Caprichoso e Garantido apresentam projetos de arena

Fotos: Peta Cid e Hamilton Bahia

Os projetos de arena que Bois Garantido e Caprichoso vão mostrar na arena do Bumbódromo a partir de hoje, 24, na disputa pelo título de campeão do 55º Festival Folclórico de Parintins foram apresentados em coletivas de imprensa, nesta quinta-feira, 23.

O Garantido realizou coletiva no Kimura Park, organizada pelo núcleo da Direção Geral de Espetáculo (DGE). A diretoria do Caprichoso e o Conselho de Artes receberam os jornalistas na Escola de Artes Irmão Miguel de Pascalle.

O Boi Garantido apresentará em 2022 um manifesto dos povos da floresta por um mundo melhor em forma de espetáculo. Destaca que as identidades, lutas, revoluções e utopias do povo serão os elementos primordiais para retratar um personagem que é coletivo.

Defendendo o tema “Amazônia do Povo Vermelho”, o Boi Garantido levará nas três noites um grito em defesa da Amazônia. “Queremos que o mundo respeite e ajude a proteger a Amazônia”, disse o presidente do bumbá, Antônio Andrade.

Com a decisão de ter em 2022 várias vozes, o Garantido anunciou que terá David Assayag como item Levantador de Toadas na primeira noite, Edilson Santana na segunda e Sebastião Jr. na terceira. A cantora Márcia Siqueira fará apresentações especiais nas três noite. O mesmo acontece com o item boi-bumbá evolução, com o revezamento dos tripas do Boi Garantido. A primeira noite terá a apresentação de Arnaldo Buba, na segunda, José Batista e na terceira Denildo Piçanã.

A primeira noite do Garantido será “Povo vermelho como brasa”, destacando suas matizes indígena e cabocla e que desde a chegada do colonizador à Amazônia de hoje, modos de vida de diversos povos originários são subjugados política, culturalmente ou pela força.
“Lutas, Resistência e Revolução” será o tema da segunda noite do Boi Garantido, quando entra em cena a diáspora negra que se junta aos matizes indígena e caboclo do manifesto artístico pelos povos da floresta.

“Utopia Vermelha” será o subtema da última noite do Garantido fundamentada no pensamento do escritor Paulo Freire, baseado na palavra “esperançar”, de quem espera por um mundo melhor.

Caprichoso

Nas lágrimas do presidente do Conselho de Artes, Erick Nakanome ao falar da construção do tema “Amazônia Nossa Luta em Poesia”, o Boi Caprichoso demonstrou toda a força reunida para superar as ausências dos que partiram na pandemia e finalizar o espetáculo que será apresentado a partir de hoje na arena do Bumbódromo.

Com a toada Vale do Javari, cantada pelo amo Prince do Caprichoso, emocionou os presentes na abertura da coletiva, em homenagem ao indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips, defensores da Amazônia, assassinados no dia 05 de junho.

O presidente, Jender Lobato, anunciou na coletiva, que o bumbá abraça a luta dos povos da floresta com o líder indígena Dário Kopenawa Yanomami, Gilvana Borari, Alessandra, Luciane e Pauline Mundurucu, da Associação de Mulheres Indígenas Suraras do Rio Tapajós, todos impactados pelo garimpo. Chega a Parintins nesta sexta-feira (24/06), para se juntar às lideranças presentes no espetáculo “Amazônia Nossa Luta em Poesia”, a ambientalista Angela Mendes, filha do seringueiro, Chico Mendes.

De acordo com o presidente do Conselho de Artes, Ericky Nakanome, o Caprichoso leva para a arena do Bumbódromo não apenas a poesia, mas a luta verdadeira. “É uma luta real que o Caprichoso conta, canta e encanta. Escolhemos referendar essas importantes pessoas dentro de suas lutas”, reafirmou.

O Caprichoso apresenta na noite A “ Amazônia-Floresta: o grito da vida”, onde a poesia amazônica torna-se manifesto, onde vida e imaginário formam um corpo uno, um corpo-floresta, uma gente-Caprichoso, unidos em defesa do seu território, sua morada, seu lar. É a luta dos seres-floresta.

Na noite B, “Amazônia-Aldeia: o brado do povo” o Caprichoso apresentará as lutas constantes dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia. Resistir é reexistir. Na poesia, o bumbá será levante, manifesto, e festança Multicultural, retratando que resistência também é tradição. E tradição é herança, como as brincadeiras de boi no Brasil, que unificam um país trabalhador e rico em suas manifestações, onde o sorriso vai além de simbolizar o existir. “O nosso riso, é mais que “um ser do folclore”, é um álibi político”, diz a proposta.

Na noite C, “Amazônia-Festeira: o clamor da cura”, o bumbá vai mostrar as raízes identitárias do Boi Caprichoso, mitos fundadores, desde Roque
Cid – o primeiro – passando pelos “donos” do Boi, aqueles que botavam
o brinquedo junino nas ruas de Parintins. Será uma homenagem a arte do
caboclo parintinense, o jeito Caprichoso de existir e de fazer, o saber de
uma gente aguerrida, que transforma sonhos e lutas em poesia.

Boi Caprichoso reafirma o seu desejo pujante de salvaguardar a terra-floresta, suas gentes, humanas e não-humanas e a cultura que, pela genialidade do artista parintinense, floresceu e faz reverberar um canto poético, popular, clamando reconhecimento, igualdade e justiça social para os povos-floresta.

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