
O caso dos búfalos abandonados e desnutridos na fazenda Água Sumida veio à tona após uma denúncia anônima. Foto: Reprodução/Instagram
O fazendeiro Luiz Augusto Pinheiro de Souza nega que tenha abandonado mais de mil búfalos na fazenda Água Sumida, em Brotas, interior de São Paulo. Ele disse que “ama animais” e que o seu erro foi não ter abatido os animais que ficaram idosos. Ainda segundo o fazendeiro, as entidades ambientais que estão cuidando dos búfalos partem de “premissas falsas” ao acusarem-no de abandonar os animais à morte. Os ativistas refutam as alegações.
Luiz foi multado em aproximadamente R$ 4 milhões por crimes ambientais e maus tratos, e responde a um inquérito conduzido pela Polícia Civil de Brotas para apurar se ele cometeu os crimes de maus tratos, poluição ambiental e associação criminosa.
Segundo o fazendeiro, a magreza das búfalas é considerada uma característica do tipo de gado leiteiro que cria. Mas, de acordo com os veterinários voluntários que estão atendendo os animais, o escore das búfalas está entre 1 (muito magras) e 2 (magras), numa escala até 5, o que é baixo para o tipo de criação.
O caso veio à tona após uma denúncia anônima. Os búfalos foram encontrados desnutridos e uma espécie de hospital de campanha foi montado no local. Também havia animais mortos na fazenda.
A ONG Amor e Respeito Animal (ARA) obteve um auto de depósito dos animais, lavrado pelo delegado que cuida do caso. Um segundo pedido de tutela antecipada, deferido pela Primeira Vara da Justiça da Comarca de Brotas, determinou que 50 pessoas podem estar no local e a tutela foi concedida à ONG em urgência.
Luiz Augusto Pinheiro de Souza está proibido de suspender energia elétrica e obstruir ou impedir a utilização da água dos poços.

Foto: Reprodução/Instagram
Entre as multas aplicadas ao fazendeiro, a que diz respeito a poluição ambiental é por conta de uma vala irregular encontrada pela polícia com ao menos 29 carcaças. Luiz afirma que confundiram o local com um “cemitério de animais”.
A advogada Antília da Monteira Reis, que representa a ONG ARA, diz que existem fotos, vídeos, laudos e documentos que comprovam o crime ambiental. “Já foram desenterradas mais de 150 carcaças, e encontramos mais de 300 plaquinhas de identificação de outros animais mortos. Isso vai além do que os veterinários identificam como um índice de fatalidade aceitável e exigida da agropecuária, que é de 3% do rebanho”, afirma a advogada.
Antília lembra ainda que já foram confirmados 27 óbitos de animais desde que a ONG chegou ao local, e outros 22 corpos foram encontrados “no quintal”.
A advogada rebate a afirmação do fazendeiro de que as búfalas eram velhas ou estariam magras por serem leiteiras. Antília diz que grande parte delas possui 3 anos de idade (um búfalo vive até aproximadamente 15 anos) e a magreza delas é extrema, mesmo para uma fêmea lactante.
Outras informações sobre o trabalho da ONG ARA estão disponíveis no https://www.instagram.com/bufalas_de_brotas/.
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