
Foto: Elinaldo Tavares
Em uma noite marcada pela emoção, o Boi Garantido encerrou a segunda noite do Festival de Parintins, neste sábado (28), com uma celebração à diversidade cultural do país e à força ancestral da Amazônia.
O boi da Baixa do São José mostrou por que é chamado de “Boi do Povão”, levando à arena o sentimento de orgulho de ser brasileiro. O repertório foi mesclado com clássicos do bumbá, o ponto alto da apresentação, com o apresentador Israel Paulain e o levantador David Assayag envolvendo a galera com as toadas antigas que sustentaram a noite.
A apresentação começou reverenciando os patrimônios culturais do Brasil, exaltando manifestações populares e as tradições indígenas, afro-brasileiras e caboclas que compõem o mosaico da nossa identidade nacional. Na alegoria da exaltação folclórica vierem o boi Garantido, a porta-estandarte Jeveny Mendonça e a sinhazinha Valentina Coimbra.

Foto: Elinaldo Tavares
Na lenda amazônica apresentada, o Garantido transportou o público para a era dos grandes cacicados, com a epopeia de Tamapú — o guerreiro que se apaixona por uma princesa do império dos urubus. Num enredo carregado de simbolismos, Tamapú enfrenta criaturas míticas e provações para provar a força do amor. A narrativa trouxe elementos visuais imponentes, coreografias precisas e a intensidade dramática do folguedo amazônico, contada ao som de toadas emocionantes. A cunhã-poranga Isabele Nogueira foi o destaque da alegoria que levantou a galera com sua performance.
A figura típica regional prestou homenagem às tacacazeiras — mulheres que preservam, geração após geração, a culinária tradicional amazônica. Representadas com destaque, elas reforçaram o protagonismo feminino nas manifestações culturais da região. Quem veio na alegoria foi a rainha do folclore, Lívia Cristina.

Foto: Elinaldo Tavares
O ritual indígena trouxe à arena o Ajié, da etnia Madija Kulina, transformando o Bumbódromo em um espaço de conexão espiritual. O espetáculo abordou o embate entre mundos e espíritos, evocou os Tocorimes e apresentou o Tocorime-Onça, em uma narrativa que reforçou a resistência e a sabedoria dos povos originários com a dança do pajé, Adriano Paketá.

Foto: Elinaldo Tavares
Ao final, o Garantido foi ovacionado pela arena, consolidando uma apresentação potente do ponto de vista artístico, cultural e político. O boi vermelho reafirmou seu compromisso com a valorização da cultura popular e com as vozes que ecoam da floresta para o mundo.
Texto: Oliver Freire – Especial para o Portal do Marcos Santos
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