FMT e Instituto Butantan vão fazer testes da vacina contra a dengue, em Manaus

 

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Até o momento, a dengue tem sido combatida com a eliminação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença. Foto: Divulgação

A Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), vinculada à Secretaria Estadual de Saúde (Susam), e o Instituto Butantan, de São Paulo, anunciam nesta quinta-feira (30) o início, em Manaus, dos testes da vacina contra a dengue, que está sendo desenvolvida pela instituição de pesquisa paulista, com o apoio do Ministério da Saúde. A FMT-HVD é um dos 14 centros de pesquisa escolhidos, no Brasil, para executar esta que é a terceira e última fase dos estudos sobre a vacina, antes que ela possa ser submetida à Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa) para registro.

O anúncio dos testes na capital amazonenses acontecerá, às 10h30, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Arthur Virgílio, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), que será parceira da FMT no estudo, em Manaus. Na ocasião, serão vacinados os primeiros voluntários.

Estarão presentes no evento, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil e o superintendente da Fundação Butantan, Carlos Magalhães. O secretário adjunto de Atenção Especializada da Capital, Wagner Souza, representará o secretário estadual de Saúde, Pedro Elias, que participa em Brasília da assembleia nacional do Conselho de Secretários de Saúde (Conass). Pela FMT, participarão a diretora-presidente Graça Alecrim e o diretor de Ensino e Pesquisa Marcus Lacerda, que coordenará o estudo em Manaus. A Prefeitura estará representada pelo secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão Filho.

Em todo o País, os testes deverão abranger a vacinação e o acompanhamento de 17 mil voluntários, distribuídos em 13 cidades, nas cinco regiões brasileiras. A diretora-presidente da FMT, Graça Alecrim, explica que, em Manaus, o estudo prevê a vacinação de 1,2 mil voluntários, que passarão a ser acompanhados por um período de 5 anos, para verificar a eficácia e a duração da proteção da vacina.  A previsão é que os 1,2 mil voluntários estejam todos vacinados em até um ano.

A vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan é destinada a imunizar contra os quatro sorotipos da dengue (1, 2, 3 e 4). Embora o acompanhamento dos voluntários deva se estender por 5 anos, é possível que os resultados parciais do estudo permitam solicitar o registro do novo imunobiológico na Anvisa antes disto e a vacina possa ser disponibilizada à população pelo Ministério da Saúde em dois ou três anos.

Marcus Lacerda, pesquisador da FMT e da Fiocruz Amazônia, destaca que os voluntários serão escolhidos por sorteio, dentre os pacientes acompanhados pela equipe de Saúde da Família da UBS Arthur Virgílio. “Este critério do sorteio é para evitar que os voluntários sejam, predominantemente, pessoas que já tiveram dengue muitas vezes e que, certamente, teriam maior interesse em participar do estudo. Os sorteados que se propuserem a participar dos testes assinarão termo de livre consentimento, com todas as informações sobre o processo de acompanhamento, riscos e benefícios. É um processo bastante rigoroso, previsto em protocolo aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa das respectivas instituições envolvidas”, disse Lacerda.

De um modo geral, os voluntários devem estar na faixa etária de 2 a 59 anos. Para efeito de estudo, serão organizados em grupos de 2 a 6 anos; 7 a 17 anos; e 18 a 59 anos. Não podem participar grávidas, pessoas que sofrem de doenças crônicas – como o câncer -, que estejam em tratamento com quimioterápicos, altas doses de corticóide ou outras situações de baixa imunidade.

Etapas

Para que uma vacina possa ser disponibilizada, um rigoroso processo precisa ser seguido. Conforme explica o Instituto Butantan, antes de ofertada à população, a vacina é estudada em modelos animais (os chamados estudos pré-clínicos). Em seguida, precisa ser estudada em humanos (estudos clínicos). Na fase I desta etapa, o objetivo é demonstrar que a vacina está apta a ser utilizada em humanos. Em seguida, na fase II, observa-se a capacidade da vacina em estimular o sistema imunológico para a produção de anticorpos. Na fase III – que está em andamento – busca-se a comprovação de que a pessoa vacinada está protegida contra a infecção.

 

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