
Foto: Divulgação
O primeiro álbum de Sumano, intitulado “Nortes”, revela-se um projeto de vida enraizado em reflexões das problemáticas sociais que permeiam a região Norte do Brasil. Previsto para ser lançado em 10 de novembro, o disco é uma coleção de dez faixas, e inclui colaborações de artistas do rap como Victor Xamã, Moraes, Roxy, Nill, Malu Guedelha, Karen Francis, Drin Esc, Nic Dias e Kurt Sutil.
A produção de “Nortes” foi possível graças ao patrocínio da Natura Musical, que apoia ativamente artistas independentes, em conjunto com a Lei de Incentivo Semear e o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Pará.
Ouça aqui: https://onerpm.link/nortes
Abrindo a temporada de “Nortes”, Sumano lançou um vídeo manifesto com imagens de sua comunidade, a Vila Menino Deus, que fica às margens do rio Anapu, no município de Igarapé Miri, no Pará. São as pessoas desse lugar a fonte das reflexões que Sumano traz em sua música.
Como em “Craque”, o primeiro single de seu álbum de estreia. Na música e videoclipe, Sumano nos apresentou um vislumbre das vivências em sua comunidade, que moldaram seu ponto de vista sobre o mundo, através de sua relação com o futebol. Nesse contexto, o rapper apresenta uma história de um jovem nortista mostrando dois lados do viver na periferia amazônica: uma mais agressiva e sobrevivente, e a outra questionando o que é esperado daqueles que vivem em territórios marginalizados como o seu.
Euller Santos, nome de batismo de Sumano, 28 anos, além de rapper é também professor de geografia. Ele compartilha seu conhecimento na própria comunidade, situada no nordeste do Pará, onde ministra aulas para crianças e adolescentes cujas experiências de vida se assemelham muito às suas. A escolha de sua profissão e local de trabalho não é aleatória, mas sim um testemunho de seu compromisso com a comunidade e com a juventude desse território.
A faixa que abre o disco, “Reconectar”, uma colaboração com Victor Xamã, apresenta Sumano cantando sobre as cobranças e o valor de sua raça. Em “Lobos e Leões”, o rapper aborda o foco necessário para não se tornar apenas mais um. “É o Jogo”, uma faixa com um ritmo mais melódico e em parceria com Nill e Malu Guedelha, apresenta versos que exploram o romantismo da vivência periférica. Além disso, a produção da faixa foi realizada por Navi Beats, conhecido por trabalhar com outros artistas da cena nortista, como Nic Dias e Íra
“Meus versos trazem à tona um questionamento importante sobre nós, pessoas negras: por que sempre esperam que a gente seja a revolução ou a revolta? Às vezes, não queremos ser isso; queremos, na verdade, viver, curtir uma tarde de sol no rio ou jogar futebol com nossos amigos sem ter que pensar em revolta”, afirma o rapper. Em “Nossa Cor”, Sumano fala de amor com a cantora também nortista Karen Francis, misturando afrobeat e flow do rap.
Sumano surge no cenário musical nortista como um dos representantes do gênero no interior do território amazônico. Suas referências incluem outros rappers contemporâneos de sua localidade que o inspiraram, bem como outros músicos pelo país. “Sou fã de Victor Xamã, que é talvez uma das nossas maiores referências aqui no Norte, mas não só ele, Nic Dias também; eu inclusive o considero uma das novas gerações dos cabanos revoltados”.
Quando o assunto são suas referências no rap, Sumano lembra que ouvir outros artistas como Emicida e Don L o motivaram a escrever da forma que escreve. “Ter ouvido eles me ajudou a explorar mais o gênero e hoje posso me considerar um rapper tão valioso quanto.”
O projeto do álbum “Nortes” foi selecionado por Natura Musical, no Edital 2020, ao lado de nomes como Festival MANA, Festival Psica, Mestas do Pará, Nação Ogan e Nic Dias. Ao longo de 18 anos, o Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 600 projetos, entre nomes consagrados como Emicida, Russo e Antônio Carlos e Jocafi, Dona Onete e João Donato; artistas em ascensão como Linn da Quebrada, Rico Dalasam; e projetos de registro e fomento de cenas, como Os Tincoãs e Mostra Pankararu de Música.
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