Começa a fila das galeras no Bumbódromo, tradição, paixão e sacrifício na Festa dos Bumbás

A rivalidade entre Caprichoso e Garantido vai muito além das apresentações no Bumbódromo. Em 2025, como ocorre todos os anos, o Festival Folclórico de Parintins começa dias antes da abertura oficial, nas longas filas formadas pelas galeras apaixonadas que disputam, palmo a palmo, os melhores lugares para assistir ao espetáculo.

Neste ano, as primeiras pessoas a chegarem às filas das galeras foram duas jovens mulheres que mantêm viva a tradição com garra, organização e muito amor pelos seus bois.

Do lado vermelho e branco, a estudante Maria Eduarda Xavier, de 17 anos, conhecida como Duda Xavier, foi a primeira a ocupar a fila do Garantido. Acompanhada de um grupo de amigos, chegou no início da tarde, determinada a conquistar o espaço mais cobiçado da arquibancada.

“A gente já tem quase certeza que o Garantido vai ganhar esse ano. E aqui na fila também é uma disputa, quem chega primeiro, quem pega o melhor lugar. Ano passado a gente foi o segundo e ficou com isso na cabeça. Esse ano viemos determinados, conseguimos ser os primeiros, já deu entrevista, já deu confusão, mas a gente não deitou”, contou Duda.

Pelo lado azul e branco, quem lidera a fila do Caprichoso é a estudante de fisioterapia Yasmim Guimarães, de 18 anos. Ela chegou com mais de uma semana de antecedência, motivada pelo amor ao boi e pelo espírito coletivo que move os torcedores. “Acho que é o amor pelo Caprichoso que move a gente. Estamos aqui há dias, enfrentando sol, chuva, revezando com amigos, todo mundo se ajuda. É uma solidariedade bonita de ver”, afirmou.

Yasmim também demonstrou carinho pela torcedora veterana Cris, tradicionalmente a primeira da fila em edições anteriores: “Sinto falta dela, é uma pessoa muito especial. No ano passado ficamos logo atrás e foi uma troca muito boa”.

A presença de Duda e Yasmim na linha de frente das galeras reforça o quanto o Festival de Parintins vai além da arena. A tradição se constrói nas ruas, nas filas, no esforço coletivo e na resistência de quem transforma a espera em celebração. São jovens como elas que mantêm viva a chama do maior espetáculo a céu aberto da cultura popular brasileira.

Texto: Peta Cid – Especial para o Portal Marcos Santos