Mulheres vão às ruas neste 8 de março em Manaus

O ato Paralisação Internacional das Mulheres. Perda de Direitos? Eu não aceito! é organizado por movimentos sociais, fóruns, ativistas, organizações sindicais e coletivos feministas do Amazonas. Foto: Divulgação

Pela igualdade de gênero e contra a violência, mulheres indígenas, brancas, pretas, cisgênero, lésbicas, transexuais e transgênero irão às ruas neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, em defesa dos direitos trabalhistas, à saúde, à segurança e a luta contra as privatizações e retirada dos direitos da previdência, em Manaus. O ato “Paralisação Internacional das Mulheres. Perda de Direitos? Eu não aceito!” começa às 15 horas com a concentração na Praça da Saudade, no Centro da cidade.

A partir das 16h, as manifestantes caminham em marcha até o Largo São Sebastião, onde haverá às 18h o show “Ouvindo nossas vozes!” com as apresentações de grupos de danças: Circular do Espaço Feminista Uri Hi, Maracatu Baque Mulher Manaus, Mara Pacheco, Cia de Dança Uatê e Kirar (Dança conosco); de música com Kamylla Vitória, Catarina; performance da atriz Maria Moraes; poesia com Mulheres In Rima feat Rebeca, Carol Calderaro e Roselayne Castro; além do show de Melany Marinho.

O ato “Paralisação Internacional das Mulheres. Perda de Direitos? Eu não aceito!” é organizado por movimentos sociais, fóruns, ativistas, organizações sindicais e coletivos feministas do Amazonas.

Foi de movimentos assim que as mulheres conquistaram no Brasil o direito ao voto em 1934. Com o período da Ditadura Militar, de 1964 a 1985, as mulheres começaram a se organizar em grupos de discussão sobre a questão da mulher. Em 1978, aconteceu o primeiro Congresso da Mulher Metalúrgica, em São Paulo. Elas intensificam a luta por creches, direitos trabalhistas, salários iguais ao dos homens, serviços de atendimento (educação, saúde e vítimas de violência) e pela divisão do trabalho doméstico. Em 1985, surge a primeira Delegacia da Mulher em São Paulo. Já no Amazonas, a delegacia foi inaugurada em 1987.

Só em 2006 é que o governo federal sancionada a Lei Maria da Penha (Lei 11. 340) para combater à violência doméstica contra a mulher no Brasil. A norma estabeleceu que a violência doméstica –física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral– é crime.

O ato Paralisação Internacional das Mulheres. Perda de Direitos? Eu não aceito! começa às 15 horas com a concentração na Praça da Saudade, no centro da cidade. Foto: Divulgação

Em coletiva realizada nesta semana com as coordenadoras da manifestação na Galeria do Largo, em Manaus, Luzarina Varela da Silva, ex-metalúrgica e uma das fundadoras do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, contou como participou do primeiro ato em que as mulheres da capital amazonense foram às ruas para reivindicar os direitos e lutar contra a violência, em 1985.

“Aqui no Amazonas temos alguns marcos históricos, na categoria dos metalúrgicos, da construção civil, conseguimos conquistar a estabilidade da gestante, que hoje para quem não sabe, não é nada, não é muita coisa, mas na época, na década de 70 e 80, principalmente as operárias do comércio e da indústria, elas entravam na fábrica e quando engravidavam, eram postas para fora. Muitas mães solteiras ficavam desempregadas e grávidas, não tinha essa estabilidade que tem hoje, então foi toda uma luta para que isso entrasse na Constituição do Brasil, que foi promulgado em 1988”, disse Luzarina, que é também do Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas (Musas) e da Pastoral Operária (PO).

Por que paramos no 8 de Março?

O Dia Internacional da Mulher é celebrado no mundo desde 1911, porém como data oficial foi comemorado pela primeira vez em 1975 e apenas em 1977 foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas. Em 2015 a data começou a ter um novo fôlego com as mobilizações em redes sociais e cobrança de políticas públicas contra a violência. Antonia Maria Barroso, diz Espaço Feminista Uri Hi e do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus.

