PT vai às urnas hoje para escolher novo dirigente do partido

PT vai às urnas hoje para escolher novo dirigente do partido

Depois de oito anos sob o comando de Gleisi Hoffmann, atual ministra da Secretaria de Relações Institucionais, o Partido dos Trabalhadores realiza, hoje, as eleições para eleger um novo presidente para a sigla. O escolhido terá a missão de unir as correntes do partido e viabilizar a possível candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição em 2026.

A disputa pela presidência nacional reúne quatro nomes com trajetórias políticas distintas. São eles: Edinho Silva (Construindo um Novo Brasil), Rui Falcão (Novo Rumo), Romênio Pereira (Movimento PT) e Valter Pomar (Articulação de Esquerda). No mês de junho, os candidatos participaram de debates internos, em que apresentaram suas propostas para o futuro da legenda.

Filiados

Cerca de 3 milhões de filiados estão aptos a participar do Processo de Eleições Diretas, que elegerá também representantes municipais e estaduais. O pleito se dá em um momento de inflexão para o PT. O partido, que voltou ao Palácio do Planalto com a eleição de Lula, busca agora resgatar sua força orgânica, sem perder a capacidade de articulação institucional.

O favorito na disputa é o candidato apoiado pelo chefe do Planalto, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva. Foi ministro da Secretaria de Comunicação Social no governo Dilma Rousseff e, atualmente, preside o diretório estadual de São Paulo. Ao Correio, o político ressaltou seu esforço de diálogo com a militância e disse que sua prioridade é articulação para a reeleição de Lula.

Fortalecimento

Edinho defende que o PT lidere o fortalecimento institucional do país, com uma reorganização interna, melhor comunicação e maior proximidade com a população. Ele também pede por um novo congresso do partido, além do debate sobre o modelo político brasileiro que, segundo ele, se transformou num “semipresidencialismo informal”, com crescente poder do Legislativo.

O principal adversário de Edinho é o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), que presidiu a sigla entre 2011 e 2017 e tem condições de levar a disputa para um eventual segundo turno, que poderá ser realizado em 20 de julho.

Quando lançou sua candidatura, em maio, o deputado criticou o movimento do partido em direção ao centro e disse que o Partido dos Trabalhadores deveria focar nos movimentos sociais, com a defesa de pautas como a revogação da escala 6×1, a taxação de super-ricos e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Base social

“São coisas que vão dialogar mais com a nossa base social e eleitoral. Essa ida para o movimento social, para a nossa principal base, é um contraponto para o excesso, do ‘vamos dirigir ao centro, o PT mudou’. A classe trabalhadora continua explorada”, disse Rui Falcão na ocasião.

Outro candidato, o historiador Valter Pomar representa o setor mais ideológico do PT. Ele propõe a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, além da industrialização do país e da soberania alimentar e energética. Para ele, a agremiação precisa recuperar seu papel como protagonista das lutas sociais. Também criticou o favoritismo de Edinho Silva, que, segundo ele, baseia-se mais no apoio informal de Lula do que em propostas concretas.

“Mais importante do que votar no candidato do Lula é votar num candidato que defenda o PT, o governo e o próprio Lula, inclusive, contra os erros que ele comete”, disse.

Fundador

Romênio Pereira, por sua vez, é membro fundador do PT e secretário de Relações Internacionais do partido. Com longa trajetória na estrutura partidária, é visto como um nome conciliador. Ele afirmou que sua principal missão é contribuir para a reeleição de Lula e reorganizar o partido a partir da base. O político destacou que mantém uma “excelente” relação com o presidente e acredita que a eleição deve ser um momento de reafirmação da democracia interna e fortalecimento coletivo da sigla.

Renovação

O partido vive um momento bem diferente de 2017, quando Gleisi Hoffmann assumiu o comando. À época, o PT enfrentava a maior crise desde sua criação. Diversos ícones da legenda foram presos ou indiciados pela Operação Lava-Jato, comandada pelo então juiz Sergio Moro, atual senador. No ano anterior, a então presidente Dilma Rousseff havia passado por um traumático processo de impeachment.

Lula, longe do Planalto desde 2011, estava cada vez mais próximo da prisão, o que se concretizou no ano seguinte, em 2018. Sem ele no páreo, o caminho ficou livre para Jair Bolsonaro (à época no PSL) vencer o candidato petista Fernando Haddad nas eleições presidenciais.

Com menor representação no Congresso que em anos anteriores, o PT, sob Gleisi, voltou a ser oposição. Após a Justiça anular a condenação de Lula na Lava-Jato, o petista voltou a ser elegível e venceu Bolsonaro em 2022, assumindo seu terceiro mandato como presidente da República.

Conheça os candidatos ao PT Nacional

Edinho Silva — 60 anos, apoiado por Lula, é ex-prefeito de Araraquara (SP) e representa a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB). Defende a reconstrução de alianças de 2022 para o pleito de 2026.

Rui Falcão — 81 anos, é dos quadros históricos do partido. Foi coordenador das campanhas de Lula (1994) e Dilma (2010). É apoiado por setores da corrente Novo Rumo e pede o fortalecimento da articulação com movimentos populares, além da retomada da militância de base.

Valter Pomar — 58 anos, pertence ao lado mais ideológico do PT e é dirigente da corrente Articulação de Esquerda. Defende a revogação de reformas e a reaproximação do partido dos movimentos sociais.

Romênio Pereira — 65 anos, é membro fundador do partido e representa o Movimento PT. É visto como conciliador e sustenta o fortalecimento da sigla na base, com foco nos municípios.

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