Mais de 40% das mulheres médicas já sofreram assédio moral, revela pesquisa

Foto: Divulgação

Na última década, o número de mulheres médicas quase dobrou no Brasil, chegando a 260 mil. Mesmo com maior representatividade, a carreira dessas profissionais ainda é marcada por uma série de desafios, como assédio, preconceito e menor remuneração. Isso é o que revela o estudo desenvolvido pelo Research Center, núcleo de pesquisa da Afya, hub de educação e soluções para médicos no Brasil.

Os resultados mostram que os pontos considerados mais prejudiciais para o crescimento profissional são, em primeiro lugar com 70% das respostas, a sobrecarga que existe em alinhar a vida profissional com a pessoal. A falta de tempo para cuidar de si, a dificuldade em ser mãe ou pensar em ter filhos alinhado com o dia a dia profissional foram os tópicos que também ficaram entre os pontos mais citados.

O assédio moral, seja por parte de pacientes e seus parentes ou de colegas e superiores no ambiente de trabalho, também é uma realidade para cerca de 40% das médicas que responderam a pesquisa. Em depoimentos anônimos, foram relatados casos que exemplificam a realidade. “Numa roda de médicos sendo eu a única mulher, ao colocar meu ponto de vista, fui ridicularizada e desdenhada por todos eles”, conta uma médica.

A desconfiança no diagnóstico vindo de uma profissional de medicina mulher também ocorre de acordo com 36% das respondentes. “Faço visita como intensivista e sempre perguntam que horas o doutor passa. Fiz ortopedia também, larguei por assédio moral”, relata uma das médicas que respondeu à pesquisa.

Desde a infância, Lilian Meneguzzo nutria o desejo de ajudar as pessoas e, em 2018, ingressou na faculdade de medicina do Centro Universitário de Pato Branco (Unidep). Durante a graduação, ela teve a oportunidade de realizar estágios em diferentes áreas, mas foi na ortopedia que encontrou sua verdadeira paixão.

Em 2023, ela se tornou a primeira mulher residente em ortopedia no Hospital Policlínica Pato Branco. Motivada pelo desejo de contribuir com a comunidade e inspirada por seus chefes, ela encara os desafios da especialidade com entusiasmo e determinação. “Sobre preconceitos sempre tem, mas não dou bola para isso não. O importante que eu estou sendo feliz na especialidade que escolhi”, comenta.

Estudo

O estudo de abrangência nacional foi realizado em fevereiro de 2024, com médicas usuárias das soluções Afya com idades entre 20 e 59 anos. A pesquisa é quantitativa e aplicada por meio de um questionário estruturado, enviado pelos canais digitais da Afya. Com 254 amostras, a maioria das respondentes são médicas especialistas (57%), sendo 32% profissionais generalistas (ainda não iniciaram uma especialização ou estão com pós-graduação em andamento) e 11% em residência. 36% das mulheres que responderam são mães e todas possuem ao menos 3 anos de formação.

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