
O amazonense sonhador, Juliano, com o Nobel de Física Amano (esquerda) e de Economia Nordhaus (direita), em Yale
Mal saído das fraldas, o pequeno Juliano Dantas Portela pediu uma caixa de bombons dos pais. No lugar de consumir as guloseimas, ele bateu de porta em porta do condomínio, vendeu tudo e começou a construir uma poupança. Queria ser astronauta e foi à Nasa, aos 14 anos. Depois pensou em ser diplomata e enfileirou idiomas, incluindo um dialeto do Quênia, onde foi ano passado, por uma ONG humanitária. Conheça essa vida de sonhos e realizações, neste 24 de Outubro. Um verdadeiro presente a Manaus, revelando a capacidade enorme desse povo.
Não terminou aí. O sonho seguinte, atual, especializar-se em Ciência da Computação, o levou a aplicar (pedir matrícula) em diversas universidades, nos EUA e na Europa. Foi aprovado em várias, as mais renomadas que você imaginar, mas fixou-se em Yale, situada em New Haven, Connecticut, EUA, com uma bela bolsa de estudos.
Hoje, Juliano, aos 19 anos, manda as duas fotos que ilustram essa coluna, ao lado dos professores William Nordhaus e Hiroshi Amano. O sonhador agora estuda, simplesmente, com dois prêmios Nobel. A história é longa e você vai gostar.
Yale
A Yale University é uma das mais renomadas do planeta. Passaram por ela cinco ex-presidentes norte-americanos, dezenas de líderes mundiais e mais de 60 laureados com o Prêmio Nobel. Tem cerca de 3 mil alunos estrangeiros, de 123 países. São mais de 800 laboratórios e US$ 29 bilhões de patrimônio.
Nobel de Economia
William Nordhaus venceu o Nobel de Economia em 2018 “por integrar as mudanças climáticas na análise macroeconômica de longo prazo”. Ele criticou fatores econômicos do famoso relatório Stern, sobre as mudanças climáticas.
Nobel de Física
Hiroshi Amano venceu o Nobel de Física, ao lado de Isamu Akasaki e Shuji Nakamura, em 2014. Eles inventaram “diodos azuis emissores de luz que permitiram fontes de luz brilhantes e economizadoras de energia”. Foram os inventores do LED azul.
Teclado para indígenas
Juliano Portela participou de um grupo de estudos que criou um teclado com caracteres de mais de 40 dialetos indígenas da Amazônia.
Poliglota
Juliano Portela fala, além do português, inglês, francês, mandarim, fluentemente, e um pouco de italiano, alemão, russo e espanhol.
Quênia
O pequeno gênio manauara foi parar no Quênia, África Subsaariana, em fevereiro do ano passado. Uniu-se a uma Organização Não-Governamental (ONG) humanitária brasileira, ligada à Igreja Adventista, a Maranata BR. Foi ajudar meninas que, para não ter o órgão genital mutilado em ritual cultural, fogem de casa e são acolhidas no abrigo que eles visitaram. Aprendeu o dialeto local e leu longa carta para as meninas, durante a visita, na língua deles.
Repercussão nacional
Juliano concedeu uma entrevista a jornalistas brasileiros, em Yale, que teve repercussão nacional. Disse que estudar nos EUA sai mais barato que no Brasil e citou o exemplo da USP, a mais famosa do País.
O que vem por aí?
Juliano Dantas Portela, 19, filho de Juscelino e Tatiana Portela, sonhou e tornou sonhos realidade. Aluno do Colégio Militar de Manaus (CMM), ele seguiu, rigorosamente, as assessorias Crimson Brasil (desde o 1º ano do Ensino Médio) e o Prep program da Fundação Estudar, esta, de João Paulo Lemmon. Foram mais de 7 mil candidatos para 51 vagas na Estudar e ele foi o único aprovado do Norte. Também no Prep Program, já no 3º ano, teve como mentor, em Manaus, o CEO da Bemol, Denis Minev. Agora, estabelecido em Yale, aluno de algumas das mentes mais laureadas do planeta, o céu é o limite. Aguardemos os próximos capítulos.

Juliano (de preto), com o colega Samuel Benzecry (camisa creme), desenvolveu o Linklado, um teclado com caracteres de dialetos indígenas. Na foto, à esquerda, de verde, Joaquim Melo, da Banca do Largo de São Sebastião (falecido), e, à direita, Denis Minev, da Bemol, e a professora Noemia Kazue Ishikawa, do Inpa, que encomendou o teclado
Sobre o caos na saúde do estado nada né