Setor da saúde gerou mais de 34 mil novos empregos no primeiro trimestre de 2025

Setor da saúde gerou mais de 34 mil novos empregos no primeiro trimestre de 2025

O mercado de trabalho na área da saúde no Brasil demonstrou forte dinamismo e capacidade de geração de empregos, mostrou o Relatório do Emprego na Cadeia Produtiva de Saúde, divulgado na semana passada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

O levantamento, feito entre dezembro do ano passado e março deste ano, mostrou que os setores público e privado de saúde geraram 34.811 novos postos de trabalho formais no primeiro trimestre de 2025.

Relatório

O Relatório do Emprego na Cadeia Produtiva de Saúde utilizou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para medir empregos gerados no setor privado e informações de portais da transparência de municípios, entes federativos e da União para contabilizar oportunidades preenchidas no setor público.

“Ao todo, o relatório mostrou que a cadeia da saúde empregou um total de mais de 5 milhões (5.188,268 milhões) de pessoas no país. Esse número representa 10,8% do total de empregados no país”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.

Empregos

Ele destaca que, entre dezembro de 2024 e março de 2025, o emprego na cadeia aumentou 0,7%. Nesse período, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,4%. “Na cadeia da saúde, o crescimento foi em um ritmo mais moderado que o da economia geral, mas que ainda assim demonstra a estabilidade e a resiliência do setor”, observa Cechin.

Setor privado

O relatório do IEES mostra que, dos 5,2 milhões de vínculos formais na área da, cerca de 4,2 milhões estão no setor privado.

O superintendente também ressalta a diferença no desempenho entre os setores público e privado. “Neste primeiro trimestre de 2025, no setor privado, houve crescimento do emprego em todas as regiões do Brasil. Cresceu 1,1% no primeiro trimestre deste ano. Já no setor público aconteceu o oposto. Houve diminuição do emprego no setor público nesse primeiro trimestre do ano”, com uma retração nacional de 1,2%”, detalha.

De acordo com Antônio Britto, diretor executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a resiliência e o avanço nas contratações no setor privado de saúde não são novidades. Segundo ele, há uma demanda constante pelos seus serviços oferecidos por hospitais e clínicas. “Essa demanda por serviços de saúde é mantida independentemente da situação econômica”, disse.

Sociedade

José Cechin, por outro lado, aponta uma mudança no comportamento da sociedade brasileira, acentuada pela pandemia de covid-19. “As pessoas prezam por saúde, querem se cuidar mais, além de ter mais consciência em relação aos cuidados de saúde do que havia 15 anos atrás”, opinou José.

Valorização

Essa maior valorização da saúde, continua o superintendente do IEES, leva as pessoas a buscarem “mais consultas médicas, mais tratamentos, mais exames e mais serviços de internação”, explica. O aumento na procura por serviços, por sua vez, exige que o setor de saúde tenha de contratar profissionais para suprir essa demanda. “A demanda explica o fato de haver esse impulso nas contratações”, conclui.

Envelhecimento

O último Censo do IBGE (2022) mostrou que o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em 12 anos. Sob a perspectiva de envelhecimento populacional no Brasil, as pessoas tendem a procurar por mais serviços de saúde, argumenta Antônio Britto.

“Essa tendência vem fortalecendo um horizonte de que serviços hospitalares precisam ter mais equipes médicas, mais equipamentos e mais instalações”, aponta.

A economista Jéssica Maia, consultora da GO Associados, corrobora a ideia de que o “envelhecimento populacional aumenta a demanda por cuidados crônicos (de saúde) e também gera incentivos para o aumento de contratações” na área médica.

Além disso, sobretudo no setor privado, considerou José Cohin, “tem a dinâmica de responder às demandas. Se a demanda cresceu, o setor vai empregar”. O mesmo raciocínio, porém, não é aplicado no setor público.

Prestadores de serviço

O relatório produzido pelo IEES também destaca que as maiores gerações de empregos abrangem os “prestadores de serviços” na área de saúde. Essa lista inclui hospitais, clínicas, laboratórios, consultórios médicos, entre outros. A economista Jéssica Maia frisa que “os prestadores de serviço responderam por 127.372 vagas nesse período, concentrando quase 75% do total de empregos” criados na cadeia privada.

Segundo Antônio Britto, “56% dos hospitais da ANAHP estão conseguindo executar os seus projetos de expansão no ano de 2025”. Isso implica na construção de “mais leitos, com mais serviços e com mais funcionários”.

Enfermagem

Antônio Britto destaca que as áreas que mais demandam contratações em clínicas e hospitais são as profissões de técnico e graduados em enfermagem. “Cada cada leito novo, acima e antes de tudo exige equipes de enfermagem”, classificou. Embora outras áreas de apoio hospitalar também demandem contratações, a enfermagem é a primeira e maior necessidade.

A economista Jéssica Maia complementa que o Brasil ainda possui um número de médicos e enfermeiros por habitante abaixo da média de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que “reforça a necessidade de expansão da força de trabalho”.

“Em 2019, o Brasil apresentava cerca de 2,3 médicos e de 7,4 enfermeiros por mil habitantes, respectivamente, abaixo da média dos países membros da OCDE (3,6 e 8,8, respectivamente), reforçando a necessidade de expansão da força de trabalho para a melhoria dos serviços assistenciais prestados”, comenta.

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