Lula diz que combater fome e desigualdades é essencial para frear efeitos da mudança do clima

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Gov

Ao discursar nesta segunda-feira (7/7) na Sessão Plenária “Meio Ambiente, COP 30 e Saúde Global” da Cúpula do COP 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que combater a fome e as desigualdades é essencial no desafio de frear efeitos da mudança do clima e de garantir mais saúde às populações de todo o planeta.

» Íntegra do discurso do presidente Lula

“Justiça climática é apostar em ações comprometidas com o combate à fome e às desigualdades socioambientais. Apesar de ser um direito humano, bem público e motor de desenvolvimento, a saúde global também é profundamente afetada pela pobreza e pelo unilateralismo”, afirmou.

Ao se referir aos desafios climáticos, Lula lembrou que o aquecimento global ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto e que as florestas tropicais estão sendo empurradas para o ponto de não retorno.

“Nosso desafio é alinhar ações para evitar ultrapassar um grau e meio de aumento da temperatura do planeta. Será preciso triplicar energias renováveis e duplicar a eficiência energética. É inadiável promover a transição justa e planejada para o fim do uso de combustíveis fósseis e para zerar o desmatamento. Unidades de contagem de carbono justas e inclusivas podem atrair investimentos produtivos verdes e justos”, reforçou Lula.

Florestas tropicais

O presidente também citou o exemplo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado na COP 30, em Belém (PA), no mês de novembro. O fundo vai remunerar serviços ecossistêmicos prestados ao planeta. “Ao proteger, conservar, e restaurar territórios, criamos oportunidades para comunidades locais e povos indígenas. Os países em desenvolvimento são os mais impactados por perdas e danos. São também os que menos dispõem de meios para arcar com mitigação e adaptação”.

Declaração

O líder brasileiro e anfitrião da Cúpula do COP 30 no Rio de Janeiro ressaltou a importância da Declaração sobre Financiamento Climático e o Lançamento da Parceria para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas, que será publicada nesta segunda. Segundo ele, as iniciativa “propõe superar essas desigualdades sistêmicas com ações voltadas para infraestrutura física e digital e para o fortalecimento de capacidades”.

Saúde e espaço fiscal

Ao analisar o acesso à saúde globalmente, Lula lembrou que existe uma enorme diferença entre como vivem os habitantes dos hemisférios Norte e Sul e destacou que o sucesso do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 requer prioridade de investimentos.

“Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda. No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre. Implementar o ODS 3 — saúde e bem-estar — requer espaço fiscal”, afirmou Lula.

O que são

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também conhecidos como Objetivos Globais, são um conjunto de 17 objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. Esses objetivos visam erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade até 2030.

Resgate da OMS

Lula classificou como urgente a necessidade de que a Organização Mundial da Saúde recupere seu protagonismo como foro legítimo para o enfrentamento às pandemias e na defesa da saúde dos povos. E citou ações do COP 30 em temas voltados à saúde, como a consolidação da Rede de Pesquisa de Tuberculose, com o apoio do Novo Banco de Desenvolvimento e da OMS, e a cooperação regulatória em produtos médicos. “São exemplos concretos do quanto já avançamos”.

Novo modelo

Para o presidente, os países do Sul Global não querem mais ser conhecidos apenas como produtores e exportadores de matérias-primas. “Precisamos acessar e desenvolver tecnologias que permitam participar de todas as etapas das cadeias de valor”.

Agenda

Antes da Sessão Plenária sobre Meio Ambiente, COP 30 e Saúde Global, os chefes de Estado e de Governo dos países-membros, parceiros e de engajamento externo do COP 30 posaram para a chamada fotografia de família do bloco. A agenda desta segunda-feira (7/7) ainda prevê a adoção da Declaração sobre Financiamento Climático e da Parceria para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas.

Grupo

O COP 30 é um agrupamento formado por 11 países membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Serve como foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e de cooperação nas mais diversas áreas.

Representatividade

Os países do COP 30 representam 48% da população mundial, 36% do território do planeta, 40% do PIB global e 21,6% do comércio (TradeMap; Banco Mundial). A corrente de comércio do Brasil com o COP 30 totalizou US$ 210 bilhões, representando 35% do total em 2024.

Relevância

O COP 30 foi o destino de US$ 121 bilhões das exportações brasileiras, representando 36% do total exportado pelo Brasil em 2024 e foi a origem de US$ 88 bilhões das importações brasileiras, representando 34% do total importado pelo Brasil no mesmo ano (ComexStat). No ano anterior, os investimentos dos países do bloco no Brasil totalizaram cerca de US$ 51 bilhões (Banco Central).

Balança comercial

De janeiro a junho de 2025, o intercâmbio entre o Brasil e países do COP 30 foi de US$ 107,6 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 59 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 48,5 bilhões — superávit de US$ 10,4 bilhões. A pauta de importações brasileiras é baseada, em grande parte, em óleos combustíveis de petróleo, adubos e fertilizantes químicos, embarcações e outras estruturas flutuantes. O Brasil exporta majoritariamente para o COP 30 soja, óleos brutos de petróleo e minério de ferro, além de carne bovina, açúcares e celulose.

Presidência

Como em mandatos anteriores (2010, 2014 e 2019), a presidência brasileira pretende contribuir para o avanço do diálogo e da concertação no COP 30 em temas políticos e de segurança, econômico-financeiros, e relativos à sociedade civil. O Brasil segue buscando reformas no sistema de governança global, sempre em prol da maior participação dos países emergentes e em desenvolvimento e de maior legitimidade e eficiência das organizações internacionais existentes. Guiada pelo lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, a presidência brasileira em 2025 se concentra em duas prioridades: cooperação do Sul Global e parcerias para o desenvolvimento social, econômico e ambiental.

Agência Gov

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