
Fotos: Elinaldo Tavares e Peta Cid
O Boi Caprichoso voltou a dar espetáculo em mais uma noite impactante neste sábado, dia 28, com momentos mágicos na apresentação de kizomba: a Retomada pela Tradição. O boi azul e branco celebrou a retomada do povo preto, a memória e a história, a sua própria origem, envolvendo a galera em momentos de muita emoção.
Foi uma noite de retomada feita pela alegria de povos afrodiaspóricos que souberam festejar em meio à dor, quebrando grilhões embaixo do Boi Negro de Parintins. A arena da Kizomba não carregou apenas um espetáculo, mas séculos de resistência, fé e identidade amazônica.
Na chegada do apresentador Edmundo Oran e do levantador de toadas Patrick Araújo, a sinfonia musical reviveu a tradição de toadas imortais como Aquarela do Touro Negro, de Raimundinho Dutra, na trilha que servia de fundo para o texto de apresentação – “Boi Caprichoso é, lapidação de boi-bumbá e o verdadeiro reinado”.

Fotos: Elinaldo Tavares e Peta Cid
O boi cantou suas tradições, retomando a força viva na festa, reverenciando a memória negra invisibilizada pelo racismo estrutural brasileiro, luta e resistência da tradição Caprichoso. Dona Sila Marçal, Marujeiro Calango, comunidades como o Parananema, o Aninga e o Macurany demonstram a vitalidade de negras raízes, presentes no couro do boi, a marca identitária de lutas, memórias e afetos.
O Caprichoso brilhou mais uma vez com o amo Caetano Medeiros desafiando o contrário e exaltando o bumbá com sua história, seus donos, os encantos da floresta, os saberes dos povos originários e o orgulho caboclo que pulsa no coração de Parintins.
A figura típica regional Marandoreiros e Marandoeiras da Amazônia foi a primeira alegoria da noite para homenagear os contadores de histórias, que revivem memórias, histórias e ensinamentos, compartilhando e reverenciando o conhecimento ancestral.

Fotos: Elinaldo Tavares e Peta Cid
O bumbá defendeu que contar histórias se configura como um dos hábitos mais prazerosos do cotidiano de quem vive nos interiores da Amazônia.
A alegoria trouxe a porta-estandarte Marcela Marialva e a sinhazinha da fazenda , Valentina Cid, cada uma evoluindo em três toadas, o que deu dinamismo na apresentação.
A lenda Amazônica Sacaca Merandolino, o encantado de Arapiuns, impressionou pela ousadia e beleza plástica. Uma gigante serpente que impressionou o Bumbódromo foi içada em plena arena trazendo a rainha do folclore Cleise Simas, enquanto o cenário fantástico de seres da floresta se movia para reverenciar o eterno guardião das águas escuras do rio Arapiuns, um rio de águas e direitos.
A alegoria surpreendeu pela grandiosidade, plástica e movimentos perfeitos.

Fotos: Elinaldo Tavares e Peta Cid
O Boi Caprichoso exibiu nesta noite a retomada dos espíritos Munduruku, como forma de resistência da vida na floresta. O ritual Musudi Munduruku – A Retomada dos Espíritos detalhou a retomada e o resgate pelas mulheres das doze Itigã’s, as urnas funerárias que estavam presas em museu de pariwat.
O pajé Erick Beltrão fez a sua evolução em mais uma apresentação impressionante. Cada alegoria, cada dança, cada batida do tambor ecoava como um chamado ancestral, mostrando que tradição não é passado estagnado, mas um fio que liga o ontem ao agora, tecido com suor, memória e luta.
A Kizomba se transformou em um terreiro sagrado, onde o boi dançou com os negros, encantados, pajés e os ribeirinhos, celebrando a cultura viva de Parintins.
Texto: Peta Cid – Especial para o Portal do Marcos Santos

Fotos: Elinaldo Tavares e Peta Cid

Fotos: Elinaldo Tavares e Peta Cid

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