Comunidades do Médio e Alto Solimões planejam defesa de territórios em reunião sobre manejo do pirarucu

Comunidades do Médio e Alto Solimões planejam defesa de territórios em reunião sobre manejo do pirarucu

Evento organizado pelo Instituto Mamirauá também reconheceu os destaques de 2024. (Foto/texto: Tácio Melo )

Com o objetivo de discutir novas demandas e soluções para o aprimoramento do manejo de pirarucu no Amazonas, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá realizou no dia 03 de julho, a 16ª edição do Encontro de Manejadores e Manejadoras de Pirarucu da região do Médio e Alto Solimões. O evento ocorreu no Centro de Convivência do Idoso Manuel Armando da Silva Retto, na cidade de Tefé.

Além dos profissionais da área de manejo, meio-ambiente e pesca, participaram do evento pesquisadores e coordenadores do Instituto Mamirauá; a Federação dos Manejadores e Manejadoras de Pirarucu de Mamirauá (Femapam); representantes do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Fonte Boa (IDSFB); da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Limpeza Pública de Tefé (Semalp); e da Marinha do Brasil (Agência Fluvial de Tefé).

Durante o encontro, importantes temas foram debatidos junto aos profissionais das áreas de manejo assessorados pelo Instituto Mamirauá e também das regiões gerenciadas pela Femapam, dentre eles os desafios inerentes à proteção dos territórios e os canais de comunicação junto aos órgãos públicos para realização de denúncias.

Para a coordenadora de Manejo e Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres, poder desenvolver temas voltados para a vigilância e fiscalização de manejo foi muito importante, tendo em vista a necessidade de conhecimento e melhorias que envolvem o assunto.

“É a primeira vez que trazemos esse tema e isso se tornou necessário por conta dos desafios inerentes à atividade de proteção dos territórios onde são realizados o manejo do pirarucu. Então, com essa boa participação de manejadores aqui, poderemos protocolar e enviar a carta que produzimos durante as atividades, de modo que chegue aos órgãos e instituições atribuídos à fiscalização, para que possam colaborar positivamente com as demandas e sugestões apresentadas”, explicou.

Além disso, o encontro também promoveu o debate sobre o papel das instituições na gestão ambiental e na implementação e execução de políticas relacionadas ao meio ambiente.

Ao fim das atividades e dentro de cada tema, os manejadores tiveram a oportunidade de opinar, tirar dúvidas e relatar experiências ocorridas no ano de 2024 e no primeiro semestre de 2025, relacionadas à segurança e à prática de manejo em seus territórios. Para o presidente da Associação de Manejadores de Jutaí (ACJ), Ocemir Santos, esta foi uma oportunidade única.

“É muito importante esse assunto por ser um desafio para as comunidades, para nós, manejadores, e para as coordenações. Esse encontro abre caminhos para os desafios que enfrentamos diariamente, de modo que possamos vencer esses obstáculos. Aqui é uma troca de experiência entre profissionais e manejadores e isso só veio para contribuir e melhorar ainda mais nosso trabalho”, destacou.

Reconhecimento e homenagens

Durante o evento foi realizada a entrega de prêmios “Melhores do Ano 2024”, que garantiu o reconhecimento de profissionais, associações e manejadores que tiveram participação exemplar no desempenho de suas atividades ao longo do ano 2024.

Na oportunidade, foram entregues certificados de menção honrosa aos profissionais contemplados, além da entrega de prêmios aos vencedores do maior e do mais pesado pirarucu de manejo em 2024.

Houve ainda a entrega do prêmio “Edna Alencar”, direcionado às mulheres que atuam efetivamente no manejo do pirarucu, e que, inicialmente, homenageou aquela que dá nome à honraria, a professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Edna Alencar.
Desde 2012, quando começou a acompanhar o processo de construção do apoio de pesca, Edna notou a efetiva participação das mulheres e suas barreiras no manejo, o que a motivou a pesquisar e buscar soluções para resolver os problemas enfrentados, de modo a levar melhorias e garantir uma maior participação feminina na área.

“Minha pesquisa foi em direção a solucionar problemas enfrentados pelas manejadoras, tornando-as mais ativas e participativas dentro do manejo. Foi um trabalho longo, mas já notamos um grande avanço. Elas são figuras importantes, são pessoas que assumem papel de liderança dentro de seus territórios, e hoje elas percebem a importância do trabalho feminino na área e a capacidade de participarem ativamente do processo como um todo”, ressaltou a pesquisadora associada ao Instituto Mamirauá, e aproveitou ainda para agradecer pela homenagem recebida.

“Para mim, é uma honra poder não apenas ser premiada, mas dar nome a algo tão importante e que, tenho certeza, que vai motivar muitas mulheres, o prêmio “Edna Alencar”. Me sinto grata, feliz e realizada por essa homenagem e continuarei trabalhando para que participação das mulheres no manejo seja cada vez maior e mais efetiva”, afirmou.

Finalizando as homenagens, foi dedicado um minuto de silêncio aos manejadores e manejadoras falecidos entre os anos 2024 e 2025, como forma de reconhecimento e agradecimento por todo o trabalho realizado.

Práticas de manejo do pirarucu

Desde 1998, o Instituto Mamirauá atua como centro pesquisa aplicada de pesca vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Diante disso, o instituto desenvolveu o manejo sustentável e participativo do pirarucu (Arapaima gigas) beneficiando comunidades ribeirinhas.

Vale destacar que essa ação tem como objetivo recuperar os estoques de pirarucu e gerar renda aos manejadores, de modo que as comunidades possam estar envolvidas em todas as etapas do processo de manejo. Atualmente, mais de 200 comunidades ribeirinhas do Médio ao Alto Solimões participam e desenvolvem ativamente essas atividades nos municípios de Tefé, Alvarães, Maraã, Uarini e Fonte Boa, estendendo ainda a prática para as áreas urbanas desses municípios.

Apoio

A 16ª edição do Encontro de Manejadores e Manejadoras do Médio e Alto Solimões contou com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Projeto Socioecologia do Pirarucu, das Universidades Virgínia Tech e Indiana, nos Estados Unidos; e Prefeitura Municipal de Tefé.

Veja também
Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Portal do Marcos Santos
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.