Em reunião do G7 sobre clima, Marina Silva cobra financiamento de países ricos

Em reunião do G7 sobre clima, Marina Silva cobra financiamento de países ricos

Veja o discurso da ministra brasileira de Meio Ambiente e Mudança do Clima, proferido durante a reunião de ministros do Clima e da Energia do G7, na Itália:

“Bom dia,

Excelências, colegas ministros e representantes,

É com imensa satisfação que participo desta reunião dos ministros de Clima, Energia e Meio Ambiente do G7. Agradeço ao governo italiano e ao G7 pelo convite.

A ação coordenada entre os países do G7, do G20, da Convenção do Clima e seu Acordo de Paris é fundamental para superar a crise global provocada pela mudança do clima.

Não temos tempo a perder. Precisamos implementar os acordos com os quais nos comprometemos em Dubai.

O G20 é responsável por mais de 80% das emissões de gases de efeito estufa do planeta e concentra mais de 80% dos recursos financeiros. O G7 reúne 10% da população global e corresponde a 25% das emissões do setor de energia.

Este é o tamanho da nossa responsabilidade.

Ambição e meios de implementação são indissociáveis. Precisamos nos comprometer com NDCs ambiciosas e alinhadas com a Missão 1,5°C, além dos  meios de implementação para que se tornem realidade.

No Brasil, estamos enfrentando de forma decisiva nossa maior fonte de emissão: em um ano, reduzimos pela metade o desmatamento na Amazônia, evitando lançar na atmosfera cerca de 250 milhões de toneladas de CO₂ .

No entanto, nossos esforços não servirão de nada se os grandes poluidores do mundo não reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa.

A ciência já comprovou que tanto a Amazônia quanto florestas tropicais de outros países poderão ser destruídas pelos efeitos da mudança do clima.

A responsabilidade das grandes economias, representadas aqui no G7, vai muito além da redução das emissões em seus territórios.

Além de diminuir as próprias emissões, devem ter papel determinante para a descarbonização, mobilizando recursos públicos e privados, nacionais e internacionais que fortaleçam a capacidade  dos países em desenvolvimento.

Esta mobilização global para o combate à mudança do clima, assim como para o combate à pobreza, é uma  prioridade para o presidente Lula e para a presidência do Brasil no G20.

Nas economias avançadas já existem mecanismos de mercado, embora insuficientes, para dar impulso à transição energética.

Entretanto, na maioria dos países em desenvolvimento esses mecanismos ou ainda não foram  estruturados ou são muito precários.

Neste sentido, o G7 pode apoiar o G20, a COP29 e a COP30 de três maneiras:

-Primeiro, viabilizando a nova meta global de financiamento climático coletivo na COP29, em Baku, restabelecendo a confiança no regime multilateral de clima;

– Segundo, fortalecendo os bancos multilaterais com efetivo desembolso de recursos para as áreas de mitigação e adaptação, avançando no processo de reforma da governança global;

– Terceiro, elaborando até a COP30, NDCs alinhadas com a decisão do Consenso dos Emirados de transição para o fim do uso de combustíveis fósseis, assim antecipando a meta de neutralização das emissões para bem antes de 2050.

Estamos em um momento crucial, em que a ciência faz um chamado urgente e inequívoco, que exige ações à altura da emergência global que vivemos.

Devemos liderar pelo exemplo no combate ao maior problema coletivo que a humanidade já enfrentou a mudança do clima.

Muito obrigada.”

Tags: G7, Marina Silva
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