Usina nuclear ucraniana enfrenta ‘situação alarmante’, diz agência da ONU

Usina nuclear ucraniana enfrenta ‘situação alarmante’, diz agência da ONU

A situação “alarmante” em uma usina nuclear ocupada pela Rússia no sudeste da Ucrânia chegou a um “momento grave”, disse o chefe do órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) na quinta-feira (12), ao pedir uma inspeção imediata do local por especialistas internacionais.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, alertou que partes da usina nuclear de Zaporizhzhia foram destruídas devido a ataques recentes, arriscando um potencial vazamento “inaceitável” de radiação.

“Especialistas da AIEA acreditam que não há ameaça imediata à segurança nuclear”, mas “isso pode mudar a qualquer momento”, afirmou Grossi.

“Qualquer ação militar que coloque em risco a segurança nuclear deve parar imediatamente”, acrescentou. “Essas atividades militares perto de uma instalação nuclear tão grande podem levar a consequências muito sérias”.

A usina de Zaporizhzhia – a maior nuclear da Europa – ocupa um extenso local no rio Dnipro, perto da cidade ocupada pelos russos de Enerhodar. A instalação continua operando com capacidade reduzida desde que as forças russas a capturaram no início de março, com técnicos ucranianos permanecendo no trabalho.

A Rússia e a Ucrânia até agora não estão dispostas a concordar com uma inspeção da usina e se acusam mutuamente de bombardear a instalação – ação que viola “os pilares de segurança e segurança nuclear indispensáveis”, disse a Agência.

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, culpou na quinta-feira a Ucrânia pelo bombardeio e pediu aos apoiadores de Kiev que parem os ataques e evitem um vazamento de radiação desastroso.

Mas o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky culpou Moscou, afirmando que o governo russo coloca toda a Europa em perigo.

“Somente a retirada completa dos russos do território da central nuclear de Zaporizhzhia e a restauração do controle total da Ucrânia sobre a situação em torno da usina garantirão a restauração da segurança nuclear para toda a Europa”, disse Zelensky.

A agência nuclear da Ucrânia, Energoatom, disse que 10 projéteis caíram perto do complexo na quinta-feira, impedindo uma transferência de turno.

“Para a segurança dos trabalhadores nucleares, os ônibus com o pessoal do próximo turno retornaram à Enerhodar”, disse a agência. “Até que a situação finalmente se normalize, os funcionários do turno anterior continuarão trabalhando.”

A Energoatom disse que os níveis de radiação no local permanecem normais, apesar dos novos ataques.

Várias autoridades ocidentais e ucranianas acreditam que a Rússia está usando a gigantesca instalação nuclear como um reduto para proteger suas tropas e montar ataques, porque supõem que Kiev não atacará o local, com o risco de uma crise.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou Moscou de usar a usina para proteger suas forças, enquanto o Ministério da Defesa do Reino Unido disse em uma recente avaliação de segurança que as ações da Rússia no complexo sabotam a segurança de suas operações.

O prefeito ucraniano de Enerhodar, Dmytro Orlov, disse no fim de julho que as forças russas foram observadas usando armamento pesado perto da usina porque “sabem muito bem que as Forças Armadas ucranianas não responderão a esses ataques, pois podem danificar a planta nuclear.”

Os EUA apoiaram os pedidos da Ucrânia por uma zona desmilitarizada ao redor da instalação, enquanto na ONU, Bonnie Jenkins, subsecretária americana para controle de armas e assuntos internacionais, disse que a Rússia é responsável pelos “riscos nucleares” na usina.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres – que anteriormente chamou o bombardeio na usina de “suicida” – disse na quinta-feira em um comunicado que está “gravemente preocupado”.

“Devemos deixar claro que qualquer dano potencial a Zaporizhzhia ou qualquer outra instalação nuclear na Ucrânia, ou em qualquer outro lugar, pode levar a consequências catastróficas não apenas para a vizinhança imediata, mas para a região e além”, disse ele.

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