Sangrenta disputa pelo tráfico no Mutirão, reduto de Tio Patinhas. Veja o balanço de mortes e prisões desde janeiro

Mutirão, reduto de Tio Patinhas

Mutirão, reduto de Tio Patinhas. Os oito presos na tentativa de tomar boca que ele comanda, no Mutirão, nesta quinta (19/04). Foto: Divulgação/ Polícia Civil.

Tio Patinhas, um dos principais braços de Gelson Carnaúba, o Mano G, virou alvo. Clemilson dos Santos Farias, 38, é chefe do tráfico na Zona Norte, a partir do bairro Amazonino Mendes, o Mutirão. Foi no arsenal dele que a polícia apreendeu uma metralhadora Ponto 30 (.30). A arma surpreendeu os policiais porque é chamada de “antimatéria”, tal a capacidade de destruição de veículos e construções. Os tiroteios noturnos tornaram-se comuns na área, originando o rio de sangue que corre no Mutirão.

Duas ocorrências policiais são recentes na área, ambas nesta quinta (19/04):

 

Cabeleireiro do tráfico

O cabelereiro Ikson Anderson Pereira Góes, ligado ao tráfico, conhecido como Tio Ray, foi morto ao atender chamado de amigo. Ele estava nas proximidades de um salão de beleza, na rua Penetração, a principal do bairro.

Tio Ray, que havia sobrevivido a outro atentado, foi atingido na cabeça e nas costas. Ele foi levado agonizante para o pronto-socorro Platão Araújo, onde faleceu.

 

Grupo ia invadir ‘boca’ de Tio Patinhas

Uma ligação da cadeia, feita por presidiário conhecido como Marquinhos, mobilizou grupo para tomar o reduto de Tio Patinhas. Oito adultos e um adolescente, fortemente armados, foram surpreendidos quando se preparavam para o bote na boca. Eles foram presos na rua Bela Vista, no Mutirão, instantes antes de cumprir a ordem.

O local foi cercado, mas o grupo percebeu. Eles estavam num Fiesta prata (NOQ-2470) e um Ford Ka Vermelho (PHL-4328). Os veículos, ambos clonados, foram apreendidos na ação. A polícia também reteve duas pistolas Taurus .40, duas 380mm e uma 9mm que portavam. Havia com o grupo uma espingarda calibre 12, um colete balístico e pequena porção de droga.

“A droga mostra o que todos sabem: esses assassinatos são feitos por drogados, fora de si, sem respeito à vida”, disse um policial.

Foram presos Igor de Sousa Silva, 24, Alexsander da Silva Pimentel, 23, Vinícius Pereira Moreira, 18, Ramon Nunes Rodrigues, 20, Marclin Matheus Moura de Castro, 18, Douglas da Silva Neves, 18, e Marcos Reginaldo Santana da Silva, 19. Foi apreendido LSO, 16.

Um dos integrantes do bando conseguiu fugir. Os presos e o apreendido disseram que o fugitivo foi quem providenciou armas e veículos.

 

Outras mortes e prisões no Mutirão

O rastro de sangue no Mutirão vai longe. Só este ano, outros três envolvidos com o tráfico de drogas foram mortos, em datas diferentes. A polícia efetuou mais 16 prisões, entre os que participam da escalada de violência.

Leandro Costa de Oliveira, 25, o Leandrinho, foi executado na noite de sábado (24/02).

O taxista Adilson José de Castro Brito, 48, foi morto a tiros na segunda (05/03).

Dia 22 de março, Tio Patinhas perdeu um dos mais destacados “soldados”. Trata-se de “Paraíba”, Ramon Wilker Araújo Pinheiro, 18, executado com pelo menos 10 tiros, sempre no Mutirão.

Edmar Pereira da Silva Neto, 21, foi preso na rua Bela Vista, no Mutirão, com armas e munições (20/03).

Cinco foram presos em um salão de beleza (24/02). Outros 10 foram presos durante operação policial (23/02).

 

Entenda Tio Patinhas

Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, é o segundo narcotraficante abaixo de Gelson Carnaúba, o Mano G. Este estaria em disputa com João Branco e Zé Roberto por espaço do grupo criminoso Família do Norte (FDN). Carnaúba teria estreitado na cadeia relacionamento com o líder do Comando Vermelho (CV), Fernandinho Beira-Mar, abrindo um racha na FDN.

O derramamento de sangue se espalha por vários bairros de Manaus e, neste momento, está concentrado no Mutirão.

Zé Roberto, o líder da FDN, também foi atacado por grupo ligado a Mano G. Teria sido o caso do treino entre Jamaica e T5, na Compensa, Zona Oeste, com seis mortos e nove feridos. O filho dele, Luciano (L7), principal entusiasta do T5, perdeu vários comparsas.

Sempre preso com armamento de grosso calibre, Tio Patinhas comandava o tráfico na Zona Norte com mão de ferro. Foi quando começou a disputa interna na FDN. A violência logo atraiu a polícia. E numa operação, a Banzeiro, foi apreendida a metralhadora .30, de uso exclusivo das Forças Armadas. Era ela o principal trunfo do traficante para garantir a segurança dos locais onde pernoitava.

Avaliada em torno de R$ 50 mil ou até R$ 100 mil, dependendo dos complementos, a arma de guerra não tem como alvo pessoas. O poder dela é de destruição de objetos, desde veículos até muros. Também pode ser equipada para abater aviões. Especialistas afirmam que a arma apreendida pode ser .50, de maior poder de destruição.

Mutirão, reduto de Tio Patinhas

Em fotos obtidas pelo Portal Marcos Santos, Tio Patinhas aparece em posando com a metralhadora apreendida.

“Tio Patinhas” está foragido e é considerado o homem forte de Mano G. Ambos teriam migrado da FDN para um novo braço do Comando Vermelho (CV). Foi o CV que, originalmente, deu suporte ao nascimento da FDN.

 

Mutirão, reduto de Tio Patinhas

A metralhadora que pertenceria a Tio Patinhas, perigoso braço-direito de Gelson Carnaúba, o Mano G

 

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2 comentários

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  1. Reinaldo disse:

    Nossa cidade de manaus está a comando do crime organizado não temos,mas paz em nossa cidade o povo viver com medo de sair nas ruas isso nunca vai ter fim….

  2. andrade disse:

    ENQUANTO HOUVER O “FILHO(A) DE PAPAI”CONSUMINDO DROGAS HAVERÁ O TRAFICANTE E O TRÁFICO. Batidas nos bares ” da moda”, nas faculdades em geral, MAS PRINCIPALMENTE QUE SE INICIE UMA CAMPANHA DENTRO DE CASA. Caso contrário esse estado de coisas não terminará tão cedo