criminosa e financiamento do tráfico de drogas. A ação penal foi movida pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM) em decorrência das investigações da Operação La Muralla, deflagrada em novembro de 2015.
José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto, que exercia a liderança da organização criminosa, foi condenado a 48 anos e 5 meses de prisão, além do pagamento de multa de mais de R$ 842 mil. Alan de Souza Castimário e Cleomar Ribeiro de Freitas, também reconhecidos como líderes do grupo, foram condenados, cada um, a 39 anos de prisão e ao pagamento de multa de mais de R$ 800 mil.
Tráfico internacional
A Família do Norte, de acordo com investigações do MPF e da Polícia Federal, comandava o tráfico internacional de drogas no Estado do Amazonas.
A atuação do grupo foi desvendada durante a Operação La Muralla, que investigou o tráfico internacional de drogas realizado pela chamada Rota Solimões e apontou que a organização criminosa é responsável também por uma extensa rede de crimes que inclui homicídios, lesões corporais, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, entre outros.
As investigações apontaram que a FDN possuía Estatuto e Código de Ética próprios, esse último conhecido como “Doutrinas da Família”. Qualquer medida adotada pelos integrantes da organização que fugisse às regras emanadas do Estatuto e Código de Ética, seria rigidamente punida.
Investigações do MPF e da PF apuraram também, por meio de interceptações telefônicas, que a facção criminosa detinha o controle de diversos presídios no interior e na capital do Amazonas.
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