Prisão de mentora intelectual do massacre do Compaj e esposa do Zé Roberto da FDN está nas mãos da Justiça

Esposa de Zé Roberto, Luciane Albuquerque, 29, teve a prisão preventiva pedida pela promotoria. Ela é uma das 213 pessoas denunciadas por envolvimento no massacre do Compaj. Foto: Arquivo

Denunciada como mentora intelectual do maior massacre em presídio do Amazonas, entre a trinca de comando da facção criminosa Família do Norte (FDN), junto com Gelson Carnaúba, o “Mano G”, João Pinto Carioca, o “João Branco”, e o marido, José Roberto Fernandes Barbosa, o “Zé Roberto”, a parintinense Luciane Albuquerque de Lima, 29, tem pedido de prisão preventiva solicitado à Justiça.

Ela está no rol das 213 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) pelo homicídio triplamente qualificado, tortura e vilipêndio (desrespeito à cadáveres) de 56 presos durante a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em janeiro deste ano.

O massacre é considerado o maior dentro do sistema prisional do Brasil, desde o de Carandiru, em 1992.

Segredo de Justiça

O pedido está nas mãos do juiz de Direito Anésio Rocha Pinheiro, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, que deve decidir se acata a prisão solicitada pelo promotor Edinaldo Medeiros. O processo corre em segredo de Justiça.

Luciane Albuquerque foi identificada como a emissária principal da ordem para a chacina, entregando a carta com a ordem para a matança com aval do mentor do crime, seu marido, chamado de “capo de tutti capi”, o chefe de todos os chefes da FDN. Ele é um dos fundadores da facção criminosa, hoje preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

PCC

A investigação confirmou que o massacre aconteceu quando a trinca da FDN ordenou a morte de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), rival da facção amazonense. Na denúncia, as penas de acusação de homicídio somam mais de 2,2 mil anos.

De acordo com o MP, a partir de relatos e vídeos de Whatsapp, divulgados pelos próprios acusados, os presos empregaram meios cruéis, como fogo e asfixia, e impossibilitaram a defesa das vítimas, já que elas estavam desarmadas e confinadas em celas.

Uma outra motivação apontada extraoficialmente para a matança seria de ordem pessoal, em razão de um estupro ocorrido contra a esposa de José Roberto, pelo traficante e homicida Márcio Pessoa da Silva, o “Marcinho Matador”, do PCC.

Exibicionismo

O exibicionismo nas redes sociais facilitou a identificação, especialmente dos que cometeram atrocidades durante o verdadeiro extermínio do PCC e de presos vulneráveis, como estupradores.

Além da prisão de Luciane, o MP deve pedir extensão da permanência dos líderes da FDN nos presídios federais, evitando uma convulsão no sistema penitenciário do Estado, que não é estável. Contra 205 dos 213 denunciados já há mandados de prisão expedidos e a maioria está detida.

Olhos humanos

Os detentos rivais foram mortos a tiros, estocadas, facadas e pauladas, muitos sendo degolados, esquartejados e queimados. Houve tortura, barbarie e atrocidades, como decapitações e presos obrigados a comer olhos humanos de outros já executados.

Luciane foi o elo entre “Zé Roberto” e os presos do Compaj, e sua liberdade, segundo a promotoria, pode interferir na ordem pública e na instrução criminal, dando acesso a testemunhas, réus e vítimas.

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