Suframa inicia missão de prospecção no Peru com visita à ZED e Porto de Paita

A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) participou, nessa terça-feira (24), no Peru, de visita técnica à Zona Especial de Desenvolvimento de Paita (ZED Paita) e ao Porto de Paita. A ação integra as atividades da missão logística empresarial que o superintendente da autarquia, Appio Tolentino, lidera durante esta semana, acompanhado de equipe técnica, com o objetivo de ampliar as relações logísticas e comerciais com o Peru no eixo amazônico. Tolentino é o primeiro superintendente da Suframa a percorrer a interoceânica de Paita à Yurimaguas, que se ligará até a cidade de Iquitos e chegará ao Amazonas, via Tabatinga.

O vice ministro de Comércio Exterior do Peru, Edgard Manuel Vasquez Vela, deu as boas-vindas à delegação brasileira, que, além da Suframa, é integrada por empresários da área logística, e afirmou que o Peru passa por um momento muito importante de crescimento econômico. “Temos mais de 14 anos de crescimento contínuo, nossa perspectiva de crescimento para este ano está melhorando e nossa possibilidade de ingresso a novos mercados é muito ampla”, disse, ressaltando que o país possui 19 acordos comerciais que permitem o ingresso em 53 países.

A comitiva brasileira realizou a rota logística da carreteira interoceânica, percorrendo os 955 quilômetros da IIRSA Norte, que liga o porto marítimo de Paita ao porto fluvial de Yurimaguas. Vela afirmou que o governo peruano ainda está trabalhando na rota fluvial a partir de Yurimaguas, que ligará o Peru ao Amazonas, através de Tabatinga. “Esta hidrovia não permite a navegabilidade durante todo o ano. O Peru está trabalhando no desenvolvimento dessa infraestrutura para podermos concretizar um sonho de viabilizar uma conectividade logística multimodal entre o Norte do Brasil e a Amazônia Peruana”, finalizou.

Dando sequência, uma apresentação sobre a ZED Paita foi realizada pelo gerente geral Guillermo Magiollo. O local, que está a 56 quilômetros de Piura, é uma plataforma territorial e logística, economicamente estratégica para a instalação e promoção de investimentos e atividades, tanto privadas quanto públicas, nacionais e internacionais, que se estabelecem para promover e desenvolver o comércio internacional do Peru para todos os países do mundo, com uma área de 940 hectares. ZED Paita funciona como uma zona primária aduaneira e tem acesso direto ao Porto de Paita, ao aeroporto de Piura e à IIRSA Norte.

O superintendente da Suframa, Appio Tolentino, lembrou que a reunião de cúpula realizada em Brasília, em 2000, trouxe à América do Sul uma real possibilidade de integração e valorização a partir da infraestrutura do projeto IIRSA, onde se deu o estabelecimento de uma visão integrada especialmente no eixo amazônico, um dos mais complexos e extensos, em uma região de multimodais de transporte. “O projeto representa um marco visionário para dinamizar o potencial da Amazônia Ocidental brasileira. Entendemos que a integração da infraestrutura na região amazônica é condição ímpar para o aumento do fluxo comercial regional, e principalmente para a melhoria social e econômica daqueles que habitam essa região”, afirmou.

Tolentino destacou que em 2017, até o mês de agosto e apesar da crise, Manaus já movimentou mais de 321 mil TEUs nos dois portos privados, sendo 62% em cabotagem, 35% em longo curso e 1,7% no interior, com um crescimento de 20% em relação a 2016. “São mais de dois milhões de toneladas/ano em importação só para o Amazonas”, disse.

Maior integração

Na ocasião, a coordenadora geral de Estudos Econômicos e Empresariais da Suframa, Ana Souza, fez uma apresentação sobre a situação logística dos portos em Manaus e afirmou que a autarquia tem real interesse na maior integração da Zona Franca de Manaus com o governo peruano, para que se possa melhorar as condições logísticas e aumentar o volume de transações comerciais da ZFM. “O nosso volume, tanto de importações quanto de exportações, é 85% feito pelo canal do Panamá, então essa integração nos ajudaria imensamente na diminuição desse tempo logístico em até 15 dias”, observou.

Ana Souza também explicou que outro ponto de interesse da região com a integração do IIRSA é a exportação de commodities. “Elas representam o maior volume de exportação do mercado brasileiro, em especial a soja e os grãos, e hoje os portos do litoral do Atlântico já se encontram sobrecarregados nesse volume de exportação”, disse.

Por fim, a coordenadora informou que os principais produtos da ZFM vendidos ao Peru são aparelhos de barbear, canetas e motos, mas há um interesse de ampliar essas negociações. “Pedimos imensamente o retorno da conversa com o governo sobre a lista do Acordo de Cooperação 58, que desde 2005 a Suframa vem tentando buscar uma ampliação desta lista ou a descaracterização de terceiro país da ZFM do governo peruano onde entendemos que esse encontro possa ser a retomada de uma maior capilaridade de negociações entre os países”, afirmou. Também integram a equipe da Suframa o coordenador geral de Comércio Exterior, Ivan Zambrano, e a chefe de Gabinete, Maria Auxiliadora Melo.

Na ZED Paita, a comitiva visitou a empresa Stevia One, que produz o concentrado de stevia para a fabricação de adoçantes. A empresa iniciou as atividades em janeiro deste ano e ainda está em processo de construção das instalações, mas, de acordo com o gerente de fábrica, Luís Tamayo, a unidade já sintetizou aproximadamente 4,5 mil toneladas da folha de stevia no período em que está em funcionamento.

Para finalizar a manhã de visitas, a comitiva foi até o Porto de Paita guiada pelo gerente de operações, Yuri Soto. O local é de responsabilidade da Terminales Portuarios Euroandinos, cuja composição societária é metade peruana e metade turca. O Porto movimenta 280 mil TEUs, mas possui capacidade total para 500 mil TEUs, tendo como foco a exportação de alimentos.

Novo encontro

A missão da Suframa continua com a realização da rota IIRSA Norte até Yurimaguas, onde haverá um encontro com empresários brasileiros, peruanos e colombianos na quinta-feira (26), para tratar de logística e possibilidades comerciais.

 

 

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