Programa promove a reabilitação de crianças surdas na rede de ensino em Manaus

Programa de reabilitação de crianças surdas

O trabalho de reabilitação de crianças surdas é desenvolvido por uma equipe multiprofissional. Foto: Marcio James/Semcom

Com 11 anos, a estudante Ellen Cardoso Duarte só descobriu a imensa variedade de sons e até a fala há quatro anos. Ela nasceu com surdez profunda bilateral e é uma das 21 crianças e adolescentes da rede municipal de ensino de Manaus atendidas pelo Programa de Implante Coclear (PIC), que promove a inclusão e reabilitação de crianças surdas.

“Depois que a minha filha começou o processo de reabilitação, o comportamento dela mudou. Era muito tímida e, hoje, é comunicativa, fala com todo mundo. Só tenho a agradecer a toda  equipe do programa”, conta, emocionada, Poliana Cardoso, mãe da Ellen, que está no 5º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal Lucila Freitas, localizada no bairro Colônia Santo Antônio, na zona Leste da capital.

O PIC é uma proposta pioneira entre as escolas públicas no Brasil. E, na semana em que se celebra o Dia Nacional dos Surdos (26 de setembro), a Prefeitura de Manaus também comemora os 5 anos do Programa de Implante Coclear em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), que já beneficiou, aproximadamente, 40 estudantes das redes pública e privada de Manaus.

“É uma marca da nossa gestão: buscar por parcerias público-privadas que proporcionem melhorias ao povo de Manaus. Nos sentimos honrados e felizes em sermos parceiros do PIC e saber que, por meio do programa, estamos possibilitando que jovens possam se desenvolver mais plenamente, conquistando seus espaços nas escolas, no mercado de trabalho e na vida”, destaca o prefeito Arthur Virgílio Neto.

O implante coclear é um aparelho eletrônico de alta tecnologia, colocado cirurgicamente dentro do ouvido de pacientes com surdez profunda e bilateral, ou seja, nos dois ouvidos, que não utilizam próteses auditivas convencionais. O equipamento estimula diretamente o nervo auditivo, por meio de pequenos eletrodos, que levam os sinais até o cérebro. Como a cirurgia ainda não é realizada pela rede pública estadual do Amazonas, as pessoas atendidas em Manaus, geralmente, realizam o procedimento na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, e em Campinas, São Paulo.

Reabilitação

O trabalho é desenvolvido por uma equipe multiprofissional, composta por fonoaudióloga, psicopedagoga e uma psicóloga da Gerência de Educação Especial (GEE) da Semed que, por meio do atendimento ao aluno no período pós-implante, iniciam as terapias de desenvolvimento da fala, prejudicada pela deficiência. O atendimento acontece com hora marcada, de forma individual e também coletiva, na sala 308 do Complexo Municipal de Educação Especial (Cmee) André Vidal, localizado na zona Centro-Sul de Manaus.

Nas terças e quartas-feiras, é atendido um grupo de três crianças acompanhadas pelos pais ou responsáveis, que participam de atividades envolvendo sons e comandos. Nos outros dias da semana, o atendimento acontece de forma individual para crianças recém-implantadas e que necessitam de mais atenção.

“O nosso atendimento não é apenas para as crianças implantadas, os pais também precisam participar da reabilitação. Em casa, é necessário que eles continuem o processo, replicando as atividades que estão relacionadas às habilidades auditivas e também checar o aparelho, para que a criança continue ouvindo”, explica a idealizadora do programa e fonoaudióloga, Mariana Pedrett.

Inclusão

Na Semed, a criança recebe o atendimento pelo PIC até estar totalmente reabilitada, por esse motivo é interessante que a família identifique, o mais rápido possível, a deficiência e receba o implante. É o caso de Euler Vieira Neto, hoje com 15 anos. Segundo a mãe, Keilah Ayres, o menino recebeu o implante aos 4 anos de idade. Na época, Euler era aluno de uma escola particular e, lá, não recebeu o apoio necessário nos primeiros anos de implantado. Foi no PIC que a família recebeu o apoio para evolução do adolescente.

“Meu filho participou do projeto até os 14 anos. No início ele não falava nada e na escola (particular) tinha muita dificuldade, porque os professores não sabiam como lidar com a deficiência. Foi quando eu conheci o PIC que ele começou a se desenvolver. Hoje, é um adolescente com a vida normal, que interage com qualquer pessoa”, afirma Keilah.

A pequena Emanuele de Lima, de 3 anos, é aluna de uma escola particular e passou pela cirurgia em maio deste ano, em um hospital de São Paulo. Ela faz o processo de reabilitação na Semed-Manaus. Segundo a mãe, Renata de Lima, o trabalho que o programa desenvolve com as crianças e a família é muito importante para o acompanhamento e a evolução. “Minha filha começou a ser atendida este ano e o que a gente aprende é de suma importância para que, em casa, a reabilitação continue. Tudo o que eu aprendo faço com ela em casa. Não adianta só fazer o implante é necessário esse acompanhamento para que a criança tenha uma vida normal”, reforça.

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