
Foto: Bruno Leão/Sedecti
Com vivências que atravessam o artesanato, a pesca, a produção rural e o extrativismo, os municípios de Borba e Humaitá protagonizaram, nesta terça-feira (06/05), as mais recentes escutas públicas para a construção do Plano Estadual de Bioeconomia. Entre as sugestões dos participantes, destacam-se propostas voltadas à valorização dos saberes tradicionais, à inclusão produtiva e ao fortalecimento da cadeia sustentável local.
Essa escuta cidadã, promovida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), tem como objetivo ouvir diretamente os munícipes, como explica o assessor da pasta, Adriel Nogueira, seguindo a orientação do governador Wilson Lima e do titular da Sedecti, Serafim Corrêa.
“Estivemos no município para coletar as demandas da comunidade, entender os potenciais locais e, a partir disso, elaborar um plano de bioeconomia que não fique só na teoria, mas que tenha os pés no chão de cada município”, reforça.
Durante o evento, as artesãs Rosana da Silva, 44, e Maria Neide Colares, 66, destacaram a importância do artesanato como fonte de renda para dezenas de mulheres da comunidade, que produzem peças sustentáveis a partir de materiais recicláveis e recursos naturais da floresta, como cipó, sementes e madeira. O grupo, formado por cerca de 16 mulheres, expressou o desejo de fortalecer sua atuação por meio da formalização de uma associação.
“Nosso trabalho é fonte de renda e representa saberes passados de geração em geração. Iniciativas como essa fortalecem nosso ofício, a bioeconomia amazônica e ampliam as oportunidades para as comunidades artesãs”, disse Rosana.
A escuta em Borba reuniu representantes da gestão pública e de entidades locais. Para Marcos Vinícius Pantoja, engenheiro de pesca da Secretaria Municipal de Produção Rural, a elaboração dos planos de bioeconomia e o diálogo entre população e poder público são fundamentais.
“Com o plano, nós teremos um norte e poderemos definir ações que contribuam para o desenvolvimento das atividades, sejam elas pesqueiras ou agrícolas. A partir disso, será possível traçar um planejamento que alinhe ideias, diversifique a matriz econômica do município, gere renda e permita que, principalmente, os povos ribeirinhos e originários se mantenham economicamente competitivos diante da sociedade”, afirmou.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Márcio Góes, também destacou o papel estratégico do plano e agradeceu a iniciativa do Governo do Amazonas por ouvir os municípios. “A bioeconomia é uma porta, uma possibilidade real para os nossos empreendedores, agricultores, artesãos e extrativistas. A presença do Governo do Estado ouvindo nossa gente é essencial para construir um plano que realmente represente a realidade do interior”, pontuou.
Humaitá
Humaitá também desempenhou um papel importante no processo de construção do Plano Estadual de Bioeconomia. O gerente da Secretaria de Sedecti, Sylvanio Rodrigues, esteve presente no município para dialogar e ouvir os humaitaenses. A escuta ativa permitiu a coleta de informações sobre as vocações econômicas e os desafios enfrentados pela região.
“Humaitá nos mostrou que é possível aliar tradição, conhecimento local e desenvolvimento sustentável. Ouvir diretamente os representantes de Humaitá nos permite construir um plano de bioeconomia conectado com a realidade do interior e com o potencial único da floresta em pé”, afirmou o gerente da Sedecti.
A escuta foi marcada por reflexões sobre o equilíbrio entre conservação ambiental e desenvolvimento social. A bióloga Fernanda Pavese Rufatto enfatizou a importância da escuta ativa para a formulação de políticas públicas. “Fala-se muito em preservar a sociobiodiversidade, mas é preciso atender às necessidades sociais. O Estado estar aqui, ouvindo a população, é o caminho certo para criar políticas com foco real na nossa realidade”, afirmou.
O representante da Resolve Consultoria, Sérgio Guimarães, trouxe uma visão integrada entre economia, cultura e identidade territorial. “Fortalecer a bioeconomia é garantir que Humaitá tenha uma identidade própria baseada nos produtos da floresta em pé, gerando renda, emprego e sustentabilidade para os povos tradicionais”, comentou.
Documento-base
As contribuições colhidas nos dois municípios serão sistematizadas e farão parte do documento-base do Plano Estadual de Bioeconomia. Outros municípios também têm agendas marcadas para participar do processo de escuta promovido pelo Governo do Amazonas. As próximas escutas públicas ocorrerão em Apuí, Uariní e Jutaí (quarta-feira, 07/05); em Barcelos (quinta-feira, 08/05); e em Guajará (sexta-feira, 09/05).
A etapa de diálogo em Borba e Humaitá foi organizada por meio de uma parceria entre a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Sedecti, com recursos do Instituto Clima e Sociedade (ICs) para o projeto de construção do Plano de Bioeconomia do Amazonas.
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