“Por que nós estamos nas ruas, ocupando os espaços? Para responder é preciso fazer um resgate da nossa luta. Nós mulheres estamos nesse enfrentamento no mundo há anos. Mas a partir de 2015 e 2016, na Argentina, o movimento ‘Nem Uma A Menos’ (Ni Una Menos), que aconteceu após as mortes de duas jovens, chamou atenção do mundo todo na marcha contra a violência. No mesmo ano na Polônia milhares de mulheres se vestiram de preto e ocuparam as ruas em repúdio ao retrocesso na legislação da interrupção da gravidez no país. No ano seguinte, 2017, cerca de 30 países, inclusive as mulheres dos Estados Unidos e do Brasil, se juntaram na marcha construindo essa unidade. É por isso que estamos nas ruas”, disse.

#O 8M não é um dia de flores, é dia de luta

No Amazonas, em 2017, mais de 120 mil mulheres denunciaram nas delegacias que foram vítimas de agressões, conformes informações da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) ao Núcleo de Pesquisa e Estudos de Gênero (Neiregam) da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). No estado, é crescente também o número de agressões e mortes contra mulheres lésbicas, transexuais e transgêneros. Em janeiro deste ano, a ativista LGBT e professora de informática Mary Lucia da Silva Ribeiro foi agredida brutalmente por um vizinho. Os socos provocaram traumas na face e na cabeça da professora. Integrante do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, Mary não participará do ato devido aos problemas de saúde que ainda enfrenta, no entanto, seu agressor continua em liberdade.

Joyce Lorane, da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (Assotram) e do Conselho Regional de Serviço Social (Cress) da 15ª. Região Amazonas e Roraima, destaca que o Amazonas foi um dos primeiros estados a reconhecer as mulheres trans, no entanto, a escala da violência contra as mulheres LGBT persiste. “Quero falar da mulher que luta é contra essa forma de agressão machista e opressora. A cada dois minutos uma mulher é agredida, nós ganhamos menos que os homens. Na luta feminista muitos se foram, foram mortas, é triste falar isso.”, disse Joyce.

O Dia Internacional da Mulher é celebrado no mundo desde 1911, porém como data oficial foi comemorado pela primeira vez em 1975 e apenas em 1977 foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas. Foto: Divulgação

Para Michelle Andrews, feminista e ativista do Coletivo Difusão, a mídia e o comércio transformaram o Dia da Mulher num clichê. “Quem tem acesso às mídias acha que o Dia 8 é para presentear a mulher com flores e presentes. A gente tem uma realidade cruel no Amazonas e no Brasil e não pode ficar conformada em morar num país onde a cada 15 segundo tem um relato de violência. Então precisamos garantir a visibilidade dessas pautas enquanto comunicadoras e cidadãs do mundo. Nós estamos utilizando a tag #8M para que as pessoas consigam nos localizar e garantir a visibilidade do movimento. O Dia 8 de Março tem bandeiras, cores e muita luta para fazer essa contra narrativa da homenagem comercial do dia das mulheres”, disse a ativista.

Paralisação Internacional das Mulheres. Perda de Direitos? Eu não aceito!

Quando: 8 de março

Concentração: 15 horas

Local: Praça da Saudade, no centro de Manaus

 

Programação do Largo São Sebastião

Show Ouvindo nossas vozes!

Horário: das 18 horas às 20h

Dança Circular, com Antonia Maria (Espaço Feminista Uri Hi)

Maracatu Baque Mulher Manaus

Mara Pacheco e a Cia de Dança Uatê

Kamylla Vitória (música)

Catarina (música)

Maria Moraes (performance)

Dança Conosco com o Grupo de Dança Kirar

Mulheres In Rima feat Rebeca e Carol Calderaro (música e poesia)

Dança com Roselayne Castro

Melany Marinho (música)

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