O brasileiro Vinícius Jr., o Vini Jr., é o melhor jogador de futebol da atualidade. Conquistou todos os títulos pelo Real Madrid. O garoto, que chegou à Espanha aos 18 anos, amadureceu e esbanja alegria, com um jogo de dribles, assistências e gols, bem do jeito que o mundo gosta. Impossível pará-lo. A não ser apelando para o insulto à dignidade humana, nas manifestações de racismo que têm sido vistas nos estádios espanhóis.
É um absurdo. Inaceitável. Um estádio inteiro, em Valência, neste domingo (21/05), desde o primeiro minuto da partida Valência 1 a 0 Real Madrid, despejando a mais deslavada inveja do enorme talento do brasileiro.
Havia outros negros em campo e no banco, no time do Real Madrid, que poderiam ser alvo do insulto: Alaba, Rüdiger, Camavinga, Rodrygo, Tchouaméni… Mas o alvo tem que ser o melhor, precisa ser Vini Jr.
La Liga faz evidente vistas grossas. A Uefa, entidade maior do futebol na Europa, idem, idem.
O Real Madrid, que demorou a se pronunciar, disse que os ataques ferem a convivência no Estado Democrático de Direito. O presidente da Fifa se solidarizou com Vini. O presidente Lula exigiu providências.
O goleiro Courtois disse que sairia do campo com o atacante, se ele saísse, como foi cogitado. O técnico Ancelotti se recusou a falar de futebol na entrevista, após o jogo, e destacou que “o estádio inteiro se manifestou, desde o primeiro minuto”. Neymar, Mbappé, Flamengo, Fluminense, Atlético-MG também se solidarizaram.
É pouco. Esse estado de absurdo só vai arrefecer quando houver punidos. Vini apontou um dos autores dos gritos na arquibancada. Há câmeras que registraram o momento.
O objetivo claro dos ataques racistas é desestabilizar Vini Jr. Querem vê-lo fora do Real Madrid. Investem no fim do futebol vistoso, aquele mesmo que alivia a alma do trabalhador, após as agruras do dia-à-dia e faz a alegria de quem ama o esporte de verdade.
Quem visita o estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, vê a imponência do clube, que disputou 14 finais de Champions League e venceu 12. Sente o tamanho da responsabilidade de quem veste aquela camisa. E entende a importância que Vini Jr., esse moleque de 23 anos, tem para aquele enorme patrimônio.
Vini está, virtualmente, na foto que é oferecida aos visitantes. O penúltimo “melhor do mundo”, da Fifa, Benzema, é o único oferecido com ele. Os demais, só se o turista pedir. Seu nome aparece nas costas da camisa exposta na famosa loja de souvenirs do estádio e os funcionários dizem que é o uniforme mais vendido.
A indústria multimilionária do futebol adora craques. Vini é o maior de todos, na atualidade, sem os melindres e salto alto que fazem tantos oscilarem.
A Espanha fica a um passo da África, da qual está separada apenas pelo estreito de Gibraltar. Tem uma cultura diversa, miscigenada, impossível de separar por raça ou credo. O Brasil é um país irmão, que envia para lá milhões de turistas.
O racismo é intolerável. Está na base de grandes males vividos pela humanidade, como nazismo e fascismo. Vini, tanto quanto os cinco títulos mundiais do Brasil, é um patrimônio nacional. Mas, não só pelo futebol, por obrigação humanitária, humanística, democrática e legítima indignação, os culpados precisam ser punidos.
Sem punição, em breve, racistas de qualquer latitude deixarão os porões onde se escondem e farão parecido com a resposta daquele marido, um poço de ignorância, após espancar a mulher, diante da delegada: “Quem foi que disse que é proibido bater em mulher?”
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