Festival Amazonas de Ópera: Workshop de perucaria é promovido pelo segundo ano consecutivo

Foto: Divulgação/Márcio James /Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Já estão abertas as inscrições para o workshop de perucaria “Peruca sem Salvação”, que será ministrado pela drag queen e visagista Malonna entre os dias 15 e 18 de maio, das 10h às 14h, na Central Técnica de Produção José Carlos Viana Marques (avenida Santa Isabel, 1297 – Cachoeirinha).

As inscrições podem ser realizadas até as 18h do dia 12 de maio pelo link https://forms.gle/qNYeWLWx7pRVG3cn6. O workshop, gratuito, faz parte da programação do 25º Festival Amazonas de Ópera (FAO), que pelo segundo ano consecutivo promove a possibilidade de formação de mão de obra local na arte da perucaria. Não é necessária experiência prévia.

Durante o workshop, serão abordadas técnicas de manuseio, desembaraço, lavagem e técnicas fundamentais de penteado em perucas sintéticas. Malonna, artista que irá ministrar o workshop, é referência nacional e internacional na arte da perucaria.

Foto: Divulgação/Márcio James /Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Para o secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz, a função formadora do FAO é um de seus aspectos mais importantes. “Ao longo de 25 edições, o festival tem formado tanto artistas locais quanto público de ópera, contribuindo grandemente com a cultura amazonense”, diz.

O 25º Festival Amazonas de Ópera é realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), com patrocínio master do Bradesco e apoio cultural do Grupo Atem, além da aprovação na Lei de Incentivo à Cultura.

Perucas na Ópera

Vários profissionais locais de visagismo e maquiagem iniciaram sua formação em perucaria durante a edição 2022 do festival. Sob a coordenação de Mallona, uma drag queen que se especializou em perucaria artística e hoje é referência na área, esses profissionais locais já estão transformando o novo conhecimento técnico em renda extra.

Somente para a ópera “O Contractador dos Diamantes”, a equipe produziu 58 perucas de época. Mais 12 foram produzidas para a ópera “Anna Bolena” e sete serão utilizadas em “Peter Grimes”. Todas produzidas pela equipe de Malonna, que já inclui vários profissionais locais.

“Ano passado fizemos um workshop de perucaria no festival, com a participação da equipe de visagismo do Teatro Amazonas. Os maquiadores e cabeleireiros do teatro participaram, aprenderam sobre manutenção, manipulação e penteados de perucas. E esse ano estamos aprofundando, estudando os penteados do século XVIII para ‘O Contratactaor dos Diamantes’”, explica Malonna.

Foto: Divulgação/Márcio James /Secretaria de Cultura e Economia Criativa

De acordo com Malonna, as pessoas que participaram do curso, no ano passado, já foram contratadas para o festival deste ano. A artista iniciou na área fazendo figurino visagismo para espetáculos de teatro em 2007 e começou a trabalhar com perucas em 2014.

“Desde 2014, tenho estudado as técnicas de perucaria. Em 2016, abri um curso no meu ateliê em São Paulo e formei vários outros peruqueiros. E, desde 2018, atendo as demandas de perucaria do Festival Amazonas de Ópera”, relata.

Entre 2018 e 2020, Malonna enviava o material pronto de São Paulo mesmo. Pós-pandemia, em 2022, começou a vir para Manaus. E foi então que a formação dos profissionais locais se iniciou. “Vim para Manaus justamente para trabalhar essa formação da equipe local”, conta.

Malonna se diz uma entusiasta da educação. E defende que a arte da perucaria cênica acrescenta qualidade no desempenho dos artistas, poupando tempo de preparação antes dos espetáculos.

“Esse projeto de formação de equipe de maquiadores para uso de perucas, é algo que eu acredito ser muito importante. A gente perde qualidade e desempenho, perde muito tempo nos camarins com artistas que têm que chegar muito mais cedo para preparar cabelo, se arrumar. A peruca otimiza isso. Porque prepara antes e estraga menos o cabelo dos artistas”, defende.

Pioneirismo

Segundo Malonna, não há muitas pessoas dispostas a ensinar a arte da perucaria no Brasil, o que confere uma importância maior ainda à característica formadora do Festival Amazonas de Ópera.

“É difícil ter gente que entende de perucaria e, principalmente, que se disponha a ensinar. Isso cria mais dificuldade. Já eu acredito que quanto mais profissionais entenderem sobre o material, mais demanda esse material vai ter no mercado. A gente também cria uma possibilidade de ganho econômico para os artistas que trabalham com esses objetos”, declara.

Para a artista, além da possibilidade de emancipação dos profissionais em formação, o Teatro Amazonas e sua Central Técnica de Produção (CTP) se beneficiam ao se tornarem referência nacional.

“É a primeira iniciativa no país desse tipo de formação específica. Essas técnicas costumam ser passadas dentro dos camarins, de forma interna nas equipes. A gente não costuma ver oportunidades mais formais de consolidação e conformação desse conhecimento”, afirma.

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