
Foto: Bruno Jorge
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou nesta sexta-feira (5) que realizou uma expedição, no início de março, para monitorar a situação de indígenas isolados Korubo do Rio Coari, no Amazonas, encontrando 34 integrantes do grupo. O principal objetivo da expedição era proteger a integridade física dos indígenas.
A ação contou com a participação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, e teve a cooperação do Exército Brasileiro, da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, através da Polícia Militar, além do acompanhamento do Ministério Público.
O principal objetivo da expedição era proteger a integridade física dos indígenas isolados Korubo do Rio Coari e do povo Matis. Primeiro, promovendo a dissolução de uma tensão entre os dois grupos. Os Korubo isolados do Coari, após o conflito de 2014 com o Matis, voltaram a se deslocar pelas proximidades das aldeias Matis, no Rio Branco, local que habitam desde 2012, trazendo preocupação pela possibilidade de mais um contato conflituoso.
A atividade também atendeu a demanda do grupo Korubo, contatado pelos Matis em 2015, de rever seus familiares que permaneceram isolados sem qualquer sinal de que estavam bem e sob risco iminente. Esse grupo contatado em 2015 vive atualmente com outros Korubo de contato em 1996 e 2014, em quatro aldeias no Rio Ituí, próximo à Base de Proteção da Funai.
A expedição partiu no dia 3 de março da Base de Proteção da Funai, após mais de três anos de discussões, meses de planejamento, diálogo com indígenas na região e articulação com instituições governamentais. Ao todo, a equipe contava com 30 pessoas, entre elas seis indígenas Korubo, quatro Mayoruna, três Marubo e quatro Kanamari. Todos passaram por um período de quarentena, de 3 a 12 de março, antes de iniciarem as atividades mata adentro, a fim de garantir que não fossem transmitidas doenças de fora para qualquer um dos indígenas.
O plano principal consistiu em realizar parte da expedição pela mata, detectando vestígios da presença dos Korubo isolados do Coari. A avaliação das evidências pela equipe, que contava com indígenas e indigenistas com até 30 anos de experiência, permitiria estimar a distância que os indígenas podiam estar da equipe (a partir de uma árvore derrubada recentemente ou de frutos recentemente colhidos, cascas, pegadas, cestos, restos de alimentos, por exemplo).
No final do dia 13 de março, a equipe confirmou que os Korubo não estavam em suas habitações contemporâneas e passou a tentar localizá-los em seus roçados antigos e área de coleta de importantes insumos da floresta.
Encontro
Na manhã do dia 19 de março, a equipe encontrou com dois indígenas isolados que caçavam. “Foi um encontro bastante emocionante, pois logo descobrimos que os dois Korubo que vieram em nossa direção eram irmãos consanguíneos de um Korubo que compunha a expedição. Eles não se viam desde 2015. Foi uma situação de bastante emoção e choro entre eles, que acreditavam que seu parente estava morto”, afirma Bruno Pereira, Coordenador de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) e chefe da expedição.
Iniciou-se um diálogo entre os Korubo contatados e isolados e no dia seguinte chegaram outros 22 indígenas que estavam nas proximidades. Outras duas famílias, compostas por dez indígenas, se aproximaram nos três dias seguintes. Ao todo, foram contabilizados 34 Korubos, entre adultos, jovens e crianças.
Atendimento Médico
A Sesai ofereceu os primeiros atendimentos e vacinou todo grupo, cumprindo o Programa Nacional de Imunização para Indígenas. Assim, a primeira fase da expedição, que se encerra na próxima semana, não registra contaminação dos indígenas ou qualquer complicação de saúde decorrente do contato.
A Expedição de Proteção e Monitoramento da Situação dos Korubo Isolados do Rio Coari acaba na próxima semana, quando a equipe atual de 28 pessoas sai e entra outra equipe de 21 integrantes. O trabalho com esses Korubo agora continua com uma equipe de servidores da Funai, da Sesai e de indígenas.
“A ação indigenista tem de ser perene”, afirmou Bruno Pereira. A proposta é de que a nova equipe substitua a primeira no próximo dia 7 de abril por igual período, isto é, por 45 dias, que inclui a quarentena epidemiológica para evitar a exposição dos indígenas a doenças externas.
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