Após ataques a escolas no ES, assassino voltou para casa, guardou as armas e almoçou com os pais

Foto: Reprodução

Na última sexta-feira (25), depois de invadir duas escolas, matar quatro pessoas e ferir outras sete, no município de Aracruz, Espírito Santo, o assassino de 16 anos voltou para casa, guardou as duas armas do crime (uma pistola semiautomática e um revólver), almoçou com os pais e foi com eles para a casa de praia da família. Os detalhes foram divulgados pelo delegado André Jaretta, responsável pela investigação do caso, e titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracruz.

Em depoimento à polícia, o adolescente contou que começou a planejar o ataque em 2019, após sofrer bullying na escola onde estudava. Ele disse ainda que manuseava a arma do pai (um tenente da Polícia Militar) escondido e se preparou para o ataque assistindo vídeos na internet.

“A partir disso, ele começou a ter ideias sobre cometer o atentado e iniciou o planejamento de como executar as ações, mas não revelou para ninguém. Ele guardou os planos para si, alimentando o sentimento de ódio”, conta o delegado. “Sempre que tinha oportunidade de ficar sozinho, ele pegava as armas e manuseava, sem o conhecimento dos pais”.

Mesmo assim, a Polícia Civil investigará se o pai ensinou o filho a manusear armas e atirar. Ele é tenente da Polícia Militar e supervisor de policiamento do município, e ainda atua como psicanalista.

Na manhã da última sexta-feira, o adolescente aproveitou que os pais haviam saído para fazer compras, pegou as duas armas, os carregadores com as munições e um dos carros da família.

Durante o ataque, o assassino utilizava uma roupa camuflada e uma braçadeira com a suástica, símbolo nazista. “Ele não se aprofundou muito no assunto, mas constatamos que ele é simpatizante ao nazismo. Encontramos símbolos nazistas e outros elementos, ainda sigilosos, no aparelho celular apreendido”, afirma o delegado. Na casa da família, foi encontrado o livro “Minha Luta”, autobiografia de Adolf Hitler.

Após matar três professoras e uma aluna, ele voltou para casa e guardou as armas do pai dentro do guarda-roupa, embaixo de algumas roupas e dentro do coldre, local onde o armamento costuma ficar.

Quando os pais chegaram, já sabendo do ocorrido nas escolas, conversaram com o adolescente, mas ele “se fez de desentendido” sobre o assunto, de acordo com o delegado. Os três almoçaram e foram para a casa de praia da família. Horas depois, policiais militares, que reconheceram o carro e a arma do tenente pelas imagens de videomonitoramento, foram até o local.

“Inicialmente, ele negou que tivesse cometido o crime. Mas, depois, diante das informações que já tínhamos, ele acabou confessando”, contou o policial militar Adriano de Farias, que efetuou a apreensão do adolescente.

O pai dele foi afastado dos trabalhos operacionais e a Corregedoria da Polícia Militar instaurou um processo administrativo para apurar em quais circunstâncias o jovem teve acesso às armas. A mãe do atirador também será ouvida pela polícia. O objetivo é entender a relação do adolescente com a família.

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