MP quer empresário e tia de adolescente encontrada em motel de volta à cadeia

Fabian Neves e a tia da adolescente de 13 anos foram colocados em liberdade para usar tornozeleira eletrônica. MP vê preenchimento de todos os requisitos para a prisão preventiva. Foto: Divulgação

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) vai recorrer da decisão que libertou provisoriamente o empresário Fabian Neves dos Santos, 37, que foi preso em flagrante na terça-feira com a menina B.C.D.S., de 13 anos, em um motel.

Na quarta-feira, durante audiência de custódia, ele foi solto, assim como a tia da garota, que agenciava a adolescente. O juiz Celso Souza de Paula, titular do primeiro Tribunal do Júri e plantonista da Vara Criminal do Fórum Ministro Henoch Reis, realizou a audiência.

O MP vai recorrer à Justiça do Estado pedindo a prisão preventiva de ambos os envolvidos, presos em flagrante, segundo o procurador-geral de Justiça, Fábio Monteiro.

Prejuízo

“O entendimento inicial é para pedir decretação da prisão preventiva, porque entendemos que o caso tem todos os requisitos que atendem ao pedido. Em discordância do magistrado plantonista, que concedeu a liberdade com base que nenhum dos envolvidos representava perigo, nosso entendimento é contrário. Questionamos a decisão porque já prejuízo ao fato em si e aos desdobramentos da investigação”, disse o procurador-geral.

Fábio Monteiro diz que o empresário em liberdade tem poder aquisitivo e vários elementos possíveis que permitem ameaça à vítima e constrangimento a testemunhas, se valendo de conexões para coagir e ameaçar. “E a tia, pela relação de pátrio-poder com a adolescente, sendo corrompida e ameaçada, enfraquece o episódio do flagrante, além de eventuais desdobramentos, como eventual participação dele e da tia em agenciamento de outras meninas”.

Conduta grave

Para o procurador-geral, o legislador brasileiro tem o crime de estupro de vulnerável como conduta tão grave, que a violência é presumida. “É preciso punir quem pratica uma conduta absurda dessa”. A pena por estupro de vulnerável pode variar de 8 a 15 anos de reclusão.

O caso

Horas depois de ser apresentado à imprensa pela Polícia Civil, o empresário Fabian Neves dos Santos, 37, que foi preso em flagrante ontem com a menina B.C.D.S., de 13 anos, em um motel, foi solto na audiência de custódia. A tia da garota, que agenciava a adolescente, também responderá ao crime em liberdade.

O empresário e a mulher usarão tornozeleiras eletrônicas e terão de cumprir restrições, respondendo ao processo em liberdade provisória. O juiz homologou o flagrante e embasou sua decisão conforme o que determina o Código de Processo Penal.

“Isso não quer dizer que o processo tenha sido encerrado. Seguindo o que determina o Código Penal, o acusado vai continuar respondendo o processo e para isso precisará seguir algumas restrições como uso de tornozeleira eletrônica, não poderá se ausentar da comarca, precisará manter distância da vítima e o recolhimento domiciliar noturno”, justificou o magistrado.

Sem antecedentes

Ainda segundo o juiz, a liberdade provisória se deu pelo fato do acusado não ter antecedentes criminais, ter emprego fixo e residência em Manaus e do crime não ter sido executado mediante violência real e sim violência presumida por conta da idade da menina.

Mais cedo, a titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), Joyce Coelho, disse que esperava que ambos continuassem presos, mas que agora “é com a Justiça”. A vítima já se encontra em um abrigo e está sendo acompanhada.

A história

Os 13 anos da menina B.C.D.S. foram marcados por muito sofrimento: foi estuprada pelo pai e avô, abandonada pela mãe e prostituída pela tia.

A história da vida da adolescente foi revelada com a prisão do empresário Fabian Neves dos Santos, 37, e da tia da menina que a obrigava a fazer programas sexuais.

Os dois foram apresentados na quarta-feira (8), na Delegacia Especializada em Proteção a Criança e ao Adolescente (Depca). Eles foram presos em flagrante, na tarde de terça-feira (7), no Motel Safari, no bairro Monte das Oliveiras, zona Norte de Manaus, onde a sobrinha da acusada era explorada.

Agenciadora

De acordo com a delegada Joyce Coelho, a tia de 28 anos, que não teve o nome revelado para preservar a identidade da jovem, será investigada por agenciar programas de outras crianças, além da própria sobrinha.

“Acabamos constatando que se tratava de uma rede de prostituição. Envolve outras pessoas, a tia tem outros clientes. A investigação deve seguir em andamento para identificarmos outros”, informou a delegada.

Segundo a delegada, Fabian pagava entre R$ 500 a R$ 1 mil para a tia da jovem, por cada programa. Os abusos começaram em 2018. O empresário e a mulher não quiseram falar sobre o caso com a imprensa.

A delegada ressaltou que as investigações vão prosseguir até identificarmos todos os envolvidos, agenciadoras e clientes.

Histórico de abusos

Segundo Joyce, a menina denunciou que sofria agressões da tia e era obrigada a fazer programas mesmo estando doente. Após a denúncia da jovem, a escola chamou o conselho tutelar e levou a denúncia para a Depca apurar o fato.

“Recebemos uma denúncia anônima que a menina ia encontrar com o empresário e a equipe ficou monitorando e foram ao motel. Todos estavam dentro do quarto”.

Conforme a delegada, a menina já tinha um histórico de abuso na própria família. Ela havia sido estuprada pelo pai e pelo avô na infância. Por isto, ela foi entregue para um tio e a esposa dele estava agenciando a garota. A mãe da menina já tinha perdido a guarda dela, porque teria comportamento inadequado, segundo a delegada.

O caso

O empresário Fabian Neves dos Santos foi  preso em flagrante com uma menina de 13 anos no Motel Safari, no bairro Monte das Oliveira, na zona Norte de Manaus. Equipes da unidade especializada foram até o Safari Motel e flagraram o crime.

Conforme a delegada, a tia da menina costumava entrar no motel no banco de passageiro para que a sobrinha não fosse vista. Ela se mantinha escondida no banheiro durante o programa. A delegada ainda informou que essa não seria a primeira vez que ele fazia isso com a menina.

O homem é dono de uma empresa de vigilância privada em Manaus. Ao realizarem buscas na Hillux, que era o carro do empresário, encontraram R$ 10 mil. A polícia deve investigar se o dinheiro encontrado era para pagar o programa.

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