Cúpula do PCC contratou assassino “Lúcifer” para matar Zé Roberto da Compensa. Morte era para vingar massacre do Compaj

“Lúcifer” seria o executor de Zé Roberto, que está no presídio de segurança máxima. A ordem é vingança pelas mortes dos PCCs no Compaj. Foto: Arquivo

A cúpula interina do Primeiro Comando da Capital (PCC), depois que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi internado no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), contratou um assassino famoso em São Paulo para matar um dos fundadores da facção criminosa Família do Norte (FDN), José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto da Compensa.

A descoberta foi feita a partir de bilhetes interceptados em um presídio do interior paulista que revelam que o PCC tentou em 2017 usar o detento Marcos Paulo da Silva, o “Lúcifer”, da facção Cerol Fininho, para realizar o serviço por vingança. Zé Roberto está detido no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS).

Detalhes

Os detalhes do plano estão na denúncia da Operação Echelon, do Ministério Público de São Paulo, que acusou, há uma semana, 75 pessoas pelo crime de organização criminosa por integrarem a facção.

O alvo da FDN é denunciado como um dos mandantes do massacre do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), onde 56 presos foram assassinados no primeiro dia de 2017. Dos executados, com requintes de crueldade, 26 eram integrantes do PCC.

No inquérito e na denúncia do MP do Amazonas sobre o massacre no Compaj, é claro o objetivo do ataque de exterminar rivais do Primeiro Comando. As facções disputam áreas e o domínio do tráfico de drogas, além do controle da massa carcerária nas prisões da Região Norte. O PCC é mais presente em Roraima.

“Lúcifer” é famoso por arrancar vísceras de suas vítimas. A morte de Zé Roberto da Compensa seria para vingar os mortos no Compaj. Preso há quase 20 anos, Marcos Paulo é um dos acusados de assassinar cinco detentos na Penitenciária 2 de Serra Azul, interior de São Paulo, em 2011. Três das vítimas tiveram as cabeças arrancadas.

Bilhete

“Referente às ideias de tentar usar o Lúcifer para pegar o Zé Roberto FDN, é isso mesmo”, diz um dos bilhetes interceptados por agentes da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na região oeste de São Paulo, onde se encontra parte da cúpula do PCC.

A informação é de que um “salve” (mensagem) seria enviada para chegar até a cela de “Lúcifer”, para que ele ajudasse a “vingar a morte de vários irmãos”.

Operação

A denúncia da Operação Echelon tem 569 páginas e é assinada pelo promotor Lincoln Gakiya. Ela mostra que o PCC tem uma cúpula interina com sete homens, dos quais dois se destacavam: Claudio Barbará da Silva, o “Barbará”, e o sequestrador Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden.

Durante as investigações, o serviço de inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) apreendeu seis grupos de cartas escritas pelos sete detentos. Elas haviam sido jogadas pelos presos no esgoto da P2, mas ficaram paradas em redes montadas pelos agentes.

Depois de serem desinfetadas, foram remontadas e lidas pelos agentes. Por meio delas foi possível montar o organograma da chamada Sintonia Final dos Estados e Outros Países.

Facções rivais

Esse setor ficou responsável por chefiar os 20,4 mil integrantes da facção em outros Estados – o grupo tem cerca de 10 mil membros em São Paulo, os chamados “irmãos”.

Passou também durante 2017 a responder pela cúpula, cuidando da guerra contra facções rivais como o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN), além de planejar atentados contra prédios públicos e agentes do Estado.

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