Ditadura militar: Valer Teatro recebe lançamento de livro que denuncia violência contra indígenas do Alto Rio Negro

Ditadura militar: Valer Teatro recebe lançamento de livro que denuncia violência contra indígenas do Alto Rio Negro

A Obra é resultado do relatório de 1976 de Álvaro Tukano e do escritor amazonense Márcio Souza sobre o genocídio de povos indígenas praticados pelos militares durante a ditadura (Foto: Divulgação)

O livro “Povos Indígenas do Alto Rio Negro e dominação colonial – A resistência na contracorrente de missões, missionários e militares” será lançado neste sábado, dia 10 de maio, no Salão Verde da Valer Teatro, a partir das 9h. A entrada é gratuita. A publicação tem autoria de Edna Castro (PPGDSTU/NAEA/UFPA), Joaquina Barata (UFPA), Valdecir Palhares, Antonio Maria de Souza Santos (Museu Emilio Goeldi);

De acordo com a coordenadora editorial da Valer, professora doutora em Filosofia, Neiza Teixeira, a importância da obra é acrescida num momento em que os povos indígenas do Brasil, especialmente os do Alto Rio Negro, são atores de manchetes de jornais e de documentários na imprensa nacional e internacional, por conta dos maus-tratos e do abandono que vêm sofrendo, visto que ainda são vítimas de descaso, que geram até mesmo etnocídios, apesar da autonomia e da capacidade de compreender os processos, sejam eles culturais ou políticos, aos quais são submetidos.

“O livro acrescenta aos conhecimentos que já consolidamos sobre a ditadura militar no Brasil e traz informações sobre os indígenas do Alto Rio Negro naquele período. É importante como um documento sobre o momento político brasileiro e, também, como ponto de referência para estudos atuais”, ressaltou Neiza.

A obra discute questões importantes sobre as relações que foram estabelecidas com os povos indígenas ao longo de séculos e as marcas das contradições do processo de dominação colonial, incluindo as alianças e os conflitos, as formas de resistência e o convívio com missionários e colonizadores.

“Os indígenas guardam ainda hoje na memória as histórias de violência, de descimentos de suas aldeias, a exploração do trabalho nos povoados, a dizimação de muitos povos e pessoas desde o início do processo de colonização do vale do rio Negro”, explicou Edna Castro.

Para além das referências teóricas, o livro relaciona informações, inclusive fotográficas, obtidas diretamente em campo, com os interlocutores indígenas e não indígenas, a partir de um relatório classificado como secreto e interditado à circulação pela ditadura militar. Até mesmo aos autores foi negado acesso a este documento, que só depois conseguiram para apresentar a situação da região.

Os pesquisadores destacam que o livro é leitura indispensável quando a região amazônica se prepara para realização da COP-30, que será realizada este ano em Belém.

A publicação teve o apoio da Cooperativa de Consumo (Unicon). O livro pode ser adquirido no site da Editora Valer, na Livraria Valer e nas plataformas digitais.

Sobre os autores

Edna Ramos De Castro – socióloga, professora emérita da UFPA, atuando no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos e no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, doutora pela École de Hautes Études en Sciences Sociales, na Fran-ça, e autora de várias obras sobre a Amazônia.

Joaquina Barata Teixeira – assistente social, professora da UFPA, na qual atuou no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, mestre pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – Naea, especialista e autora de obras sobre a Amazônia.

Valdecir Manoel Afonso Palhares – médico, professor do Instituto Federal de Educação do Pará, atuante na Secretaria de Saúde do Amapá, especialista em Saúde Pública, militante cooperativista e autor de várias obras sobre a Amazônia.

Antonio Maria De Souza Santos – antropólogo, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi, mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, possui larga experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia Indígena.

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