Garantido encerra o 58º Festival de Parintins exaltando as lutas do povo brasileiro e os saberes da Amazônia

Garantido encerra o 58º Festival de Parintins exaltando as lutas do povo brasileiro e os saberes da Amazônia

Com o tema “Garantido, Boi do Brasil”, o bumbá vermelho e branco homenageou a força da cultura popular brasileira (Foto: Elinaldo Tavares)

O Boi-Bumbá Garantido encerrou, na madrugada desta segunda-feira (30), sua participação no 58º Festival de Parintins com um espetáculo marcado por emoção, crítica social e reverência às raízes amazônicas. Com o tema “Garantido, Boi do Brasil”, o bumbá vermelho e branco homenageou a força da cultura popular brasileira e destacou a importância dos saberes tradicionais da floresta.

Inspirado nas palavras do criador do boi, Mestre Lindolfo Monteverde — “o boi é brinquedo, mas não é brincadeira” — o Garantido reafirmou seu compromisso com a resistência dos povos da Amazônia. Na arena, o bumbá uniu tradição e inovação ao exaltar os povos da floresta, suas lutas e espiritualidade.

Em um dos momentos mais simbólicos, o boi reuniu bois de diferentes regiões do Brasil em uma grande celebração da cultura popular. A alegoria trouxe a diversidade de ritmos, cores e tradições, representando a força da união entre as manifestações culturais do país. A porta-estandarte Jevenny Mendonça surgiu do “coração do Brasil” ao lado da sinhazinha Valentina Coimbra, exaltando o protagonismo feminino no espetáculo.

Foto: Elinaldo Tavares

Entre os destaques da noite esteve a lenda da Deusa das Águas, entidade mítica com corpo de mulher e cauda de peixe, guardiã dos rios e igarapés. A personagem foi interpretada pela Rainha do Folclore, Livia Cristina, que encantou o público ao representar o equilíbrio entre natureza e espiritualidade.

O bumbá também prestou homenagens emocionantes. O compositor Chico da Silva, autor da clássica toada “Vermelho”, foi reverenciado, assim como o tripa Denildo Piçanã, que se despediu oficialmente da figura do boi.

A figura típica regional deste ano destacou o protagonismo das artesãs indígenas, cujas obras artesanais foram apresentadas como símbolos de resistência cultural e preservação ambiental. A cunhã-poranga Isabelle Nogueira protagonizou esse momento ao surgir em uma alegoria que exaltou a força das mulheres indígenas.

Encerrando sua apresentação com um mergulho na espiritualidade, o Garantido trouxe à arena o Ritual Bahsese, do povo Tukano, originário do Alto Rio Negro. A encenação representou a cerimônia de cura conduzida pelos pajés kumuã, que acessam forças cósmicas utilizando elementos como tabaco, paricá e kahpi. O ritual foi conduzido pelo pajé Adriano Paketá.

Foto: Elinaldo Tavares

Ao final de sua apresentação, o Garantido reforçou sua identidade como o “boi do povo”, que canta as dores e esperanças do Brasil profundo. Com arte, fé e resistência, o bumbá vermelho encerrou o festival celebrando a Amazônia e os que lutam por ela.

Texto: Oliver Freire – Especial para o Portal Marcos Santos

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