Prisão de mulher com armas em Roraima confirma rota de contrabando do PCC via Venezuela para Manaus

Prisão de mulher com armas em Roraima

Prisão de uma mulher com seis armas na rodoviária de Boa Vista reafirma rota para trânsito de armamento entre as fronteiras, com influencia do PCC. Foto: Divulgação

A prisão de uma mulher identificada como Amanda Gouveia, detida na rodoviária de Boa Vista (Roraima), nesta terça-feira (3), confirma que o Estado do Amazonas está na rota de entrada de armas pela fronteira, tanto para passagem de armamento quanto para abastecimento de traficantes e facções criminosas.

Segundo fontes da Polícia Civil e da Polícia Federal, o armamento passa por aqui, podendo chegar pelo rio Negro, Barcelos e Novo Airão, ou pela rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista). As armas apreendidas com Amanda teriam como destino final a cidade de Belém (PA).

Pistolas e revólveres

A mulher estava com três pistolas e três revólveres, além de munições, amarradas no corpo. A polícia chegou até Amanda por meio de denúncia anônima, informando sobre a quantidade de armas transportadas.

Segundo informações da polícia e conforme o perfil numa rede social de Amanda, ela teria ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que tem maior poder em Roraima.

Rota

A rota Venezuela/Roraima/Manaus ainda não se configura como tráfico de armas diretamente para o Amazonas, mas está relacionada ao tráfico de drogas e às facções criminosas, que precisam mostrar força, poder e defender posições.

“Estamos monitorando a entrada de armas, junto com forças de segurança de Roraima e da PF, buscando especialmente cobrir o caminho pela BR-174”, explicou o diretor do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), delegado Guilherme Torres.

Defesa de traficantes

“Essas armas começaram a surgir em cenários para defesa das organizações criminosas e no momento da divisão da Família do Norte. Traficantes passaram a adquirir armas de grosso calibre, usadas para o transporte da droga que vem da fronteira. E algumas acabam sendo adquiridas por traficantes rivais para disputa de territórios”, explica Torres, acrescentando que nem todas ficam na região.

Facção criminosa

O Amazonas é um dos 11 Estados brasileiros onde há conflito intenso com uma das maiores facções criminosas do País, o PCC.

E agora na vizinha Roraima, o PCC intensifica a cooptação de venezuelanos para aumentar o recrutamento de novos integrantes Brasil afora.

Ano passado, o grupo enfrentou no Estado um dos mais violentos massacres em presídios, que terminou na morte de 56 detentos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). A chacina foi ordenada pela rival Família do Norte (FDN), que aqui é associada com o Comando Vermelho (CV).

30 mil

Com a ordem de recrutar até 30 mil novos integrantes até o fim de 2018, o PCC aproveita a crise humanitária da Venezuela para ampliar sua força na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), a maior de Roraima, que tem mais de 1.200 presos.

A cadeia em Roraima é dominada pela facção, ao contrário do que acontece nos presídios de Manaus, onde FDN e CV são maioria.

Facções

As disputas entre as facções se estendem para fora das prisões em pelo menos 17 dos 27 Estados do País, conforme levantamento realizado pelo Ministério Público de São Paulo.

 

Somente no caso de ocorrer um fortalecimento do PCC no vizinho, poderia ter influência no Amazonas. “Hoje não tem poder de influência, segundo nossas informações. Havendo um fortalecimento, pela proximidade, evidentemente acaba que interfere na segurança pública estadual”, disse uma fonte da segurança pública estadual.

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