
Iniciativa reúne artistas mestras em processo criativo e fomenta a cena com ateliê e oficinas. (Foto: Divulgação)
O Ateliê de Criação O Tempo no Corpo, idealizado pela artista Francis Baiardi, busca discutir e valorizar os corpos longevos na dança do Amazonas. Neste projeto, Francis assume os papéis de propositora, pesquisadora, professora e diretora artística, conduzindo artistas mestras em um processo de criação e reflexão sobre o tempo, o corpo e a potência criativa.
As artistas convidadas Cleia Alves, 57 anos, Jeanne Abreu, 69 anos, e Susana Cláudia, 61 anos, participam deste ateliê, que iniciou neste mês de julho com preparação corporal e segue até agosto, quando apresentarão solos autorais ainda em processo. O projeto também conta com a participação da Mestra Ana Mendes, convidada para contribuir com um minidocumentário que registra sua trajetória na dança.
A artista pesquisadora coloca em pauta a discussão acerca do corpo experiente na dança cênica ou envelhecimento na dança, como: o etarismo na dança, a desconstrução de padrões corporais e o preconceito contra corpos idosos.
“Quando a gente chega a uma certa idade, o corpo tem suas mudanças fisiológicas, mas a longevidade de um artista continua potente. Tenho energia, quero continuar trabalhando e existindo artisticamente. Essa pauta é urgente, porque esses corpos ainda estão em movimento, têm sensibilidade, história e sabedoria a compartilhar”, destaca Francis.
Oficina
Como parte do processo, será realizada a oficina “SeRidículo: Corpo Somático Performance”, nos dias 8 e 10 de julho, ministrada pelo artista Francisco Rider. A oficina propõe a exploração do ridículo como ferramenta criativa, desafiando padrões e expectativas sobre o corpo e a performance. O método envolve práticas somáticas, improvisação e jogos performáticos, ampliando as possibilidades de expressão dos corpos maduros na arte.
“A oficina oferece procedimentos que atravessam improvisação, criação, somáticos e performance para que o artista ou qualquer pessoa se despadronize de saberes fixos, abrindo-se para outras possibilidades de se apresentar. O ridículo aqui é uma ferramenta filosófica e existencial, que permite atravessar estados corporais do trágico ao cômico, aprofundando o autoconhecimento e a metamorfose do corpo diante do tempo”, explica Francisco.
Mais que uma ação artística, o Ateliê de Criação O Tempo no Corpo é um gesto de reconhecimento e permanência. O projeto questiona padrões etaristas, reafirmando a potência dos corpos maduros na cena cultural e propondo uma nova forma de olhar para o tempo: não como limite, mas como acúmulo de saber, presença e expressão.
Este projeto foi contemplado no Edital Macro de Chamamento Público nº 002/2024, da Lei nº 14.399 – Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB Manaus), com apoio da ManausCult, Conselho Municipal de Cultura, Prefeitura de Manaus, Ministério da Cultura e Governo Federal. A realização é da Avá Produção Cultural, de Francis Baiardi, com assistência de produção de Jady Castro, e conta com o apoio da Escola Superior de Artes e Turismo (ESAT/UEA) e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC).
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