
Tiroteio em Rio Preto tomou as ruas e obrigou os cidadãos a se trancarem em casa
Traficantes, integrantes de facções criminosas, estão se digladiando, desde segunda (22/05), em Rio Preto da Eva. Quem conhece o Município, cuja sede fica a 80 quilômetros de Manaus, reconhece o aspecto pacato. Quem diria que naquelas poucas ruas, de um local com 35 mil habitantes, grande parte na Zona Rural, explodiria um conflito assim?
Viajando de carro, a partir do Centro de Manaus, o trajeto até Rio Preto da Eva é percorrido em uma hora, apesar da estrada curvilínea e dos buracos. É muito perto. A sociedade não pode mais fazer vistas grossas, porque a “bronca” do tráfico de drogas chegou até o limite.
Afastamento de tensão
Existe em Sociologia um fenômeno chamado “afastamento de tensão”. É o que ocorre quando os mais abastados compram casas em áreas centrais, nobres, avançando aos poucos sobre a periferia. Os mais pobres vão sendo empurrados para longe. A sociedade adora um aforismo do tipo “o que os olhos não veem o coração não sente”.
É assim que órgãos públicos cobram, duramente, licenças de todas as latitudes para grandes obras e esquecem as invasões, que assoreiam cursos d’água e exigem infraestrutura no médio prazo.
É para fazer “o coração não sentir”, que os “gatos” de energia são ignorados, embora formem emaranhados de fios, nas vias principais, impossíveis de não ver.
O tráfico de drogas, alimentado pelo ciclo renovável de dependentes químicos, a maioria na classe média e alta, vai se tornando cada vez mais ousado. Os líderes do crime organizado são conhecidos e, em certos segmentos, até admirados. De Manaus aos Municípios interioranos, todos eles, adeptos das facções vão impondo terror. Mistura-se aí realidade e ficção, com o sujeito que não sabe onde o galo canta dando ordens, dizendo-se lugar-tenente de alguém que nunca viu, verá ou sequer sabe de sua existência. Mas forma-se um estado de coisas que impõe a força e faz dar a impressão de uma organização superior e inabalável.
O crime precisa ser combatido. Rio Preto da Eva, com seu ar pacato, teve que confinar os cidadãos às casas, esta semana, por conta do confronto que ocorre na cidade. Isso é intolerável. Um intolerável cada vez mais perto de todos.
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